Quando as crianças nasceram, os pais brincaram sobre como seria se eles acabassem namorando.
Acho que eles não imaginavam que realmente pudesse acontecer.
Mas Beatriz e Benício não conseguiram fugir.
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Quando eu acordei senti logo de cara o quão difícil seria levantar da cama.
Faltavam no máximo dois meses para voltarem as aulas e as férias de verão nunca foram tão chatas, a maioria das minhas amigas havia mudado de escola ou estava viajando. Lara foi viajar com a Tia Helô pra Osasco e Cecília estava tendo aula.
Isso significava que eu tinha que ficar a semana toda dependendo do meu irmão e na maioria das vezes ele estava com os amigos idiotas dele.
Ser irmã quase gêmea do Ramon nunca foi lá uma das coisas mais espetaculares da minha vida, nosso apelido na escola sempre foi o mesmo, nosso circulo de amigos.
Quando finalmente decidi me levantar percebi que ainda eram apenas 05:47 da madrugada. Desço as escadas fazendo o mínimo de barulho possível imaginando que os meninos estariam dormindo na sala, mas não estavam quando mirei a lanterna no local.
Me encosto no balcão da cozinha e quase me engasgo com a água quando vejo Benício entrar na cozinha de repente, ele está sem camisa usando apenas uma calça de moletom larga.
—Hum... oi. – ele diz a mim sem graça, foi a primeira vez que ele me viu tão desnuda usando apenas uma camiseta do Miguel de quando ele ainda jogava no Tottenham. E nós crescemos juntos.
—Oi. -–não era por nada, mas Benício sempre foi o amigo mais distante pra mim.
Primeiro, não tínhamos contato. Depois criamos um contato e então, ele começou a fazer da minha vida um inferno com brincadeiras chatas.
—O que está fazendo acordada uma hora dessas? - ele pergunta tentando ser simpático.
—Vim beber um copo d'água - sorrio falso a ele que finge ignorar a minha arrogância e se aproxima de mim, eu sinto o cheiro do desodorante e do perfume dele e até mesmo o calor da pele dele quando ele fica tão próximo apenas para pegar um copo.
—Eu vim fazer a mesma coisa - ele diz e fica do meu lado encostado no balcão, seu cotovelo encosta no meu e eu sinto todos os pelos do meu corpo ficarem arrepiados.
—Precisa ficar tão perto? – questiono e ele ri, me olhando de cima para baixo.
Que merda era essa?
—Bom, eu já terminei a minha água e... – dou uma última encarada nele e sinto um pouco do meu ar me faltar — Eu vou indo.
—Boa noite, narizinho - volto meu olhar a ele e sinto a fúria que estou acostumada a sentir voltar a mim.
—Você me chamou de que? – pergunto a ele que ri pelo nariz e me ignora. — Sabia que as vezes eu acho que você vai deixar de ser um babaca?
—Sério? – ele pergunta.
—É, é sério. Mas aí eu vejo que eu só acho mesmo.Tem coisas que são... – eu o encaro de cima abaixo e sorrio de lado — Impossíveis...
—Realmente, eu sempre achei que jamais te veria sem calças e olha para nós agora. – eu queria tacar qualquer coisa nele no momento em que o peguei secando minhas coxas, mas por respeito aos meus pais e aos outros patetas dormindo lá embaixo na sala de cinema, mantive a calma e me aproximei dele.
—Me encara desse jeito de novo que você vai ver o que é sentir dor aonde o sol não brilha – ele ameaça me dar um selinho e eu o encaro horrorizada.
