Capítulo único • Finais felizes são para contos de fadas.

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Aos poucos, os últimos raios solares eram engolidos pela noite, e a escuridão se aproximava. As luzes da cidade de Tóquio foram se acendendo, iluminando com graciosidade aquele lugar.

Sob aquele céu adornado pela solidão, finalmente as estrelas apareceram, preenchendo aquela imensidão azul.

E a brisa que soprava, balançando os cabelos alaranjados de Nobara, trazia de longe o cheiro de terra molhada. E aquele simples fato fez com que ela lembrasse do tempo em que morava no campo com sua família. De repente, os cantos de seus lábios se ergueram.

E naquela lembrança esquecida pelo tempo, retornou fortemente.

Os campos eram vastos, com o gramado esverdeado que se movia dançando suavemente ao embalo do vento.

Nobara vinha correndo, tentando fugir das abelhas. Seu pai sempre dizia: "Nunca mexa em uma colmeia de abelhas à procura de mel, pois pode se dar mal. Lembre-se disso: se você não os incomodar, eles não lhe incomodarão."

Mas como qualquer criança que adora uma aventura nobara ignorou o que seu pai disse, e agora com as mãos meladas de mel corria pelo campo à procura de esconde-se das furiosas que vinham voando em alta velocidade com o esporão preparando para atacar.

— Droga, no fim das contas não consegui pegar quase nada. — E prosseguia avançando e parecia que cada vez mais as abelhas estavam se aproximando e os olhos de nobara corriam de um lado ao outro, até que avistou ao longe um rio e seus olhos se iluminaram com uma brilhante ideia, e em seguida pensou: Vou me esconder ali, agora elas não me pegam”

Quanto mais se aproximava do rio, a imaginação de Nobara começou a lhe pregar peças. Uma hora via uma abelha aqui, outra hora ali, e para ela tinha abelhas para todo canto em que olhava.

Agora, perto do rio, Nobara gritou em alto som:

— Podem vir todas de uma vez, eu sou forte e vou vencer vocês! — As abelhas furiosas vieram todas de uma vez. Quando Nobara percebeu que elas estavam perto, lançou-se na água e prendeu a respiração embaixo d'água por alguns segundos.

E quando os 13 segundos que o ser humano suporta ficar embaixo d'água foram se findando, seus pulmões começaram a implorar por ar.

Foi quando ela emergiu das águas. Agora, com a cabeça fora d'água, seus olhos vagaram à procura das abelhas, não vendo sinal dos inimigos. Ela nadou até chegar perto das pedras e saiu da água. Agora, fora, suspirou profundamente antes de começar a andar.

Enquanto voltava para casa, saltitando alegremente, não notou que, espreitando da esquina, estava uma abelha que a observava atentamente, como se estivesse esperando por ela.

Quando passou perto de uma árvore, sentiu apenas a picada do ferrão no braço e deixou escapar um "Ai". Virou-se e deu de cara com a abelha, que a encarava sem medo. Quando ela olhou, saiu correndo.

— Merda, como fui tola! — Agora, próximo de casa, pulou a cerca e apressou os passos. Ao entrar em casa, fechou rapidamente a porta e pôs-se a chorar.

E quando o barulho da porta batendo ecoou, sua mãe veio depressa encontrando-a encolhida no chão, em prantos.

— O que houve, menina? — Mas nada ela disse e continuou a chorar, apontou para o braço e quando a mãe de Nobara viu aquela picada rapidamente, começou a tratar.

Lentamente, a mãe de Nobara, com a ajuda de uma faca de manteiga, removeu o ferrão que a abelha havia deixado para trás e, em seguida, lavou a área atingida com sabão e água para ajudar a aliviar o inchaço.

— Ai, mãe, tá doendo.

— Se você não tivesse mexido com as abelhas, teria evitado isso.

Nobara abaixou a cabeça, e sua mãe começou a fazer compressas com um gelo enrolado em um pano. Após isso, secou o local atingido e aplicou um creme para ajudar a aliviar a coceira e o inchaço.

— Agora vê se não mexe novamente com as abelhas, pois da próxima vez pode ser pior — Sua mãe severamente lhe advertiu, e Nobara acenou com a cabeça e se sentou num canto enquanto ponderava se ia ou não verificar se a abelha ainda estava lá fora.

Passaram-se alguns minutos e finalmente decidiu abrir a porta. Olhou para os lados e nada de sua inimiga aparecer, até que olhou para o chão e avistou a abelha que havia lhe picado morta.

Mas, antes que pudesse se aprofundar nas memórias, sentiu uma intensa dor em seu corpo. Aos poucos, sua vida ia se esvaindo, escapando por entre seus dedos.

Não haveria como escapar daquele golpe. A maldição que Nobara subestimou arrancou o fio de vida que lhe restava e, lentamente, foi perdendo a consciência. Tudo naquele momento era nada, sem sentido ou cor. Apenas um mundo preto e branco que, em poucos segundos, se tornou escuridão.

Agora, o corpo sem vida está no chão, assim como o da abelha, e tudo o que resta é o vazio da sua ausência. Sob aquele brilho ilusório das luzes da cidade, tudo é passageiro, e a vida de "Nobara" acaba.

"Finais felizes são para contos de fadas."

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