Namorada de aluguel - (Girafa Version)

Gizelly Bicalho

Você nunca sabe quando algo inusitado acontecerá com você, além do mais quando é algo parecido com alguma trama de novela mexicana. A questão é que a mulher que eu mais amei, me trocou por meu primo. Foi algo bem complicado de aceitar.

Hariany Almeida, conhecida por todos como Hari, a garota mais linda do colégio Santa Mônica, começou a namorar nada mais e nada menos que Talles Gripp, o homem mais mulherengo, sem vergonha e estupido que eu conheço. Porém, é o meu primo e fui destinado a conviver com ele a minha vida inteira, depois que sua mãe foi embora quando ele tinha 13 anos.

Isso não foi a pior coisa do que me aconteceu. Na verdade, a pior merda foi quando eu descobri que ela estava transando com ele há dois meses. Eu não soube lidar muito bem com isso, além do mais, eles esfregavam na minha cara o quanto eram felizes.

Que na real, todo o meu esforço para fazer Hariany feliz era em vão. Já que só ele conseguiu fazer tudo o que ela sempre quis.

Raiva, era um dos meus sentimentos constantes. Adicionem remorso, inveja, pena de si mesma, sofrência em um nível extremo com direito a muito sertanejo.

Talles sempre teve uma condição de vida melhor que a minha, seu pai tem uma rede de restaurantes que sempre fez muito sucesso. Sendo assim, ele usava a sua mesada para esnobar todos ao seu redor.

Seu objetivo era mostrar o que ele poderia comprar, e usava isso para conquistar as garotas. Hariany caiu na rede dele assim, ele a presenteia com jóias que só de olhar, faz ter a certeza, que algo assim não e compatível com o meu salário mensal.

Como passar dos anos acabei me mudando do Espírito Santo e fui para o Rio de Janeiro reconstruir a minha vida, sem ser lembrado que Talles ficava cada vez mais rico, me impossibilitando de dar algo que realmente fosse valioso para Hariany.

Dois anos depois de minha mudança, Hariany e Talles se casaram e tiveram o primeiro filho. Enquanto isso foquei na minha carreira de editora de livros e com ajuda de Juliette, minha irmã mais velha, conseguíamos criar uma das maiores editoras do Rio e de todo país. Chegando a publicar exemplares para vários locais no mundo.

Minha irmã trabalhava como administradora e gestora em algumas empresas, e com a sua aptidão, conseguiu criar uma empresa com qualidade e reconhecida por todos os nossos concorrentes. Enquanto a minha vida girava em torno de trabalho e mulheres. Não que me orgulhe disso, necessitava de uma distração para o tal esperado plano de esquecer Hariany.

Eu tinha uma vida agradável, enriqueci ao ponto de viver confortavelmente, pude dar a casa dos sonhos aos meus pais. Eu comprei um belo apartamento, era tão próspera no trabalho que nem me surpreendia por ter tanto azar nas relações amorosas. Não vou negar, que durante esse tempo todo, eu não parei de pensar em o que fazer para reconquistar Hariany, eu fiz e refiz planos para nos duas, eu ainda não entendia o que tinha dado errado para tudo ter acabado assim tão rápido.

O que destinou ela a me trair? Será que o erro foi eu? Talvez a amava mais do que deveria, ou quem sabe, não era do modo que ela precisava.

Mesmo eu tentando ao máximo evitar ver, comentar, pensar e suspirar por Hari. Sempre a encontrava nas festas de família, mas eu sempre me mantive longe deles. Com isso sempre fazia o papel sofrido, a que não superou ser trocada, mesmo depois
de anos.

Minha mãe é um pouco impulsiva, ela ainda guarda uma grande mágoa de Hariany depois de todos os acontecimentos. Segundo ela, mesmo Hariany sendo uma boa pessoa, seria impossível confiar nela novamente.

Fora as tentativas de minha mãe em me arrumar uma namorada, me sentia desconfortável por sempre ver a família perfeita que eles se tornaram. Ver que cada ano que passa, eles continuam apaixonados, ela possui os brilhos nos olhos que um dia foram destinados para mim e agora pertencem a outro. Todas as festividades eram a mesma coisa, o desconforto imenso, pessoas questionando as namoradas,
minha mãe silenciosamente implorando netos e o meu pai apenas me observando querendo um motivo para minha falta de ação, porém esse ano seria diferente.