Recaída

27 de junho de 2007

Há sempre dias que as coisas ficam fora de controle ou apenas desajustadas. Esses estão sendo os dias, o que deixa os integrantes do RBD bastante estressados e gerando brigas.

Dulce não tem certeza do motivo, só lembra de ela e a loira gritando uma com a outra falando quem tinha razão e mandando calar a boca. Isso foi há três dias atrás e estão até agora sem se falarem direito. Até no show de hoje elas tiveram que fazer um esforço para a tensão não ficar óbvia demais no palco, com interações limitadas.

O estresse oriundo da cansativa carga de trabalho que passam deixam elas assim mesmo, entretanto, mesmo chateada e muito orgulhosa, a ruiva não conseguia ignorar os sinais que Anahí demonstrava quando estava em seu limite. Apenas ela percebia porque a conhecia muito bem e não havia como não se preocupar.

No jantar após o show, Anahí, com seu jeito de sempre, conversava com Ucker e Poncho ao mesmo tempo que mexia o garfo em seu prato, que já tinha pouca comida, achando que ninguém estava notando ela comer apenas migalhas, quase nada, por assim dizer. Porém, o que ela mesma não notara foi o olhar da ruiva, que conversava com Mai e Chris, preocupada com seu comportamento.

Quando o jantar terminou, Dulce estava decidida que iria conversar com a amiga, seja pra resolver sobre a briga ou só ter certeza de que estava bem.

Quando cada um estava indo pra seu quarto, a ruiva tentou alcançá-la, mas notou seu semblante fechado e ficou insegura e mais preocupada. Resolveu ir para seu quarto, tomar um banho, pôr uma roupa pra dormir enquanto dava um tempo à loira para as duas poderem conversar relaxadas.

Assim que se sentiu segura, foi até o quarto de Anahí. Ela imaginou que a mesma ainda estava acordada, já que percebeu a luz ligada pela fresta embaixo, e bateu de leve na porta.

- Any, é Dulce. Tá acordada? - sem resposta - Posso entrar pra gente conversar?

Quando não recebe mais nenhuma resposta, ela vira a maçaneta e ao notar que o quarto está aberto, entra devagar.

- Any? - chama baixinho enquanto fecha a porta atrás dela

Anahí não estava na cama, foi a primeira coisa que Dulce notou, a segunda foi o banheiro fechado com sua luz ligada, entendendo onde ela estava.

Dulce seguiu até o pequeno cômodo e só começou a se preocupar ainda mais quando ouviu um barulho específico: o de sua amiga vomitando.

Os olhos da ruiva se arregalaram e prontamente ela se aproximou da porta.

- Any... está bem? - apenas ouviu sua amiga pondo tudo pra fora, ou se forçando a fazer isso - Estou entrando, okay?

Trancado.

Com mil pensamentos conhecidos atravessando sua mente, Dulce começa a ficar nervosa.

- Any, por favor... me diga que não está forçando... - ela sente o peso do que acabou de falar e gira a maçaneta inutilmente - Fala alguma coisa, Any...

Tudo o que ela recebe é silêncio durante alguns segundos até ouvir os barulhos de vômito voltarem novamente. Dulce quer chorar e quebrar aquela porta. Seus olhos já estão marejados e sua preocupação só aumenta a cada vez que sua irmã não diz nada.

- Fala comigo... por favor - ela implora encarando a madeira branca

Mais uma vez, nenhum retorno.

Lá dentro, Anahí estava sentada no chão encostada na parede, tentando se agarrar à realidade com a voz de Dulce desde que ela começou a chamar. Porém, as vozes que estavam a ensurdecendo em sua cabeça conseguiam ficar mais altas. Diziam coisas horríveis sobre ela mesma e a única forma que encontrou em tentar colocá-las para fora, era pondo um dedo em sua garganta e se agarrando trêmula nas bordas do vaso sanitário enquanto deixava tudo aquilo, quase nada, ir. Estava se punindo ao mesmo tempo que queria se sentir bem. E nunca era suficiente.