Naquela noite, após ter passado o dia cuidando dela, deitei imaginando o que ela ainda iria propor até o fim das minhas férias. Acreditava que não havia tantas opções e coisas que ela pudesse me mostrar, ainda assim, o desejo e curiosidade cresciam gradualmente em meu peito.
Todavia, ela me provou que opções não eram um empecilho para ela, mas...
— Igreja? — questionei com um olhar indiferente em sua direção e um tom incrédulo.
— Sim.
— Ah... sério? — indaguei ainda não levando a sério.
— Sim. Bom, nem mesmo eu costumo ir, então pode ser uma boa experiência para nós dois.
— E por que você acha isso?
— Não sei, apenas pensei que poderia ser interessante. Você não quer ver?
Em um momento de reflexão, pensei:
"Desde quando tenho direito a ter uma opinião?"
— O que você acha? — perguntou novamente.
— Não há outras opções?
— Ah, talvez haja.
— Então, no final das contas, foi por falta de opção?
— N-Não! Não coloque as coisas dessa forma. Só acho que pode ser bom.
— Religião, né? — ponderei brevemente o tema antes de dar uma resposta.
No final, acabei aceitando a proposta do dia. E, enquanto caminhávamos até a entrada, pensei:
"Não tenho um pensamento concreto sobre, é algo do qual muitas vezes me pergunto se é verdade. Mas você vai se questionar tantas coisas que, se no fim, esse Deus existir, você teria o ofendido. Entre crer e não crer, eu preferi apenas não me envolver. Se por um momento pensasse "Eu odeio Deus", como posso odiar algo do qual creio não existir, e se existe, estaria eu errado em odiá-lo, foi neste pensamento que optei por não pensar mais. Porém, aqui estamos, frente a uma igreja, poderia eu descobrir a verdade? Haha, claro que não."
Meus pensamentos foram interrompidos pelo chamado dela:
— Ei, vamos?
— Ah, sim.
E então, finalmente entramos. A igreja parecia católica, dada o fato das várias estatuas espalhadas pelo local, mas o que achei incrível foi o tanto de pessoas que havia naquele dia. Pensava que estaria vazio. Nós nos sentamos no fundo, no banco perto da entrada. Não queríamos chamar muita atenção.
Meia hora se passou e, coincidentemente, ele falava sobre crer ou não em Deus e que mal havia em seguir sua palavra. O que ele dizia parecia fazer sentido, seguir a palavra de Deus não lhe trará mal algum, mas muito pelo contrário, lhe fara bem; não roubar, matar ou prostituir, por exemplo. Que mal há em não cometer essas coisas, era o que dizia. Ainda assim, não foi suficiente para que eu pudesse dizer que seguiria ou não. No fim, não encontrei de fato uma resposta e ponderei o fato de que fosse necessário voltar mais vezes, mas eu sabia que não faria isso. Toda via, me perguntei o que ela achou.
— Ah, pra falar a verdade, eu não entendi nada — respondeu ela, a minha pergunta.
— É uma completa idiota.
— Não! É só que... bem... — dizia ela desviando olhar, um pouco hesitante e nervosa.
— Não sabe né?
— Na...não — respondeu abaixando o olhar enquanto seu semblante melancólico fazia-se presente.
— ... idiota.
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A Jornada em Busca da Triste Felicidade
RomanceYori, um homem que passou a vida inteira imerso em um oceano de ódio e apatia, está preso em uma rotina monótona e desprovida de propósito. Cada dia se assemelha ao anterior, levando-o a questionar se algo mudará, embora saiba que é ele mesmo quem d...