Estava morrendo de saudades das minhas amigas e só percebi quando fui abraçada por todas.
- Emy! Estava morrendo de saudades de você. - isa me abraçou forte e tirou uma mecha do meu cabelo do meu rosto - Seu cabelo está lindo. Essa cor super combina com você.Eu havia pintado nas férias. Sempre fora um sonho ter cabelo vermelho e simplesmente decidi que já era a hora de realizar. Na verdade sempre tive cabelo colorido, mas eram cores mais exóticas como azul, roxo ou branco. Enfim. Abracei uma por uma e todas tinham algum tipo de comentário sobre minha mudança, mas o que elas realmente queriam saber era sobre a separação. Inferno.
- emyzinha, lindaaaaaaaaa. Como vc está? - Brenda perguntou
De repente me vi cercada. Amanda, Beatriz, Isabella, Brenda, Ana e Karla. Realmente senti falta disso. Talvez o resto do terceiro médio nem fosse ser tão irritante. Mas obviamente, eu estava super enganada.
Os professores pareciam estar possuídos e deviam estar descontando o ódio que sentiam por terem sido obrigados a reencontrar os alunos após um mês de paz. Pelo menos nisso nós pensávamos iguais. Desnecessário voltar das férias.Alguns meses se passaram e eu parei de ter notícias do Gabriel. Achei ótimo e esperei que continuasse assim. Até que um dia, eu o encontrei na frente do colégio com um cigarro na mão.
Mas que inferno. O que esse idiota está fazendo aqui? Isso é algum tipo de carma?
Ok. Esse foi o meu pensamento na hora. Estava muito difícil passar dessa fase e eu não contava pra ninguém, mas chorava de vez em quando, quando sabia que não ouviriam. Não saia da minha cabeça. Amanda percebeu que eu estava muito parada e olhou pra frente. Estralou a língua em desaprovação.
- Se você pensar em abaixar o olhar, eu vou te dar um soco. Levanta a cabeça e sorria. - ela disse, me empurrando pra frente.
Nós passamos por ele, que estava conversando com uma menina do segundo ano, que eu conversava as vezes. Coloquei meu melhor sorriso-colgate-superei-o-fim-do-namoro e passei tranquilamente, até que ele me chamou e eu congelei. Brenda olhou primeiro, com um olhar de ódio e logo em seguida eu olhei.
Puta que pariu, o que esse indemoniado quer? Quais são minhas opções? Não há nenhuma ponte aqui e na velocidade que os carros estão, não vai dar pra eu me jogar na frente. É, acho que vou ter que encarar.
Eu olhei fixamente nos olhos dele e ele se aproximou. As meninas deram alguns passos pra longe, mas ficaram de prontidão, pra caso eu resolvesse mata-lo. Ele tirou o celular do bolso e digitou algo, logo depois colocou sobre a minha mão e esperou. Eu olhei para a tela e havia uma foto, mostrava suas costas cheia de arranhões e marcas. Ele abriu um sorriso de deboche e disse
- Como você pode ver, estou curtindo muito o fim do nosso namoro. Estou achando agora que foi a maior besteira ter passado tanto tempo... Preso. - ele completou, piscando.
- veio aqui para isso? Perdeu mais um pouco do seu tempo. - eu respondi.
-não. Vim te dar uma chance de parar de ser chata e começar a curtir a vida. Acho que seria muito bom, inclusive. Eu e você... Desse jeito. - ele apontou pra mim, os olhos passeando pelo meu corpo e por fim, mordeu o lábio.
Eu vou mata-lo. Vou arrancar sua pele com uma faca de cozinha, e usar como forro para a cama dos meus gatos e fazer travesseiros para os meus cachorros.
Minhas amigas perceberam isso. E antes que eu pudesse xinga-lo e manda-lo para o inferno, senti um puxão no braço. Beatriz. No outro instante, estávamos descendo a rua para o metrô, enquanto a isa, a amanda e a brenda o olhavam com uma mistura de ódio e nojo.
A isa me abraçou e disse
- está tudo bem. Sério. Ele nunca te mereceu.Todas assentiram.
- Emy, o que tinha no celular? - Amanda quis saber
-Uma foto dele de costas. Hã... Todo arranhado. Ele disse que queria que eu soubesse que está curtindo o fim do namoro.
- Meu Deus, que cara Otário. Nossa, vamos agradecer por ele estar fora da sua vida Emy. - Bia disse.
Eu sorri
- bom, eu tenho que ir. O meu irmão vai ficar na casa de um amigo esse fim de semana, então, tenho que aproveitar pra arrumar a casa. - eu me levantei e arrumei o uniforme. - obrigada por... Sei lá. Por me protegerem disso. - eu me despedi de cada uma com um beijo no rosto.
-fica bem ok? - Amanda disse.
Eu assenti e sai rápido.
Será que vou conseguir chegar em casa sem chorar? Sim, eu vou. Concentra. Olha que passarinho bonitinho voando, aposto que ele vai pro ninho, encontrar o amor da vida dele e os filhinhos, porque até os animais conseguem ter uma vida mais fixa que a minha e... Pera, isso não tá dando certo. Foca em outra coisa. Que garota bonita, e que roupa legal, queria saber me vestir assim. Que namorado legal, que bom gosto, que vida invejável. Aaaaaargh. O que tá acontecendo comigo. Esquece isso Emily. Ok. Respira.
Suspirei e entrei no ônibus. Sentei na janela e o caminho todo, ouvindo músicas completamente depressivas com fones de ouvido, me imaginei em clipes musicais.
I'm going undeeeeeer
Drowning in youuuuu
I'm falling foreveeeeer
I've got to break throuuugh
I'm going underAmo evanescence. Comecei a ouvir depois que meu primo disse "emily, seu nome é parecido com o da cantora. Amy Lee." eu ri com a lembrança. As músicas se encaixam em tudo na minha vida. Simplesmente adorável.
Mandei uma mensagem para a Luísa, explicando o que acontecera comigo na saída do colégio e ela ficou horrorizada. Prometeu vir em casa nesse fim de semana pra conversarmos, já que faz umas duas semanas que não nos vemos.
Entrei e passei pela minha mãe, que estava no telefone. Ela apontou para um envelope ao seu lado e eu li " para emily". Peguei e subi correndo para meu quarto, coloquei a mochila em um canto qualquer e me joguei na cama, com o envelope ainda em mãos. Rasguei com cuidado a lateral e abri o papel.
Prezada Emily.
Temos o prazer de informar que você foi selecionada pela global line, para participar de um intercâmbio de três meses e ter uma experiência inesquecível com tudo pago. O encontro de selecionados acontecerá na próxima sexta-feira, dia 4 de setembro. Aguardamos sua presença.
Parabéns!
A coordenação. Global line.Aí meu Deus do céu, eu fui selecionada. Eu vou viajar. Uhuuuuuuuuuuul. Pera, puta merda, esqueci de falar da inscrição pros meus pais. Eles vão me matar, ou pior, não vão me deixar ir. Emily sua antaaaaaa. Ok. Quando meu pai chegar do trabalho, vou conversar com os dois.
Deitei a cabeça no travesseiro e sorri. Minha gata subiu, deitou em cima da minha barriga e eu a acariciei. Disse-lhe baixinho
-É Clarinha, parece que chegou a minha vez.
Ela ronronou. E eu fechei os olhos, já imaginando o que poderia vir de novo nos próximos meses.
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Amanhã Não Se Sabe
RomantizmO destino às vezes é engraçado. Ele vira nossa vida de cabeça para baixo em questão de milésimos. As mudanças são necessárias e cabe à você decidir rir ou chorar. Emily perceberá que nem tudo são contos de fadas... E que o melhor, de vez em quando...