Meus pulmões estavam em chamas, gritando por ar. Minha garganta seca rasgava quando o gosto de sangue corria por ela. Mesmo assim…. eu não podia parar, precisava aguentar.
- DEPRESSA, ELA ESTÁ FUGINDO! - A voz estridente do comandante soou pela floresta em que eu corria.
Minhas pernas já estavam fraquejando, meus pés ardiam de tanto correr por aquele lugar vasto, cheio de galhos e pedras.
Eu estava descalça, fazendo com que meus pés começassem a sangrar por causa da velocidade e das pequenas pedras pontiagudas que haviam no chão daquele lugar. E parecia piorar por causa da água que vinha do céu.
Olhando mais a frente notei que a pouca claridade que ainda havia nesse lugar, estava apontando para a ponta de um penhasco onde as árvores que antes ajudavam a esconder um pouco do meu rastro, não existiam ali.
Era um campo aberto, não tinha mais para onde correr. Também não poderia voltar para dentro da mata,seria morta assim que me vissem. Mas se continuasse aqui, também seria meu fim.
O barulho de botas grossas se chocam com a grama molhada. O alto latido dos cães Perdigueiro faziam meus ouvidos doerem.
Virei meu corpo para trás e me deparei com vários homens armados, enquanto continham um sorriso nojento em seus rostos.- Fim da linha pra você, bonequinha. - Observei o homem começar a andar na minha direção, fazendo com que eu desse passos para trás, chegando cada vez mais perto da beirada do penhasco.
Não! Eu não podia me render assim. Não depois de todas as coisas que passei. Não depois de tudo que vi. Ela não poderia sair ganhando depois de ter matado todo meu povo!
- Você é de fato uma beldade. Princesa de Nêmesis. - Notei seus cães irem um pra cada lado, fazendo com que eu ficasse encurralada. - Realmente. Nenhuma mulher se compara a você, no quesito beleza. - Seu sorriso era nojento. Promíscuo e repugnante.
Tenente Zenith. O homem que meu pai mais confiava estava nesse momento tentando me matar. Depois de ter traído seu povo, ele simplesmente os massacrou.
- Porque não se rende de uma vez, princesa? - Seu tom de voz era sarcástico.
- Nunca me renderei para alguém como você.
- Veja só, usando termos não honoríficos. Você costumava ser mais respeitosa, alteza.
- Alguém que traí seu próprio povo, não merece ser chamado de Tenente, muito menos meu respeito. - Cuspi as a palavras em forma de ódio, vendo seu sorriso sumindo.
Eu não tinha escapatória, minha única rota de fuga era aquele penhasco à beira do mar. Não dava para saber se tinham rochas por ali. E devido à chuva, a maré estava agitada, fazendo com que a água batesse com toda sua força contra aquela parede de pedra.
Apenas duas escolhas. Pular desse penhasco ou se entregar para eles.
- Infelizmente, alteza, será pelas mãos desse traidor que você morrerá. - Seu sorriso se abriu novamente, mas dessa vez de forma diabólica.
- Posso até morrer hoje. Mas não será pelas mãos de um verme como você. - E sem dizer mais nada, joguei meu corpo para trás, observando o rosto de desespero que se fez em Zenith. Rezando para que se eu fosse morrer, tivesse uma morte rápida e indolor.
Eu tentei, juro que tentei com todas as minhas forças. Eu prometi que me vingaria de todas as pessoas que destruíram minha terra. De todas as pessoas que mataram meu povo. Kalista não merecia ser chamada de princesa. Eu prometi que arrancaria aquele título dela. Então… por mais um vez, nem que seja a última, não deixe-me morrer assim. Preciso cumprir minha promessa. Me proteja uma última vez, Deus dos mares.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Maresia
RomanceSempre existirá uma troca de favores quando os objetivos não são os mesmos. Minha cabeça valia mais decepada do que grudada ao meu corpo, então se para sobreviver fosse preciso vender meu corpo eu o faria! Não existe mais honra quando tudo o que lh...