Avenida dos Sonhos Quebrados

Aquela que orienta

- Senhora, peço mil perdões, minhas filhas deveriam ter ficado mais atentas e assim o seu filho não teria saído sozinho. - disse Lisa-Marie avistando Eliza entrar na loja novamente com um ar de estresse pulsante em seu rosto. 

- Não é culpa de vocês, eu vou conversar com ele em casa. - Eliza respondeu passando a parte de cima da mão por seu rosto, não é como se eles transpirassem, mas poderia haver resquícios de poeira e sujeiras. - Como ele não escolheu nada, você pode embrulhar para mim algumas peças para ele, jeans, calças de moletom azuis e verdes, alguns casacos, camisas, cuecas, esse demais você não precisa se preocupar com a cor. 

- A senhora tem certeza? Ele parecia ser muito intimido do preto. 

- Ele não quis aproveitar a oportunidade de escolher suas próprias roupas então eu escolherei por ele. - determinou a vampira rara vendo uma expressão de satisfação se formar no rosto de Lisa-Marie. - Vocês sabem onde minha casa em Nova Orleans fica, então poderiam embrulhar todas as roupas e envia-las para lá depois? No momento, eu não posso esperar e leva-las. 

- Sim, não se preocupe, senhora, vamos selecionar tudo que a senhora pediu e vamos enviar para seu endereço que ainda temos aqui nos nossos registros. - afirmou a vampira de cabelos morenos. 

- Obrigada, Lewis vai entrar em contato com vocês para acertar o pagamento. - a grisalha disse parecendo inquieta, e no fundo ela estava, ela estava perturbada, sua cabeça estava em um turbilhão de pensamentos e ela precisava retornar para casa o quanto antes. - E peço desculpas por esse imenso inconveniente, eu tentei ser mais branda com ele achando que ele faria bom uso disso, mas eu estava errada. 

- Oh, não, senhora, não precisa se desculpar por absolutamente nada. Crianças são assim mesmo, algumas são mais conformadas com sua nova vida e outras nem tanto, pelo que pude ver, o seu menino ainda esta aprendendo a se adaptar em nosso meio então haverão conflitos as vezes. - Lisa-Marie tentou fazer com que a vampira que era o centro da raça inteira se sentisse um pouco melhor, afinal o filho dela não era a primeira criança a tentar fugir depois de chegar em um clã e com certeza não seria o ultimo, a vendedora até simpatizou com a situação pois ela lembrava exatamente como foram difíceis e desafiadores os primeiros anos de seus filhos com ela. - E sobre a minha proposta anteriormente... pense um pouco e depois me dê um retorno, Jean-Pierre adoraria se tornar seu marido, e nossas familias se uniriam. - ela não podia deixar de tentar fazer um arranjo, ela era a primeira vampira em toda a comunidade a saber que Eliza estava de volta a ativa e agora com uma criança, ela precisaria de um companheiro. 

Assim que a noticia se espalhasse por todos os cantos do mundo, não iriam faltar clãs interessados em negociar seus filhos para aquela que conquistou o sol. Era o ponto mais alto, o nível maior de todas as classes, mesmo que seus filhos não levassem mais seus sobrenomes familiares após o casamento, era um grande negocio. A hierarquia e o sistema de poder dos vampiros era um complexo jogo de xadrez, a força, o poder, o dinheiro e o medo era o que mantinha as grandes familias sempre no topo por séculos e isso incluía os Ansebas. Agora com um novo membro, eles precisariam de um companheiro para Eliza o quanto antes. 

- Pensarei sim, tem minha palavra. - Eliza era extremamente educada, ela não iria dar um não logo agora depois do espetáculo que Jimmy fez no quartel francês, e Lisa-Marie havia sido muito solicita com eles desde que haviam chegado. Mesmo que ela não fosse pensar em nenhum momento sobre se casar novamente, ela deu uma resposta afirmativa para deixar a mulher mais tranquila. 

As duas mulheres se despediram após os últimos acertos das entregas de roupas e a vampira de cabelos brancos seguiu em direção ao carro preto que estava estacionado do outro lado da rua. Mentalmente, ela rezou para que James tivesse obedecido pelo menos daquela vez e estivesse dentro do veículo, seus passos humanos aumentavam sua ansiedade mas ao abrir a porta do lado em que veio para o quarteirão francês e para sua surpresa, Jimmy estava sentado do outro lado no banco do passageiro. Braços cruzados, cara fechada olhando para a janela, bem, pelo menos ele havia realmente obedecido daquela vez.