"De cipós para cipós"

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Stef, após o susto, emergiu da água, deixando seu corpo secar naturalmente enquanto vestia suas roupas. Com cautela, adentrou a floresta, buscando afastar-se do ambiente ameaçador. Ao alcançar uma densa selva, ouvia os sons de criaturas místicas, seres que pareciam pertencer a lendas. A mente de Stef ecoava apenas uma constatação: "Não é possível irmão."

Cada som desconhecido a fazia sentir-se mais vulnerável, especialmente sob a luz da lua que mal penetrava na densa vegetação. Stef encontrou um pequeno esconderijo entre pedras e galhos, onde decidiu repousar. Naquele refúgio temporário, ela se entregou ao sono, buscando tranquilidade e segurança em meio à selva enigmática.

Na manhã seguinte, Stef despertou com a sensação de ser tocada, como se alguém verificasse se ela ainda estava viva. Entre vozes desconhecidas, a luz do sol invadiu seus olhos quando ela os abriu, sentindo pontadas causadas por um galho próximo. Ao se afastar freneticamente, expressou sua dor:

"Ow! ow! ei! não toquem em mim."

Ao olhar para cima, viu uma garota vestindo roupas curtas com um decote chamativo, cabelos pretos e acessórios extravagantes. Ao lado dela, um garoto com longos cabelos loiros, vestindo roupas masculinas largas e com olhos verdes vibrantes. A garota, flutuando sobre asas de morcego, desceu para perto de Stef, sorrindo.

"Para de assustar ela, seu merda, a garota já está parecendo um pinto molhado."

Ambos riram enquanto Stef, ainda com os olhos arregalados, tentava processar o que estava acontecendo.

"Saiph" - disse a garota estendendo a mão para Stef com um largo sorriso.

Stef hesitou ao ver as enormes unhas de Saiph, mas finalmente aceitou a ajuda e levantou-se, observando as asas da garota baterem, bagunçando seu cabelo com o vento. Os dois riam alegremente até que Muss empurrou Saiph para o lado, assumindo uma expressão mais séria ao se dirigir a Stef.

"Muss, prazer em conhecer...?" - estendeu a mão, questionando o nome da garota.

"Stef" - respondeu ela, entregando a mão.

Muss então comentou com Saiph: "Ih lek, ela sabe falar."

Stef observou os dois rirem abobalhados, retirou sua mão da de Muss, deu um leve sorriso de canto e percebeu os ferimentos graves em Saiph, enquanto Muss parecia completamente ileso. Os três interagiram, e no caminho, Stef compartilhou parte de sua história, explicando como chegou até ali.

Ao chegarem, Stef foi envolvida pela visão encantadora diante de seus olhos. Um círculo perfeito, meticulosamente cuidado no meio da selva, ostentava uma grama baixa que se estendia como um tapete verde. Uma pequena cachoeira, mais próxima do que ela imaginava, derramava suas águas cristalinas, criando um murmúrio suave que ecoava na clareira.

Duas casas de madeira, habilmente construídas em árvores distintas, capturavam a atenção de Stef. Uma ponte delicada ligava as duas moradias, adicionando um toque de encanto à cena. O chilrear suave dos pássaros nos ramos mais altos proporcionava uma trilha sonora serena, enquanto os macacos saltavam habilmente de cipó em cipó, preenchendo o ar com suas travessuras.

A queda d'água, com sapos saltitantes em suas proximidades, adicionava um elemento refrescante ao ambiente. A luz do sol, suavemente filtrada pelas folhas da selva, banhava o local com uma luminosidade dourada, revelando as cores vivas das flores que pontilhavam a clareira. Era uma sinfonia visual e auditiva, onde a natureza desabrochava em sua plenitude, trazendo uma sensação de paz e beleza àquele refúgio escondido.

Stef absorveu a atmosfera acolhedora da clareira, sentindo o braço de Saiph envolvendo seu ombro.

"Se você se sentir confortável, pode ficar aqui. O lugar foi feito para mim e para Muss, mas não tem problema você ficar até se encontrar. Lá fora é perigoso à noite", disse Saiph com um sorriso travesso.

Muss, descontraído, comentou: "E tu acha que ela vai querer ir embora daqui?" Ele se afastou, recebendo um cipó em sua mão por um macaco prego, subindo até o topo de uma árvore. Lá, gritou: "Saiph! Ei! Você de fato acha que ela vai querer ir?!"

Stef, inicialmente surpresa, percebeu a singularidade daquele lugar e como ali experimentava uma liberdade e tranquilidade incomparáveis.

"Calma, é que... como somos só nós dois aqui, acaba se tornando algo tão livre que ele esqueceu como é conhecer pessoas novas. Mas concordo com ele", disse Saiph, mantendo sua mão sobre o ombro de Stef.

Saiph segurou a mão de Stef com delicadeza, revelando as asperezas da pele marcada da vampira. Os pés descalços e os braços com cicatrizes contavam histórias que intrigavam Stef, mas ela tentou afastar esses pensamentos curiosos. Saiph guiou Stef até o outro lado da cachoeira, deixando-as se molhar um pouco. Dentro da queda d'água, revelou-se uma pequena plantação de ervas.

Stef ficou surpresa ao ver aquela inesperada surpresa. Saiph escolheu com cuidado uma folha e uma flor, polinizando com destreza a flor. Com o pólen, ela envolveu na folha, lambendo a parte que sobrara antes de fechar o embrulho. Finalmente, entregou-o a Stef.

"Bem-vinda, querida.", disse Saiph, rindo com seu jeito peculiar de receber os outros. Stef, olhando para a risada verdadeira de Saiph, recebeu o presente. Ao contemplar aquele gesto, finalmente sorriu sinceramente, seus olhos brilhando sob a luz da água que caía à sua frente.

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