06. Car's outside

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POV: DULCE MARIA

Christopher era um amigo incrível, mas por muitos anos, nossa relação foi além da amizade. Aconteceu em uma época diferente, na adolescência, quando éramos jovens e os hormônios complicavam tudo. No entanto, hoje, felizmente, somos apenas bons amigos, uma amizade que vem desde praticamente o nosso nascimento.

Não posso negar que, às vezes, ele ainda tenta algo a mais comigo. E, confesso, em muitas dessas vezes, eu acabo cedendo, sabendo que nossa ligação nunca vai além de uma amizade colorida.

Hoje, ele veio prestigiar meu evento, e a alegria de tê-lo ao meu lado é imensa. Especialmente depois de tanto tempo sem nos vermos. Quase quatro anos se passaram desde o nosso último encontro, e eu já sentia muita falta dele, principalmente das longas e divertidas conversas que tínhamos nas madrugadas, voltando de algum bar na magnífica cidade de Barcelona. Eram tempos verdadeiramente fascinantes.

Estávamos no jardim, trocando conversas sobre nossas vidas tumultuadas, repletas de eventos marcantes que nos deixaram pouco tempo para conhecer novas pessoas. Foi então que avistei Maite ao longe, aparentemente com pressa para chegar até a rua.

Intuí que ela estaria querendo voltar para casa, porém, talvez ela não soubesse que naquele local não era comum a circulação frequente de táxis ou ônibus.

Ao longo do seu trajeto, notei que Maite lançava olhares em nossa direção, como se estivesse nos observando. Achei aquilo não muito convencional.

Despedi-me de Chris, pois ele precisava retornar ao hotel para organizar suas coisas antes de partir. Em seguida, resolvi seguir Maite, que se dirigia para fora do jardim rumo à saída.

Dei longos passos para poder alcançá-la, até chegarmos a um local envolto em penumbra devido às luzes queimadas. A visibilidade era bem limitada e não entendia por que a Maite escolheu uma das piores saídas para poder chegar até a rua. Talvez estivesse querendo ser discreta para não chamar muita a atenção dos investidores, que claramente a assediavam mais cedo.

Quando por fim a alcancei, a segurei pela cintura, já que só consegui ver a sua silhueta naquela escuridão. Ela se assustou com o contato repentino e ameaçou gritar como forma de ajuda.

- Shhhhhh, não grita, sou eu. - falei para impedi-la de gritar.

- Senhorita Dulce, o que você faz aqui?

- Por que você foi embora sem se despedir? Isso é falta de educação, sabia? e principalmente com a sua chefe.

- Desculpa, não quis chateá-la. Você estava tão envolvida conversando com o seu amigo, que não achei que você fosse se incomodar com isso.

Agarrei ela pelo braço, puxando-a para perto de mim.

- Olha garota, você não sabe com quem está lidando. Você deve me dá satisfação para tudo o que você fizer, em horários laborais ou não. Eu não estou brincando. Não pode simplesmente sair quando quiser, entendeu?

Nossos rostos estavam convenientemente a poucos centímetros de distância, permitindo que eu observasse cada detalhe de sua boca. No entanto, ao me voltar para apreciar seus lindos olhos, percebi que estavam repletos de lágrimas, provocadas exclusivamente pelos meus comentários tolos.

Soltei-a imediatamente.

- Vamos, eu vou te deixar em casa.

- Não é necessário, eu posso pegar um taxi. - Falou ela de cabeça baixa.

- Você não vai encontrar, a não ser que queira andar uns 400 metros até a parada de ônibus mais próxima. - Falei, soltando uma risada.

Naquele momento, começamos a sentir algumas gotas de chuva sobre nós.

Amor De Aluguel (Savirroni)Onde histórias criam vida. Descubra agora