O Calibre de Uma Maldição

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Notas Iniciais da Autora: 

   Gente o Branch desse cap É TUDO EU VOU CHORAR ((ta eu sei q eu boiolo por todo mas escuta aqui--))
   Se eu soubesse desenhar melhor eu enchia vocês com um monte de arte do design dele EU JURO
   Espero que gostem! Boa leitura, docinhos!!

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       Meus limites estão localizados em lugares estranhos.

       Eu sequer pensei no meu mantra por muitas semanas... Suponho. Perdi a noção do tempo depois de não ver o sol por tão longo período. Rasparam o meu cabelo. Me negaram ter visitas dos meus filhos ou trocar cartas. As noites eram todas congelantes e eu sentia que não acordaria na manhã seguinte. Os ratos me atormentavam ao ponto de ataques de pânico. Era humilhante usar o banheiro com os guardas podendo assistir. As refeições que me concediam eram escassas; não mais escassas que os banhos, no entanto.

       Eram quatro os guardas responsáveis por minha cela; três homens e uma mulher. Dois por vez, alternando em turnos. Eles se divertiram me dando choques com bastões elétricos. Um deles achou engraçado prender o dildo que eu usava quando efui encarcerada no topo das barras da cela; meu "troféu de puta do ano". A mulher era a mais cruel com o bastão; não deixava de me eletrocutar um único turno. Mas o motivo principal da diversão dos homens era oral. Me amaldiçoavam, provocavam, caçoavam e ameaçavam de todas as maneiras.

       Os comentários sobre meu corpo e as promessas de abuso me mantinham acordada à noite, tremendo de pavor. Pânico me consumia sempre que a porta da cela era aberta para banhos ou entrega de refeições; uma das razões para eu ter dificuldade de manter a comida no estômago. Apesar disso, nunca chegaram a perpetuar suas ameaças. Eu devia ter entendido o que aquilo significava. Mas não entendi até o dia que um dos guardas apareceu acompanhado de duas empregadas. Eu vi o sol de novo quando me levaram de volta ao castelo. Me levaram para um banho — não uma ducha digna de meus crimes, um banho com toda pompa. Ninguém falava comigo ou me explicava nada, mas fui banhada, depilada, perfumada e vestida. Cobriram minha cabeça calva com um véu e me guiaram até uma carruagem puxada por renas-prenda. O cocheiro era um moleque da Música Clássica que me olhou de cima a baixo com desprezo.

— Então esse é o presente para o chefe da tribo do Pagode?

       Meu coração, que parecia ter parado há muitas luas, recobrou as funções quando o ouvi dizer aquilo. Enquanto me enfiavam naquela carruagem, a névoa da minha mente se dissipava diante da adrenalina. Aquilo era um novo partir de minha alma. Eu aguentaria todos os castigos que Branch tivesse para mim, céus, eu os merecia, cada um deles. Mas não era suposto ele me dar para outro, se livrar de mim, me esquecer! Era para ele ficar comigo, era para ele ser o torturador de meu inferno pessoal. Eu queria o seu ódio. Porque a indiferença é o verdadeiro oposto do amor. Isso, eu não aguento.

— Lá também houve luz.


***


       Eu não abri os olhos, porque já estavam abertos. Eu simplesmente senti a transição — uma onda de paz e um arrepio — e minha visão lentamente focou. Me apercebi sentada diante uma longa mesa de ébano. Estava posta para o almoço. Além da minha, só havia mais uma cadeira, vazia, no lado oposto da mesa. Mas só o meu lado tinha comida e prataria. Eu peguei a taça de água na minha frente e me recostei na cadeira, tentando me acalmar. Sempre havia acordado na próxima realidade, o que de algum modo tornava separá-las mais fácil.

       Tentei deixar o peso das últimas semanas para trás. Tentei não pensar em cadeias, nem em corpos desmembrados, nem em diminutivos, nem em escamas. Tentei me convencer de que apenas a água era real, e que todo o resto foram pesadelos. A taça estava na vertical quando dei os últimos goles. Inspirei fundo e olhei em volta.

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