𝗕𝗘𝗔𝗨𝗧𝗜𝗙𝗨𝗟 𝗚𝗜𝗥𝗟

23 - Ave rara.

🖇 | Boa leitura!

C E L I N E

Geralmente eu demoro a achar uma posição minimamente confortável para dormir, mas assim que Vinnie deita atrás de mim e me abraça acariciando a minha barriga de um jeito que mais parece que ele está me protegendo, é fácil pegar no sono. É a melhor noite desde muito tempo e eu rapidamente apago, acordando apenas por causa da movimentação na cama.

— Desculpe, te acordei? — ele pergunta com o rosto acima do meu, bem pertinho, me olhando de um jeito atento.

— Sim, mas tudo bem. — sorrio preguiçosa. — Dormiu bem?

— Muito. — suspira. — Literalmente muito. São onze da manhã.

— A gente foi dormir praticamente às cinco. Não é muita coisa. — rio.

— Para mim é. — ri também.

Ergo minha mão e dedilho o seu rosto, olhando cada detalhe. Vinnie fecha os olhos e respira fundo. A luz forte do sol que atravessa a janela o deixa totalmente nítido para mim, ainda mais lindo do que as tantas imagens que guardei em minha mente e que sempre fico repassando quando ele não está perto.

— Você é tão lindo. — falo o admirando.

Ele abre os olhos e sorri para mim de um jeito carinhoso antes de enfiar o rosto na curva do meu pescoço e beijar a minha pele, transportando arrepios por todas as partes. Vinnie beija de novo, mais forte e mais contínuo e eu dou risada sentindo cócegas. Ele continua, rindo junto comigo a cada gargalhada alta que eu solto. Quando percebe que estou quase sem fôlego, para e volta a me olhar. Seu sorriso chega aos seus olhos, que eu acho ainda mais lindos vistos tão de perto.

— Vinnie... — minha voz sai quase num sussurro.

— Sim, Celine? — usa o mesmo tom de um jeito cômico.

Aproximo-me mais e diminuo ainda mais a minha voz.

— Acho que você é a minha alma gêmea.

Seus olhos se abrem mais, vejo suas pupilas dilatarem e ele se mantém em silêncio no primeiro momento. Fico tensa por ele estar sério, mas relaxo quando o seu sorriso retorna devagar e sereno.

— Na França dizemos l'oiseau rare.

— O que significa?

— Ave rara. Quando encontramos nossa alma gêmea, dizemos que encontramos uma ave rara. — seu polegar acaricia a minha bochecha delicadamente com sua mão sobre o meu rosto. — Sempre achei uma termologia sem sentido, mas agora sei o motivo. Você é mesmo uma raridade.

Nos encaramos daquele jeito intenso que tem se tornado cada vez mais comum e menos desconfortável. Ele se aproxima e nossos narizes se tocam, roçando um no outro de maneira carinhosa. Fecho os meus olhos e inspiro profundamente o seu cheiro. Acho que vai ficar impregnado nos meus lençóis por dias, mas eu não me importo. Vou adorar dormir o sentindo tão perto, mesmo ele não estando aqui.

Sinto seus lábios tocarem suavemente os meus, mas antes que possamos nos beijar, batidas na porta do quarto nos transportam de volta para a realidade. Vinnie solta um murmúrio de descontentamento quase incompreensível e então se afasta, deixando-me com uma estranha sensação de frio em um dia que com certeza deve estar dos mais ensolarados.

— Bonjour, ma belle! — minha avó grita do outro lado. — Você está bem? É quase meio dia!

Ela não sabe que o Vinnie dormiu comigo, se não com certeza não estaria atrapalhando isso, seja lá o que isso seja.