Onze

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O final da noite surpreendeu Regina andando pela cozinha, de um lado para o outro. Fizera o telefonema a Daniel e avisara o xerife a respeito.

Naquele instante, Cody e seus auxiliares deveriam estar a caminho do local da emboscada. Isso, é claro, se Daniel houvesse realmente acreditado que ela havia cedido à chantagem.

A dúvida a estava enlouquecendo.

Robin ao contrário, parecia estar confiante. Sentado em uma cadeira, não perdia seus movimentos.

—  Acabará ficando doente se não relaxar — Robin comentou. — Além disso, talvez esteja se preocupando a toa. E possível que eles nem apareçam.

—Só irei ficar bem quando souber que minha filha está bem e segura. Você e Cody deviam ter escolhido um outro lugar. — Ela passou a mão pelos cabelos. O vale que Robin lhe mostrara era muito exposto. Não entendia como o xerife e seus homens poderiam se esconder a fim de surpreender Daniel.

—  Nós escolhemos aquele local justamente para que Daniel baixasse a guarda. E ninguém fará nada até que eles tenham reunido o gado dentro do caminhão. Serão detidos apenas quando chegarem à estrada.

—  Onde estaremos nós quando isso acontecer? — ela indagou, ciente de que Robin faria todo o possível para impedi-la de participar da operação.

—  Cody e eu nos posicionaremos do lado norte da montanha. Quando virmos o bando de Daniel conduzindo o gado, faremos um sinal para os outros policiais. Depois seguiremos o caminhão. Mas não a quero lá, ouviu? Será uma noite longa.

—  Eu também quero ir.

Ele se levantou lentamente.

—  Se alguma coisa sair errada, poderá haver um tiroteio. Não quero que fique no meio a balas Regina.

—  Estarei tão segura quanto você e os outros — protestou. — O que não posso é ficar aqui a noite inteira, imaginando o que pode estar acontecendo.

—  É melhor ficar imaginando coisas sob um teto do que sob a escuridão da noite e correndo perigo.

—  Eu irei.

Robin se levantou e foi até a pia se servir de uma xícara de café.

Regina o enfrentou.

—  Eu também irei, Robin. Se não me levar com você, irei depois, eu não vou ficar aqui esperando.
Embora sua insistência não houvesse convencido Robin, o xerife Cody concordou em levá-la.

Ficaram à espreita durante horas. Por volta da uma, ouviram um ruído distante vindo da estrada.

Regina jogou fora o café que estava tomando e se apressou a guardar a caneca. Cody  e Robin, no entanto, continuaram bebendo como se nada houvesse acontecido. Os nervos dela chegaram a doer a ouvir o veículo sendo freado.

—   Aquilo não me parece um caminhão de transportar cabeças de gado — Robin observou.

—  É claro que não. — O xerife riu. — Daniel não se arriscaria a circular com um pela cidade. Parece um caminhão baú comum, mas por dentro está equipado para comportar os animais. Ao menos até alcançar uma distância segura onde possa transferi-los.

Através dos faróis, eles conseguiram ver um homem saltar da cabine e correr para a parte traseira do veículo. Ficaram deitados no chão, as respirações suspensas, quando os faróis quase os focalizaram.

No instante seguinte, o gado começou a acordar e mugir.

Posicionaram o caminhão de ré, em uma curva. Os breques vibraram. O homem em terra cortou rapidamente a cerca de arame farpado e abriu a porta traseira do caminhão.

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