Capítulo 6 - Porque Eu Voltei

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5 anos depois.

Apesar da chuva que caia, o jatinho particular desceu dos céus e deslizou pela pista de pouso com tranquilidade. Enquanto a aeronave freava, um carro de luxo preto cruzou pelo aeroporto e parou próximo ao jatinho.

Do carro desceu uma mulher de cabelos curtos e pintados de vermelho, em sua mão esquerda estava uma série de papeis e na outra segurava um guarda-chuva preto. Suas roupas eram tradicionais, de um carmesim profundo e sem bordados.

Depois de alguns minutos, a porta do jatinho finalmente abriu.

Satoru Gojo espreguiçou-se antes de descer as escadas, ele odiava aquelas viagens longas nas quais nem podia se mexer direito. Logo atrás dele, veio Katori, uma mulher de meia idade com o rosto bondoso e olhos gentis. Satoru não entendia muito bem a função dela, mas era algo entre assistente, babá e governanta. Ela lhe entregou um guarda-chuva e juntos, caminharam na direção da mulher.

Satoru abaixou um pouco seus óculos escuros para analisar melhor quem os recebia e se não fosse pelos Seis Olhos jamais reconheceria a mulher a sua frente.

— Minori! — Exclamou surpreso.

Sua prima curvou-se.

— Receio que eu seja Kawachi agora, mestre Gojo.

Satoru fez um aceno de descaso e jogou um braço por cima dos ombros de Minori.

— Que isso, prima, pra quê tanta formalidade.

Ela pareceu momentaneamente confusa.

— Você é o Líder do Clã agora, senhor — disse lentamente, como se estivesse falando com uma criança.

— E daí?

Talvez porque nunca tivesse gostado da velha, mas a morte de Keiko parecia irrelevante para ele naquele momento. Grande parte do Clã havia se casado ou trocado de nome e desaparecido no mundo para evitar a maldição hereditária, ou seja, Satoru não tinha um Clã para comandar de fato, apenas um sobrenome e um título.

Porém, Minori parecia prestes a discordar disso.

— Acho melhor irmos para outro lugar — interviu Katori com delicadeza —, ninguém quer ficar resfriado, não é mesmo?

Minori entendeu a deixa e cedeu.

A viagem foi rápida e quase não houve atualizações. Satoru achou mortalmente entediante.

A mansão do Clã parecia a mesma de sempre para Satoru, porém, agora ele podia ver detalhes que antes não era possível, as marcas nas paredes externas, os rastros de energias deixados pelos antigos moradores e até mesmo a temperatura das paredes. Ele ainda lembrava de como gostava de observar a decoração antiga do interior, mas, conforme analisava depois de anos fora, parecia tudo muito cru, as marcas de abandono e esquecimento marcados nos móveis, as falhas eram muito evidentes para serem ignoradas.

No fim, ver todas as coisas só tornava o mundo muito sem graça.

Os três foram até uma sala de visitas, Satoru e Katori sentaram-se de um lado e Minori de outro. Um funcionário os serviu com chá.

— Mandei prepararem um quarto para o senhor, mestre Gojo — disse Minori, bebericando sua bebida quente.

Satoru olhou de lado para Katori, que assentiu.

— É... Então Minori...

— É Kawachi, senhor.

— Isso, isso, pois é, eu não vou ficar aqui.

Nós Nascemos para MorrerOnde histórias criam vida. Descubra agora