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Era uma noite chuvosa, e Jungsu estava deitado em sua cama, a luz fraca do celular iluminando seu rosto enquanto trocava mensagens com alguém. Apesar de ter amigos, a solidão o acompanhava constantemente. Sentia-se exausto, mesmo sem ter feito nada. O peso invisível de sua mente o fazia buscar refúgio em sua escrita, na música, na dança, ou em conversas aleatórias com estranhos. Ele se sentia mais confortável em sua própria companhia.

As interações sociais não o atraíam. O contato com colegas ou desconhecidos era desgastante, drenando sua energia. Estar sozinho, imerso em seu mundo particular, era o que realmente lhe trazia paz. Nos últimos meses, Jungsu tinha encontrado um ponto de conforto nas conversas com Jooyeon, um garoto com quem trocava mensagens online. Eles moravam na mesma cidade e já haviam se visto algumas vezes, mas nunca conversaram pessoalmente. Jungsu sentia uma mistura de curiosidade e fascínio por Jooyeon, algo que crescia em seu peito dia após dia.

Jungsu idolatrava o mais novo, admirava cada gesto, cada palavra. Estava apaixonado, mesmo sem ter coragem de confessar. Jooyeon, por outro lado, nunca dera sinais claros de reciprocidade, mantendo uma cordialidade que deixava Jungsu em um limbo de incertezas.

Naquela noite, depois de uma longa troca de mensagens, Jungsu colocou o celular de lado e foi assistir a um filme, acompanhado apenas por uma tigela de pipoca e o som da chuva batendo na janela. Aproveitava a solidão de sua casa, tentando ignorar a inquietação que sentia.

Após o filme, voltou ao seu quarto e, ao pegar o celular, decidiu contar a Jooyeon sobre o que tinha assistido. Ao abrir o chat, no entanto, deparou-se com uma mensagem inesperada. Jooyeon havia mencionado casualmente que estava namorando alguém. A notícia atingiu Jungsu como um golpe. Ele tentou parabenizá-lo, digitando uma resposta educada, mas enquanto seus dedos tocavam a tela, as lágrimas começaram a cair. Ele se sentiu idiota por nunca ter revelado seus sentimentos, e mais ainda por ter alimentado aquele amor silencioso.

A partir daquele momento, a comunicação entre eles cessou. Jooyeon seguiu sua vida, e Jungsu ficou preso às lembranças dolorosas daquela última mensagem, que revisitou por dias, semanas. O choro tornou-se seu companheiro, e a dor, constante. Cansado de sofrer, ele tomou a decisão de apagar o contato de Jooyeon. A exclusão não foi simples; sentiu como se estivesse arrancando uma parte de si mesmo. Mas era necessário. Mesmo que o vazio permanecesse, ao menos agora não haveria mais um lembrete constante daquela ferida.

O amor que sentia por Jooyeon foi se transformando lentamente em ódio. A cada menção, a cada lembrança, o sentimento de repulsa era inevitável, aquilo que um dia fora belo agora só lhe causa dor.

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