Deluca's Anatomy - Parte 1

80 - Longe de casa

Chegou a véspera da partida de Andrew para o Haiti. Apesar de todas as garantias de Andrew, Meredith ainda estava preocupada. Ela mal tinha se acostumado a ter que pegar um avião para vê-lo, e, entre a Suíça, o covid e o Haiti, na verdade, o único tempo que eles passaram juntos foram aqueles três dias inesquecíveis.

Ela dizia a si mesma que tinha de ser super compreensiva e apoiá-lo em cada escolha que ele fizesse, porque era a coisa certa a fazer, mas, com o passar do tempo, isso estava ficando cada vez mais difícil. Ela considerava isso um sentimento positivo; teria sido pior se ela não tivesse aceitado. Ela estava acostumada a engolir a dor como doses de tequila. No momento em que essa distância lhe causasse mais saudades de casa ou um aperto no estômago, os dois ainda teriam esperança.

-Tem certeza de que não há rebeldes ou bandidos lá para invadir o vilarejo onde vocês trabalharão?

-Meredith, os médicos de lá são socialmente aceitos, Carradine disse que não corremos perigo desse ponto de vista e eu confio nela.

-Ok- disse ela com um suspiro.

-Meredith, eu vou te ligar sempre que puder, mas não sei dizer com que frequência. Carradine disse que há muito o que fazer lá e muitas pessoas para visitar. Ela disse que voltarei para casa como uma nova pessoa e também como um médico completo, e admito que estou ansioso pela experiência. Vou me tornar melhor do que sou agora - disse ele em um tom entusiasmado.

-Ok, mas você me promete que não vai se colocar em risco voluntariamente, você prometeu não fazer mais loucuras.

-Meredith...

-Não, não, Meredith, Andrew! Você prometeu meses atrás, jure que não fará nenhuma loucura. Por favor, não me deixe na expectativa durante esses dois meses. Você sabe que isso não é fácil para mim.

-Ok, Meredith, vou me comportar bem, sem jogos de azar, sem tolices e sem riscos.

-Bem, é melhor que você esteja sendo sincero.

Depois, alguns segundos de silêncio.

-É bom o que sua expedição vai fazer. Eu teria adorado se você não tivesse que partir por dois meses, mas entendo como isso é importante. As crianças continuam perguntando por você, elas gostariam de vê-lo com mais frequência, mas entendem que você está trabalhando tanto que não pode vir vê-las...

-Abrace-os por mim, diga-lhes que irei a Seattle assim que puder e que sinto falta de passar tempo com eles.

-Claro, tenho que ir agora, preciso terminar algumas coisas. Falo com você quando chegar por mensagem de texto. Boa noite, Andrew.

-Boa noite Meredith.

Os dois encerraram a conversa, e Meredith a encerrou com uma insatisfação crescente. Ela deveria ter conversado com ele, perguntado por que a única coisa que Andrew queria fazer era ficar longe dela. Mais uma vez, sua luta interna não deu em nada.

Ela desceu as escadas e encontrou Maggie conversando com o marido, sentados juntos no sofá.

-Você já terminou a ligação? - perguntou Maggie.

-Sim, não era o caso de passar muito tempo conversando. Isso não levaria a lugar nenhum, ele está convencido de sua escolha e vai fazer algo lindo e muito importante. Não serei eu quem vai impedi-lo.

-Mas você não está feliz com isso.

-Não é que eu não esteja feliz, estou preocupada, é diferente. Tenho medo de perdê-lo novamente. Não estou falando apenas de morte, estou falando também de distância emocional, do fim da nossa história. Estou apoiando-o o máximo que posso, mas é inevitável sentir falta dele, não tê-lo aqui todos os dias. Quando ligo para ele e ele não atende, quantas horas tenho de esperar para me preocupar?