Transmigrando contra minha vontade

Prologo

Parte 1 

  Em um espaço sem cor e sem objetos, qualquer detalhe diferente se torna ridiculamente evidente, ainda mais quando esse espaço é um branco intenso aonde o conceito de começo e fim, chão e céu se tornam nulos e sem efeito. Se pode esperar muito esse tipo de espaço em um julgamento divino, ou quase divino, de qualquer forma, não se espera que o divino (ou quase) esteja com os joelhos no chão, com as mãos no colo e cheio de hematomas que iam do vermelho ao roxo enquanto o obviamente humano, se a falta de asas for alguma indicação, ficava sentado em uma cadeira de madeira que não combina em nada com o infinito branco, com os braços cruzados e olhando com ódio para a... coisa de aparência angelical.

-Então... - As asas do anjo tremeram, quase como se sentissem o perigo se aproximando, mas o mesmo continuava olhando para o chão como se fosse seu próprio criador, a voz do humano era neutra, mas incrivelmente assustadora para o guardião novato que sentiu toda a ira do humano. - Deixe-me recapitular, primeiro, você deveria ter pego uma alma feminina pré-definida, que de alguma forma você PERDEU, para colocar em um mundo de fantasia para cumprir algum proposito divino que você não sabe qual é; segundo, com medo, você procurou outra alma e coincidentemente a minha era muito parecida com a que você perdeu; terceiro, agora você quer que eu seja a alma substituta em uma casca de um corpo que nunca teve alma, apenas para você se safar da merda QUE VOCÊ fez porque um deus pediu, entendi direito?- O humana de pele morena cheia de cicatrizes e olhos negros em algum momento se levantou e enquanto estralava o pescoço e as mãos o anjo tremia observando a face de sorriso doce. Naquele momento, ele temeu a morte.

O anjo engoliu em seco o som ressoando pelo espaço infinito de branco, enquanto o humano estava parado a sua frente.

-Hum... bem, sim? Mas veja bem... - O folego escapou de seus pulmões inexistente quando uma bota batia em sua barriga, ele nem viu o humano furioso avançado sobre seu corpo que voou durante o ataque.

-QUEM CARALHOS VOCE ACHA QUE É PARA PENSAR QUE EU VOU FAZER UMA MERDA DESSAS? - Oh, o humano mataria aquela cópia feia e barata de anjo.

Com lagrimas de desesperos em seus olhos de bronze e um grito nada bonito, o anjo ergueu as mãos e por puro desespero sua mana agiu, enviando a alma do humano ao receptáculo. Olhando em volta e não vendo mais o assustador humano uma risada sem folego e maniacamente desesperada saiu de seus lábios, sangue dourado escorrendo pelos mesmos.

-Graças a deu... - E prontamente desmaiou, o som de sua cabeça batendo ressoando pelo espaço.