IX: Música proibida

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POV Jungkook:

É como se um turbilhão de emoções me consumisse, tornando impossível colocá-las em palavras. Meu coração bate descompassado no peito, implorando por um refúgio na quietude do chão. Mas meus pés permanecem firmes, fincados no solo. Aperto meu peito com a mão livre, buscando conter a tempestade interna, enquanto a outra toca o rosto de Jimin, involuntariamente.

Apoiado no parapeito, observo Jimin. Seus olhos acastanhados estão fechados, seu rosto a poucos centímetros do meu. Seus lábios carnudos, com um suave aroma de pêssego, me convidam a uma exploração sensorial. Minha mente vaga, imaginando a textura macia ou áspera, a sensação de um contato prolongado ou fugaz. Até mesmo a cicatriz abaixo de seus olhos se torna um elemento atraente nessa confusão de desejos.

Ele abre os olhos ao perceber minha quietude. Trocamos olhares intensos, e posso ler em seus olhos a pergunta não formulada: "O que está acontecendo?" ou "Por que não se move?". Mas as respostas se perdem no emaranhado de sentimentos que nos consome. É como se as palavras se esvaíssem diante da iminência do que está por vir. Ambos sabemos o que um beijo selaria entre nós: um sentimento que não poderá seguir adiante. Serão dias inteiros na arena, consumidos por um sentimento de único de sobrevivência que nos aprisiona e nos impede de alcançar a liberdade.

Afasto minha mão de seu rosto, assim como também meu rosto.

A decepção estampada no rosto de Jimin me atinge em cheio. Uma dor aguda invade meu estômago, meu peito se contrai e meu corpo treme descontroladamente. Uma enxurrada de palavras luta para escapar da minha garganta, explicar que nosso futuro é incerto, que um final feliz é uma ilusão. Que a arena, assassina e cruel, pode nos levar a qualquer lugar, menos a um beijo. Mas Jimin, sem me dar a chance de falar, abaixa a cabeça novamente, também afastando seu rosto do meu. Seus olhos se perdem em um exame minucioso dos carros que passam, das pessoas que caminham apressadas, da noite que passa ao nosso redor. Um silêncio pesado nos envolve, carregado de frustração, medo e desejos reprimidos.

Jimin mantém a expressão carregada de decepção, seus cabelos negros dançando ao ritmo do vento. Seu moletom preto reluz sob o luar, intensificando a aura de mistério que o envolve. Meus pensamentos se voltam para o passado, imaginando quantas pessoas ele deve ter conquistado em seu distrito com sua personalidade gentil e insistente. Como ninguém antes conseguiu resistir aos seus lábios convidativos, assim como eu também não consigo. E, no entanto, estou deixando essa oportunidade escapar. Não que eu tenha outra escolha, mas a dor de ver essa chance se esvair é avassaladora.

O silêncio entre nós se torna ensurdecedor, quebrado apenas pelo burburinho distante dos cidadãos da Capital. Anseio por penetrar em seus pensamentos, por fazê-lo entrar em meu mundo e compreender minhas angústias, mas me encontro paralisado pela intensidade do momento. Um ruído vindo do meu apartamento nos tira do transe, e Jimin se espreguiça, piscando os olhos pesadamente. Ainda hipnotizado por cada detalhe de seu rosto - o queixo levemente oval, as sobrancelhas finas e a pele bonita, exceto pela cicatriz abaixo do olho, que também é bonita - ouço-o murmurar baixinho:

- Preciso ir agora.

Assentindo com a cabeça, acompanho seu aceno de despedida. Ele vira as costas e se afasta, e em um ato impulsionado pelo desespero de não deixar as coisas como estão, grito:

- Amanhã você me ensina a usar o arco de novo? Eu perdi a forma.

Jimin interrompe seus passos e se volta em minha direção. Meus olhos são imediatamente atraídos para a argola dourada em sua orelha, balançando levemente com o movimento. É impressionante como ele reúne em si todas as características típicas do Distrito 2: roupas em perfeito estado, rosto esculpido e um corpo atlético. Um sorriso enigmático surge em seus lábios, me deixando ainda mais curioso sobre seus pensamentos e intenções.

Jogos Vorazes: O Sino [JIKOOK]Onde histórias criam vida. Descubra agora