Aqueles que negociam

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- Vejo que tiveram um dia longo. - ela escutou a voz de seu mordomo enquanto descia as escadas em direção a cozinha. Aquele momento ainda estava quente em sua cabeça, como se ainda pudesse sentir Jimmy em seus braços lutando para se acalmar enquanto ela dava o apoio que ele precisava, ou que pelo menos, ela achava que ele precisava. - Eu escutei o choro dele, o que aconteceu? 

- Um pesadelo. - Eliza puxou uma das cadeiras próximas a ilha da cozinha e se sentou com uma expressão de cansada porém não destruída. - Eu tinha me esquecido completamente desses pesadelos no inicio da infância vampírica. 

- Já faz séculos que não somos crianças, é comum nos esquecermos de algo que não gostamos. - Lewis afirmou enquanto passava o pano enxugando duas mamadeiras já lavadas. 

- Depois que eu saí ontem... 

- Ele terminou o banho e eu levei uma mamadeira para ele. - ele afirmou colocando o objeto de cabeça para baixo para escorrer a agua de dentro. - Como deve imaginar, ele tomou sozinho e desenroscou o bico. - claramente Lewis não estava nem um pouco satisfeito com aquela situação mas era mais por medo do que poderia acontecer a sua senhora caso ela fosse leniente demais com aquela criança. - Ele parece ser alérgico a obedecer algo tão simples...

- A culpa não é só dele, eu tenho certeza que muita coisa aconteceu para ele atirar na própria cabeça. - Eliza suspirou, seus cabelos já estavam mais secos e ela não havia dormido nem um pingo desde que Jimmy havia chegado, estava exausta. - Um garoto tão novo... só Deus sabe o que se passou na cabeça dele. 

- Bem, a vida de humano dele acabou e agora ele precisa começar a lidar com sua vida como vampiro. - Lewis respondeu prontamente abrindo a geladeira e olhando rapidamente para Eliza. - A senhora quer um pouco de O-? 

- Não estou com fome, na verdade. - a vampira rara respondeu encostando seu corpo contra a estrutura de madeira fina da cadeira e levando seus olhos para a janela vendo que a lua já estava iluminando Nova Orleans. 

- A senhora precisa se alimentar, faz quase dois dias que não bebe sangue e isso não é bom. - o mordomo fechou a geladeira tirando de lá uma caixa de leite. 

- Não sabia que tínhamos leite em casa. - Eliza comentou calmamente vendo o vampiro suspirar. 

- É uma das receitas para recém-nascidos que a Palmer me enviou. Se misturar leite com um pouco de sangue e esquentar na temperatura ideal, será como se ele estivesse mamando no peito. - ele explicou. 

Eliza não pode deixar de franzir o cenho para aquilo, é claro que as pílulas para produção de leite que sua mãe havia lhe dado acabaram ficando na sua casa em Washington DC, o que era uma ótima desculpa. Ela não tomaria aquilo para começar a praticamente produzir leite como uma vaca, e Jimmy jamais aceitaria, se ele já estava fazendo uma tempestade por causa das mamadeiras, o peito então seria um verdadeiro apocalipse.  

- Você tem certeza que ele vai querer isso? - ela perguntou com um pouco de diversão, era interessante ver como Lewis estava dando tudo de si para que o inicio da vida daquela criança com eles não fosse um verdadeiro fracasso. 

- Provavelmente não. Mas é bom tentar. - ele afirmou misturando o liquido escarlate e o leite dentro de uma das mamadeiras que ele havia acabado de lavar, e a colocou em banho maria deixando a temperatura mediana do fogão de seis bocas. 

- Você terminou de fazer o curativo na perna dele?

- Sim. E devo dizer também que ele não é uma pessoa muito tolerável quando ser dor. - o mordomo se virou encostando seu corpo em uma das bancadas, mas ainda com suas mãos para trás totalmente apostos. 

Avenida dos Sonhos QuebradosOnde histórias criam vida. Descubra agora