Capítulo 46 - Calum

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Saio da sala, deixando Mia a falar com os rapazes, alegremente. Sorrio também levemente, porque vê-la assim tão feliz, deixava-me feliz também.

Entro na cozinha, que ainda estava igual desde a última vez que a vi e logo vejo Diogo já a preparar as coisas. Aproximo-me do mesmo.

- Calum. - ele murmura, assim que se apercebe da minha presença.

- Diogo... - repito o seu gesto.

Diogo rapidamente me ignora e continua a arranjar a comida para todos nós.

- Precisas de ajuda? - pergunto, tentando não parecer mal educado.

- Oh, não. - ele olha para mim. - Mas acho que podiamos falar.

- Falar? - Engasgo-mo. O que Diogo queria falar comigo? - Ah... Tudo bem.

- Eu nem sei como dizer isto... - Ele bufa e eu apenas o encaro. - Ok, eu vou ser direto e muito sincero, Calum.

- Diogo, diz de uma vez por todas... - Sinto um nervosismo já pelo meu corpo todo.

- Foste muito burro e espero que um dia reconheças o teu erro e assumas realmente a paternidade do teu filho. - ele olha para mim muito sério.

- Mas... - tento falar. - O filho pode ser teu.

Diogo ri-se.

- Não é. Isso é técnicamente impossível.

- Vocês eram namorados.

- Éramos sim. Mas Mia nunca me amou. Não da forma como te amava a ti.

- Isso não impede nada, Diogo.

Diogo, suspira.

- Tu não estás a perceber. É impossível aquele filho ser meu.

- Tens mesmo a certeza do que estás a dizer? - pergunto.

- Se não tivesse eu não te estava a dizer isso. Eu faria de tudo para saber se era meu ou não. Mas ele não é, Calum. Ela não te mentiu.

- Ela não me mentiu? - digo desesperado. - Aquele filho é mesmo meu?

- É sim, Calum. Ela não te diria que era teu se não o fosse, acredita.

- E-Eu acredito? - digo sem qualquer tipo de reação.

Diogo estava a confirmar-me que Mia não estava grávida dele. Que o filho que Mia carregava era meu. Que eu ía ser mesmo pai. E agora sim, eu me arrependia de tudo. Eu me arrependia da merda de decisão que tomei. Eu era um cobarde. Eu fui um estúpido.

- Calum? - Diogo chama-me. - Apenas... Não desistas dela. Ela passou por muito nestes meses, mas ela ainda te ama.

- Obrigada, Diogo. - falo verdadeiramente.

- De nada. Eu só a quero ver feliz. E sei que as pessoas cometem erros. - Ele diz. - Vá, agora ajuda-me a levar isto tudo lá para dentro.

Pego num dos tabuleiros com o nosso lanche e levo-o juntamente com Diogo para a sala, onde o pouso por cima da pequena mesa de centro.

[...]

Estava já um pouco tarde e eu ainda não conseguira adormecer.
Tudo isto não me saía da cabeça. Eu não me sentia bem comigo mesmo e eu sabia o enorme erro que tinha cometido. Eu queria poder remediar as coisas, mas eu sei que nada poderia ser feito para o passado ser esquecido. Aquela mancha preta iria ficar sempre lá, principalmente para Mia.

Levanto-me da cama e saio do quarto. Eu não conseguia estar naquela cama, sabendo que ela estava neste momento por baixo de mim. Eu não conseguia dormir sabendo que estava na mesma casa que ela. Desco as escadas que davam para a sala da casa da Mia. Que estranho chamar casa da Mia.

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