Sinto um arrepio gélido percorrer meu ser. É esse frio implacável do inverno que penetra em meus ossos, congelando-os e inflamando minha alma com uma mistura de tristeza e ódio. Fui abandonado em frente ao abrigo conhecido como "Orfanato Wool's", uma criança indesejada, relegada à insignificância, como se minha mera existência fosse uma maldição em si.Durante meus sete anos de vida, encontrei uma relativa paz dentro dos limites sombrios do orfanato, mesmo diante da miséria em que vivíamos. No entanto, em um episódio que permanece envolto em um véu de mistério, fui confrontado por meus colegas de infortúnio, que me acuaram impiedosamente contra a parede. Suas mãos cruéis deixaram marcas roxas em meus braços, enquanto suas risadas cruéis ecoavam como um coro perverso.
Foi nesse momento que algo despertou dentro de mim, uma fúria ardente alimentada pela injustiça que permeava minha existência. O ódio, como uma chama insaciável, queimou em meu peito, transformando-se em uma força avassaladora. Com um único movimento, o garoto responsável por meu sofrimento jazia estendido no chão, ensanguentado e sem vida.
As crianças, antes tão alegres e risonhas, agora gritavam desesperadas e assustadas diante da cena que presenciaram. Eu mesmo estava atordoado e assustado, sem compreender como fui capaz de realizar tal ato. Após esse incidente, as crianças passaram a me evitar, me ignorando e me chamando de monstro pelas minhas costas.
A cada refeição, eu me via sentado sozinho, observando as outras crianças desfrutarem a companhia de seus amigos enquanto comiam alegremente. E, ao ir dormir, eu me encontrava solitário em um dormitório sujo e mofado, com apenas um colchão fino apoiado em uma cama velha e podre. Meus lençóis estavam furados e desgastados, assim como as paredes brancas do recinto.
Por mais que odiasse aquele lugar, ele era meu único refúgio, um abrigo que proporcionava uma falsa sensação de paz e uma mínima sensação de lar.
A indiferença e a frieza, as armaduras que habilmente empreguei para ocultar minhas verdadeiras emoções. Durante um longo período, mantive uma fachada de desapego, como se nada disso tivesse relevância para minha pessoa. Por que eu deveria me importar? Por que deveria nutrir paixão ou empatia por qualquer indivíduo além de minha própria pessoa? Essa é a essência latente de meu ser, como sempre deveria ter sido.
Assimilei a arte de não depender de ninguém, de não confiar em ninguém além de mim mesmo. Essa autonomia me conferiu força, permitindo-me sobreviver às adversidades cruéis impostas pela vida. O amor, a amizade... esses são atributos de tolos, sentimentos que apenas enfraquecem e desviam o foco. Eu não careço deles.
A solidão, por sua vez, tornou-se minha companheira constante, um refúgio sereno onde posso encontrar abrigo. Não existem desilusões, não há traições. Apenas eu e minha própria existência. Eis a verdadeira liberdade, a liberdade de não se ver acorrentado por laços emocionais. Sou meu próprio senhor, meu próprio redentor.
Portanto, sim, mantenho essa fachada de indiferença e frieza, pois é assim que as coisas devem ser. Sou eu, exclusivamente eu, o epicentro de meu universo. Não importa o que os outros proferem ou conjecturam, pois ultrapasso tais trivialidades emocionais.
Curioso, um homem estranho aparecendo no orfanato, destilando suas palavras com a intenção de me informar sobre minha verdadeira natureza como bruxo. Inicialmente, minha indiferença se manifestou, pois tais revelações não eram mais do que meras palavras vazias. Contudo, uma chama de curiosidade começou a arder dentro de mim, despertando um interesse fugaz.
Ser diferente, especial, possuir o domínio da magia... Essa perspectiva era algo que, até então, eu nunca poderia ter imaginado. A carta de Hogwarts, um convite para ingressar em uma escola de magia, trouxe consigo uma surpresa inesperada e, de forma estranha, uma sensação de contentamento. Pela primeira vez, experimentei uma noção de pertencimento, como se finalmente encontrasse meu lugar neste vasto e insignificante mundo.
A perspectiva de explorar meus poderes e aprender a controlar essa magia despertou em mim uma mescla de emoções. Afinal, eu sempre soube que era diferente, mas agora tinha a confirmação de que minha singularidade era algo excepcional. Contudo, a felicidade, mesmo que uma fagulha efêmera, não passa de um insignificante detalhe em minha busca por poder e dominação.
Assim, com um sorriso sutilmente esboçado e um brilho calculado nos olhos, decidi embarcar nessa jornada. Hogwarts seria meu novo domínio, o palco onde eu poderia abraçar minha verdadeira natureza e descobrir o poder latente que estava adormecido dentro de mim. A felicidade, ainda que apenas uma mera ilusão, começou a se manifestar em meu âmago. E assim, minha jornada no mundo da magia teve início.
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Seraphic Whispers - Tom Marvolo Riddle.
Hayran KurguIntitulo: Seraphic Whispers - Tom Marvolo Riddle. Genero: Fan ficção de Harry Potter. 𝗛𝗜𝗦𝗧𝗢́𝗥𝗜𝗔 𝗖𝗥𝗜𝗔𝗗𝗔 𝗗𝗘 𝗙𝗔̃ 𝗣𝗔𝗥𝗔 𝗙𝗔̃, 𝗦𝗘𝗠 𝗙𝗜𝗡𝗦 𝗟𝗨𝗖𝗥𝗔𝗧𝗜𝗩𝗢𝗦. 𝙰𝚞𝚝𝚘𝚛𝚊 𝚎 𝚝𝚘𝚍𝚘𝚜 𝚘𝚜 𝚌𝚛𝚎𝚍𝚒𝚝𝚘𝚜 𝚟𝚊̃𝚘 𝚙𝚊𝚛𝚊 �...