Uma nova luz, um novo dia e um amor verdadeiro.

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Um ano passou como o sopro do vento no topo das árvores da floresta, as feridas foram tratadas, mesmo que nunca mais fossem curadas por completo tinham começado a cicatrizar e essas feridas não estavam mais na pele e sim na alma. Louis voltou a sua rotina na casa da família de Lídia, querido e amado como um deles, brincou com Nari em cuja companhia sempre se sentia feliz, talvez por não ter tido uma infância se encantava com tudo que o menino criava ou inventava, eles correram pelos caminhos seguros do bosque nos dias frios quando o ar que saía de seus lábios evocava nuvens de vapor, brincaram nas montanhas de folhas do outono tentando adivinhar suas cores e na primavera nadaram no riacho tranquilo perto da casa encantados com os peixes atrevidos que os cercavam, estavam sempre protegidos pelos olhos amorosos de Jin que compreendeu com a sabedoria da observação que nunca poderia ter de Louis mais do que o amor de um irmão.

Vez ou outra saíam com a carruagem e seguiam até um antigo mosteiro comprado e adaptado para cuidar dos ômegas resgatados da prisão, e ali Louis encontrou rostos familiares agora muito mais felizes que antes, ajudou do seu modo, com seu sorriso e seu carinho, trabalhou na cozinha ou na enfermaria, aprendeu a contar histórias e vivenciar esse novo começo, era uma luz que iluminava outras vidas que como a sua estiveram por muito tempo na escuridão.

Os ômegas agora tinham um lar e uma família, eram todos irmãos, mais velhos ou mais jovens, unidos pela dor que compartilharam e o amor incrível que os resgatou.

Harry nunca mais apareceu, mas suas ações nunca podiam ser esquecidas.

Lídia queria contratar apenas ômegas para ajuda-la, mas ômegas livres eram raros e por isso acabou cedendo e conseguindo muitos servos do mesmo orfanato de onde Louis veio, uma vez que estavam sob seus cuidados tratou de lhes oferecer um salário, mesmo que perante a lei não pudesse liberta-los não havia mal em trata-los como se assim fossem e já que estavam com ela nunca mais retornariam para o orfanato ou qualquer outro lugar. Sendo bem tratados se tornaram incrivelmente bons no serviço, pois entendiam os outros como ninguém mais poderia e também acabaram fazendo do abrigo seu lar.

Diante dos cuidados e com ajuda suficiente o abrigo de ômegas prosperou, todos prosperam.

A doutora cuidava de todos, mas sempre mantinha um carinho especial por Louis, seu primeiro paciente resgatado da prisão e seu filho de coração.

-Louis? Venha querido, precisamos ver como você está, já deveria ter entrado em seu ciclo de cio.

O jovem sorriu.

-Talvez eu nunca mais entre, isso não seria ótimo?

A alfa sorriu e lhe fez um carinho nos cabelos macios, agora mais longos e sedosos que antes.

-Isso faz parte da natureza, significa que tudo está bem em seu corpo, não entrar no cio pode ser preocupante.

O ômega a seguiu, eles estavam em casa e por isso foram para o laboratório da doutora.

-Ouvi dizer que um ômega saiu do abrigo, foi levado por um fazendeiro local e eles vão se casar, é verdade?

A mulher começou a ouvir o coração do ômega enquanto prestava atenção em sua pergunta.

-Hum, verdade, esse alfa veio algumas vezes entregar legumes e acabou conhecendo Ruan, os dois se apaixonaram e não demorou para surgir o pedido, para isso eu precisei passar o certificado de servo para o fazendeiro mas não antes de conversar bastante com ele e saber sua real intenção. Só o fiz porque ele me garantiu que quer se casar e dar ao nosso menino um lar feliz e claro que Ruan pode voltar para nos ver sempre que quiser.

Louis ponderou.

-Mas nem todos precisam se casar para serem felizes não é?

-Realmente não, todos os certificados foram passados para mim e eles estão seguros agora, o mosteiro virou mais que um abrigo é a casa deles agora, temos uma linda horta e já começamos a plantar trigo, cada um deles pode viver feliz ali a vida toda, mas se desejarem se casar ou ir embora com algum parente eu vou libera-los.

O orfãoOnde histórias criam vida. Descubra agora