Capítulo 1

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Morte. O cheiro fétido de órgãos expostos e de sangue fresco. O fogo indomável e a fumaça espessa se espalhavam pelas terras e casas, assim como um corcel imparável. Esta é a visão de uma guerra. Não, esta é a visão de um massacre.

Esta memória me é tão vivida, quase que como se fosse ontem. Nunca esquecerei a expressão de minha mãe, seu rosto frio e sem vida, abraçada ao pequeno corpo de Alice, minha irmã mais nova.

Aquele fatídico dia, saíra cedo da vila Wolfhead, exclusivamente para caçar coelhos e esquilos com o intuito de finalmente depois de dias, comer um pouco de carne. Possivelmente por que era a única garota da vila ao qual realizava feitos perigosos, mas decerto os aldeões constantemente me eram afáveis, confeccionando-me um arco a até mesmo um alforje para adicionar os frutos das caçadas.

A vila se situava na região sul, um pouco mais afastada do reino de Avalonia, residíamos longe da capital, mas nossa pequena vila agrícola se sustentava e era muito conhecida pela colheita de alta qualidade e vendas de produtos, sendo sua maior parte vegetais. Seus 3 grandes campos agrícolas empregavam muito de nossos habitantes, ao qual trabalhavam incansavelmente para a prosperidade da vila. Meu pai, Theobald Winter, também não era diferente, atuava especificamente no controle de qualidade e quantidade.

Infelizmente, devido a uma recente inaugurada estrada que levava os mercadores diretamente a outra vila mais próxima da capital, nossas vendas encontravam-se reduzindo a cada dia. Decorriam tempos que apenas comíamos a velha e boa sopa de cenoura com batata. Acreditávamos que isto era apenas uma fase e que novamente um dia, nossa vila floresceria novamente devido a nossa alta qualidade de produtos. Mas isso foi apenas em vão. De uma noite a outra, nossas plantações que demorávamos meio ano para colher, encontravam-se completamente destruídas. Uma praga, uma maldita praga assolou nossas terras. Isso fez com as vendas que quase não existiam, se tornassem nulas.

Sem emprego ou dinheiro para sustentar nossa família, meu pai, partiu para a guerra. Durante muito tempo nosso único meio de comunicação era através de uma carta. Mas em certo momento, Agnes, minha mãe e Ezra, meu irmão mais velho, não me concediam permissão para lê-las. Sempre me perguntava o porquê de não me deixarem lê-las, afinal, eram de meu pai. Em certo momento, apenas a menção dele faria minha mãe desabar em prantos, sendo assim, nunca mais o mencionei. Mais tarde descobrira de meu irmão que nosso pai havia falecido, lutando bravamente como um soldado. Não demorou muito tempo para que meu irmão abandonasse a vila, alegando partir atrás de vingança, ao qual nunca compreendera o motivo.

A partir dessa época, aos 8 anos ouvira pela primeira vez sobre Abissais. Seres demoníacos, que vinham diretamente das profundezas do inferno, devorando reinos e montanhas. Dizem que caçam em grupos, apenas pela sede de sangue, guiando-se pelos pensamentos mais fortes de suas vítimas. A verdade é que pouco se sabe em relação aos abissais, apenas era conhecido que eram extremamente resistentes a ataques físicos, sendo preciso em torno de 20 homens para derrotar um. Além do fato é claro, que foram a tempos banidos para o norte, escondendo-se da superfície e também da humanidade. Pude estuda-los um pouco devido a um dos apóstolos que estava de passagem pela vila.

Apóstolos, seguidores diretos de um dos doze seres celestiais, os Deuses. Conta a lenda que aquele de coração puro, carregando consigo a luz da esperança, se tornaria uma das almas abençoadas ao qual detinham do poder para derrotar os Abissais. Devotam-se somente ao caminho da sabedoria e do conhecimento, tendo uma grande influencia pelo mundo, sendo venerados e adorados. A igreja realizava um grande papel na formação de um apostolo, ela se mantinha ligada a eles, guiando e os ensinando a controlar seus poderes até cumprirem com seu papel, tornando-se grandes salvadores da humanidade. Por outro lado, seus parceiros, Seraphims, eram almas poderosas e inabaláveis que se devotavam ao caminho da guerra. Seus melhores amigos eram a espada e escudo. Seraphims detinham de uma missão extremamente importante, ao qual era exclusivamente de manter seus parceiros, Apóstolos, seguros de qualquer mal. Cada reino produziria seu próprio guerreiro, os treinando e aperfeiçoando-os até o momento em que um Apóstolo escolheria seu Seraphim, os ligando para sempre em uma única união, até a morte de um dos dois. Essa relação passou-se a ser chamada de Celestro.

Sinfonia das lâminas: A Ascensão da GuerreiraOnde histórias criam vida. Descubra agora