𝐄𝐔𝐃𝐀𝐈𝐌𝐎𝐍𝐈𝐀 - 𝐿𝑈𝐶𝐴𝑆 𝑃𝐸𝑅𝑅𝐼 |ᶠᵒᵒᵗᵇᵃˡˡ ᶠᵃⁿᶠⁱᶜᵗⁱᵒⁿ|

𝟎𝟐

Pois não tem jeito
Quando bate diferente
Sempre existe alguém
Que mexe com a gente

Lá Vem Ela – A Banca 021

Lucas Perri

São duas da manhã e estou entrando agora no carro para voltar para casa. Vejo Catarina entrando no carro junto com sua amiga, e confesso que me perco um pouco encarando-a. Sinto a mão de Danilo no meu ombro e me viro para trás, vendo ele e Di Placido com um sorriso esquisito no rosto.

— Que foi?— viro a chave, ligando o carro.

— Chama ela!— Danilo, aponta com a cabeça para o carro da frente.

— Chamar ela pra quê?

— Pro churrasco de amanhã!— Di Plácido responde, com o sotaque mais carregado pela bebida.

— Ah, não... que isso, do nada?

— Sim, a maioria dos convites são assim!— Gatito diz do banco do carona.

— Hum... melhor não...

Olho para trás quando ouço a porta do carro bater e quando me viro, Di Plácido esta abrindo a porta do motorista e me puxando pra fora.

— Leo, para, você tá bêbado, irmão, volta pro carro!

— Vamos, vamos!— ele me empurra ate o carro de Catarina— Chama ela, vai!

— Sério isso?

—Anda logo!

Respiro fundo, batendo no vidro do carro dela. Ela abaixa o vidro e vejo seus olhos castanhos me encarando.

— Oi! Tá tudo bem?

— Oi! Então...— puxo o ar, sem saber o que dizer— você tá bem pra dirigir?

— Eu tô sim...— ela estranha a pergunta repentina.

— É que você bebeu um pouco, qualquer coisa eu chamo um uber pra vocês...—olho de relance para Leo, que esta segurando a risada.

— Não, relaxa! Tô de boa!— ela sorri e permaneço parado, apoiado na janela do carro— Tá tudo bem mesmo, Lucas?

— Ah... é que... droga, eu sou péssimo nisso... - puxo o ar com força, soltando uma risada— Os caras tão querendo aproveitar o feriado de amanhã e eu queria que você fosse.

Agora quem está sem saber o que dizer parece ser ela. Posso sentir o solavanco do carro quando sua amiga se senta abruptamente, ajustando o banco que estava deitado, ao ouvir a proposta. Ela sorri para a amiga e para mim e agora estou morrendo de vergonha.

— Tá chamando ela pra sair?— a voz dela sai embolada e lenta por conta das bebidas.

Posso ver o rosto de Catarina ficar vermelho e o meu com certeza também está.

— Mariane, vai dormir!— Catarina empurra ela de leve, de volta para o banco.

— É... mais ou menos isso...— respondo a pergunta de Mariane— se você quiser, claro...

— Ela quer sim!— Mariane responde antes e Catarina chama a sua atenção, me fazendo rir.

— Mari!

— Tá bom, vou dormir!

Catarina encara o volante, parecendo pensar um pouco e estou muito perto de me arrepender de ter perguntado.

— Eu vou!— Ela diz, por fim, com um sorriso tímido no rosto.

Sorrio aliviado e Leo comemora a uns poucos metros de distância, se aproximando e enfiando a cabeça na janela do carro, também bastante bêbado.

— Mariane é minha convidada!— Ele procurou Mariane, que se levantou novamente— Lucas tá convidando, também posso convidar! Te vejo amanhã, mi amor!— Ele joga um beijo pra Mariane e eu quase caio na gargalhada.

— Vai pro carro, vai!— empurro ele, sorrindo- Te vejo amanhã?— pisco para ela, me afastando do carro.

— Com certeza!— ela sorri— Me manda os detalhes depois!— ouço ela dizer, enquanto volto para o carro, arrastando Leo.

Preciso do contato dela.

Dirijo até o condomínio onde a maioria dos caras- inclusive eu- moram e deixo eles na esquina do bloco. Entro na garagem da minha casa. Mal chego no quarto e já abro o Instagram.

Droga. Tudo o que eu sei é o nome dela...

Não tenho nem ideia de como vou encontrar ela.

Encaro o teto, deitado na cama, pensando em alguma forma de encontrar o contato dela.

Ligo o telefone de novo, dessa vez abrindo o WhatsApp.

Não acredito que tô fazendo isso.

Clico no contato da minha irmã mais nova.

Medidas precisam ser tomadas, certo?

"Lívia"
"Tá acordada?"

Envio, rezando para que ela esteja acordada.

Alguns minutos depois, a notificação apita.

"tô aqui"
"o que foi?"

Solto o ar, aliviado e ai mesmo tempo, um pouco nervoso. Como vou falar pra minha irmã mais nova que preciso que ela encontre alguém pra mim?

"tá ocupada?"

"tô fazendo trabalho da faculdade."
"tá querendo alguma coisa? meus pais tão dormindo"

"Não, eu vou querer a sua ajuda mesmo..."

"🤨"

"Quero que ache o Instagram de uma pessoa..."

"🤨🤨"
"quem"

"aí que tá"
"só sei o primeiro nome dela"

"dela??????"
"finalmente"

"para"

"🤨🤨🤨🤨"

"Lívia, só acha ela por favor"

"qual o nome?"

"Catarina"

"Sobrenome?"

"🤡"

"ué"

"Você não sabe o sobrenome dela?"
"Quer que eu ache como?"

"Eu não sei, mas você sabe fazer essas coisas melhor que eu"
"O que eu sei sobre ela é que ela é repórter e trabalha/tem um podcast, é botafoguense e se chama Catarina"

Lívia parou de responder. Respiro fundo, jogando o telefone do outro lado da cama, me levantando para me trocar. Quando volto, tem duas mensagens dela, uma foto e um emoji. Abro o chat e vejo o print do perfil de Catarina.

Perfeito.