Capítulo 6

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Muitas vezes na minha vida eu já me arrependi de coisas que eu fiz, assim como todas as outras pessoas que ainda tem coração, que ainda se importa com o alheio. Mas tem pessoas que não nascerem com um pingo de compaixão, com um pingo de vergonha na cara apenas maldade e frieza e é o que está acontecendo com essas duas pessoas que estão na minha cara. A poucos dias atrás Devon teve a capacidade de ir ao meu apartamento e se declarar para mim, claro que eu não acreditei em uma palavra, se eu tivesse acreditado nele, se eu fosse apaixonada por ele, agora eu estaria destroçada. Mariana por sua vez, em momento algum eu duvidei da sua falta de compaixão e que algum dia ela me pediria desculpa pelo o que fez.

Mariana e Devon nasceram um para o outro, espero que não se matem com o próprio veneno.

Mamãe ficou me encarando, pela sua expressão ela também não sabia do envolvimento dos dois.

Desde quando os dois estão juntos? Se é que eles se separaram depois daquele dia. Tenho a certeza que no aniversário de Meredith ambos os dois estavam disfarçando o relacionamento, até agora.

— Boa tarde, Maria. — Devon me cumprimentou com a cara mais sínica do mundo.

Eu posso nunca ter o amado, mas não aceito essa falta de respeito comigo, não depois daquele dia no meu apartamento. Devon não tem vergonha na cara e escrúpulos, assim como a Mariana. Os dois se merecem mesmo. A minha sorte foi que eu não acreditei em uma palavra desse homem.

Fico no mais absoluto silêncio encarando o homem que está a minha frente sentindo a ânsia na minha garganta.

— Eu vou te acompanhar até a porta filha. — Disse mamãe.

— Obrigada mãe.

Minha mãe caminhou em direção a porta primeiro, e eu tive a infelicidade de ter que passar entre os dois, pois Mariana havia dado dois passos para o lado quando me viu andar os meus primeiros passos. Pessoa ridícula, como esse ser pode ser a minha irmã? Como eu pude amar um mostro desses? Nem mesmo o meu pior inimigo me trairia desta maneira.

— Maria, eu não sabia que eles estavam...— Mamãe desviou o olhar cheio de lágrimas.

— Tá tudo bem mãe. — Dou um leve sorriso tentando ser a mais compreensiva possível. Eu sei que ela não sabia, consigo perceber a verdade nas suas palavras, nas suas lágrimas.

— Ela não aprende.

— Acho que nunca vai aprender.

— Quer que eu te acompanhe até o carro? — Mamãe acariciou o meu rosto.

— Não precisa. Nos vemos em breve mamãe.

— Vou esperar por um almoço na sua casa.

— Pode deixar.

Me despeço da minha mãe com um abraço apertado e sigo para o carro. Ao escutar a porta atrás de mim se fechar, para de andar e respiro profundamente todo o ar que havia perto de mim tentando tranquilizar os meus pensamentos e os meus sentimentos.

O vento batia sobre o meu rosto suavemente. Hoje está um dia tranquilo e silencioso, até parece que alguém muito importante vai falecer, pois é sempre assim, mas até agora não recebi nenhuma notícia ruim, então, é sempre bom aproveitar momentos como esse, essa tranquilidade mesmo estando a pouco menos de cinco passos da casa dos meus pais, onde o meu maior pesadelo aconteceu. Será que de hoje em diante eu terei essa paz na minha vida? Da qual eu sempre tive e nunca consegui aproveitar? Desde aquele dia, eu nunca mais convivi em paz com o mundo, comigo mesma, a sempre um peso sobre os meus ombros, sobre o meu coração só não sei destinguir mais ou menos o que possa ser, mais tenho duas únicas respostas importantes para esse enquete, dor e culpa. Eu sei muito bem o motivo da primeira causa deste peso sobre o meu coração, mas a segunda?

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