CAPÍTULO 50

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Já passa das oito da noite quando chegamos em casa. Depois que a babá deixou Cecília na praia com a gente, fomos todas para a casa da Cinthya, pedimos pizza e ficamos conversando. Desliguei meu celular e não procurei avisar ou falar com Henrique durante o dia inteiro. Imagino que deve estar fervendo de raiva, mas é um problema inteiramente dele.

Coloco Cecília em seu quarto e vou tomar um banho. Quando termino, vejo Henrique deitado na cama assistindo um jogo de futebol americano na televisão. Faço questão de passar de toalha em direção ao closet. Visto uma calcinha e uma blusa de algum pijama aleatório e volto para o banheiro. Penteio meu cabelo e desço as escadas, sentindo o olhar dele sob meu corpo.

Na cozinha, pego a salada de frutas que fiz hoje de manhã, me sirvo e me sento no balcão da cozinha para comer. Ele vai realmente fingir que nada aconteceu?

- Onde você estava? - Ele parou na porta da cozinha. Usando somente uma bermuda preta. Deixando a mostra todas as suas tatuagens.

- Você sabe onde eu estava. Não podemos colocar os pés pra fora de casa que os seguranças já avisam a vocês.

- Tem razão. - Ele veio até mim. - Deixou os caras da praia babando? - Ele deu um beijo no meu pescoço.

- Não seja ridículo... - Falei quase sem voz.

- Odeio quando você vai a praia mostrar o que é meu.

- O que é seu?

- Você. Você é minha, Alice.

Ele segurou meu pescoço e me deu um beijo. Me assusto ao deixar o copo com as frutas cair no chão, mas ele não parou. Henrique deita meu corpo na bancada da cozinha e desce até meus seios. Ele arranca minha blusa e chupa cada um deles, fazendo com que eu sinta cada centímetro do meu corpo se arrepiar. Depois de quase me fazer implorar, ele vira meu corpo bruscamente. Sinto o mármore frio no meu rosto enquanto ele rasga minha calcinha como se fosse um pedaço de pano e entra em mim com toda força que consegue...

...

Como todos os dias, Henrique já não está mais na cama quando eu acordo. Me levanto e vou até o quarto de Cecília, que acorda assim que eu abro a porta. Ela está tão linda... Tem os cabelos em um tom de castanho quase loiro e os olhos verdes como os meus. Parece que foi ontem que ela nasceu, quando éramos só nós duas, quando eu não sabia nem quem eu era e só tínhamos uma a outra. Varias vezes já me peguei pensando como seria se eu não tivesse recuperado a minha memória, como seria se eu ainda fosse a Luiza.

E por falar nesse nome, Bryan continua sendo muito constante e presente nas nossas vidas. Hoje ele é diretor de um hospital na Suíça e está conhecendo uma pessoa. Ele sempre vem ao menos duas vezes ao ano aqui no Brasil e enche a Cecília de presentes. Henrique e ele ainda não morrem de amores um pelo outro, mas pelo menos aprenderam a se aceitar como pai e padrinho da Cecília.

- Mamãe... - Cecília fala assim que me vê de dentro do berço.

- Oi meu amor.

Coloco minha pequena pra tomar café da manhã enquanto pego o celular e disco o número da secretaria de Henrique, Patrícia.

Alice: Bom dia Patrícia, será que você poderia me fazer um favor?

Patrícia: Claro, do que precisa?

Alice: Então, você consegue descobrir o endereço da mãe ou de algum parente próximo do Henrique? E assim que conseguir, organizar nossa ida até lá. Preparar o jatinho, hospedagem, essas coisas.

Patrícia: Certo, pra quando?

Alice: Hoje mesmo se possível.

O sol começa a se por quando o segurança me ajuda a colocar as malas no carro. Coloco Cecília na cadeirinha e depois de alguns minutos no trânsito, entro no estacionamento da Empreendimentos Albuquerque, onde consigo ver Henrique prestes a entrar em seu carro, como a secretária já tinha me informado.

- Uma carona senhor? - Pergunto parando o carro em sua frente.

- Olha só... - Ele sorri. - Vamos a algum lugar?

- É uma surpresa, entra aí.

- Deixa que eu dirijo. - Ele falou sorrindo.

- Não. E entra logo!

Cecília passou o vôo todo dormindo, devem ser três ou quatro da manhã quando nosso jatinho pousa na Inglaterra, onde um motorista já estava nos esperando para seguirmos caminho até o hotel.
Henrique fez algumas perguntas, mas consegui manter o motivo da viagem em segredo. Pude perceber o desconforto quando ele finalmente percebeu que estamos em Londres, e acabo percebendo que nunca viemos aqui juntos, ou então eu já teria reparado nessa reação.

Conversamos um pouco até pegar no sono, e quando acordamos, começa minha missão.
Patrícia não conseguiu achar o endereço da mãe e da tia do Henrique, mas conseguiu o de uma prima dele que fica em um bairro próximo daqui. E a minha missão é, ir até a casa da tal prima sem que ele desconfie. Eu não ia gostar de três pessoas desconhecidas na porta da minha casa dizendo que são meus parentes, e além do mas, eu não sei nem se eles se falam, não sei nada da vida do meu marido além do que ele me conta, e ele me conta bem pouco.

- Você me arrasta até Londres pra ir ao shopping? - Ele fala encostado na porta do banheiro enquanto eu penteio meu cabelo.

- Vai ser rápido amor, e eu não vou só ao shopping, eu vou preparar uma surpresa pra você! Juro que não demoro. - Dou um beijo nele e passo pela porta. - Leva a Cecí pra aproveitar o café da manhã do hotel, eu volto logo.

Me despeço deles e vou ao encontro do motorista, que já está me esperando com o carro em frente ao hotel.

Depois de dez minutos de carro, chegamos até a casa de Raquel Lima, prima do Henrique. Em um bairro simples, o motorista para o carro na frente de uma pequena casa.

Desço do carro e toco a campainha. E depois de alguns minutos uma moça atende. Ela tem a pele branca, os cabelos avermelhados e usa uma roupa de chef de cozinha, ao menos é o que o que parece para mim.

- Olá. - Sorrio gentilmente para ela, que me dá um breve sorriso de volta.

- Posso te ajudar?

- Na verdade, pode. Você é Raquel Lima?

- Sou sim.

- Eu sou Alice. Você é prima do meu marido, Henrique Lima. - Vejo seu semblante mudar e seu sorriso sumir.

- Acho que não posso ajudar você. - Ela tentou voltar para dentro, mas eu seguro sua mão.

- Só me dê um minuto, viajamos do Brasil até aqui. Só quero te fazer algumas perguntas.

- Viajamos? Ele está aqui também?

- Não, Henrique ficou no hotel. - Ela me olha desconfiada.

- Tudo bem, entre.

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