Loucura

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- A justiça será feita, senhorita Blunk. - diz a enfermeira. - Deixe este trabalho para os policiais, eles saberão o que fazer. - Então ela olha pra mim. - E você, vai ficar em observação por um tempo, teve ferimentos fortes.

As duas saem do quarto e vejo elas conversando pela janela. Deve ser sobre mim, claro que é sobre mim, de quem mais seria? Estou cheia de canos, fios e outros, felizmente logo estarei em casa.

Eles vão descobrir que foi a Julia, tem suas digitais em mim, ela não é inteligente o bastante. A porta abre e as duas entram.

- Senhora... hum... enfermeira. Preciso ir ao banheiro. - eu disse e ela riu.

- Me chame de Molly, eu ajudo você a ir.

- Não se preocupe. - Blunk interrompeu me segurando. - Eu ajudo.

Ela me ajuda a levantar e me leva até o banheiro mais próximo, que no caso é bem longe do que deveria. Entramos na cabine e sinto cheiro de cloro e outros produtos químicos. Começo a urinar muito, pensei que aquilo não iria acabar.

- Que bom que não sabe quem fez isso.

Eu concordo com a cabeça.

- Eu queria saber... porque você fez aquilo? - pergunto quase sem forças.

- Porque você mereceu, não me arrependo do que fiz. Não gosto de te ver chorar, mas odeio quando não me obedece.

- Porque preciso te obedecer?

Ela chega bem perto de mim e eu me arrepio de medo

- Porque eu sou a "líder" desde relacionamento.

- Pela última vez, não estamos em nenhum relacionamento.

- Acho melhor não me contrariar. - ela me beija e chupa minha língua. - Meu amor.

Voltamos ao quarto e me deito de novo naquela cama nada confortável. E Molly coloca os cabos e canos em mim, uma terrível sensação.

Após horas, Julia vai embora. Eu mal falo e durmo, um sono pesado.

Acordo sem coordenação motora, já vou me levantando e indo ao banheiro. Ainda estou fraca, porém melhor que antes. A dor toma conta de mim e minhas pernas desequilibram e vou ao chão como de costume. Um homem me levanta, tem uma aparência velha e simpática.

- Acha que consegue andar sozinha neste estado? - ele ri.

- Pode me levar até a porta do banheiro, lá eu me cuido.

- Sem problemas. - vamos andando e ele me segurando, vamos devagar e mancando. - Você não se lembra de mim? - eu o olho e discordo. - Fui eu que te trouxe aqui, estava em péssimas condições, não entendo como tem pessoas que podem fazer esse tipo de coisa.

- Obrigada por me trazer, não estaria viva. - chegamos ao destino. - Me espere, talvez eu demore um pouco. - eu entro e tento não cair no vaso.

Saio e sou levada de volta ao quarto. Quero sair dali, mas não quero voltar pra casa. Fico atordoada.

Tento imaginar como seria se eu fosse uma pessoa normal e sem preocupações. Tudo seria tão fácil, eu iria trabalhar, ganhar meu dinheiro, namorar, casar, ter filhos, envelhecer ou viajar por todo o mundo em busca de aventura.

Julia entra no quarto e atrapalha meu sonho. Ela está suada e preocupada.

- Tem agentes do FBI aqui. - fala tão baixo que quase não ouço. - E estão achando que foi eu ou aquele velho que te trouxe. Então já sabe o que fazer.

- Julia. Julia. Se acalma. - eu grito. - eu não vou fazer nada.

- Vai sim. Vai colocar a culpa naquele velho tarado.

- Tarado? - digo indignada. - Não vou culpar ele.

- Quer que eu seja presa? Eu conto tudo o que você fez.

- É só eu não contar nada, falo que não vi.

- Mas então a história vai estar inacabada e eles vão investigar até souber quem foi. Para de frescura e confessa que foi ele.

Sinceramente... Não sei o que fazer. Preciso de tempo pra pensar, mas isso vai durar menos de uma hora.

- Então... Você sabe quem te atacou? - um agente do FBI perguntou.

- Foi aquele idoso que me trouxe pra cá, ele me bateu até eu desmaiar e eu acordei aqui e percebi que fui estuprada.

Vi a Julia do outro lado sorrindo com a situação. Só sei que sou a pior pessoa do mundo, depois de Blunk, claro.

Atenção!!!

Desculpe o capítulo curto. Ao invés de publicar só na quarta, vou publicar duas vezes por semana, terça e quinta. Qualquer problema vocês saberão.

Obrigada, não esqueça de votar e comentar.

Julia BlunkOnde histórias criam vida. Descubra agora