Piloto Automático

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- Por Favor! Me ajude - Imploro olhandopara ela.

- Como assim, do que precisa? Quer que eu cozinhe
para você? - Zomba Rafaella.

Encaro a mulher a minha frente que mantinha os braços cruzados abaixo dos seios e uma sobrancelha arqueada. Analiso se aquilo é realmente uma coisa boa a se falar, no meio de toda essa bagunça. Respiro fundo e tento afastar esses

pensamentos, nesse momento preciso da ajuda dela mais do que nunca.

- Pare de brincadeiras, o assunto é realmente sério! - Respondo em tom de repreensão e ao mesmo tempo implorando para que ela tivesse pelo menos um pouco de piedade.

Ela me olha completamente perdida e assentem sinal para que eu continuasse.

- Pode Falar - sussurra enquanto me analisa.

- Preciso que seja minha namorada! - respondo rapidamente, e pelo seu olhar, percebo que ela não entendeu nada do que eu falei, e se entendeu, há grandes chances de achar que estou fazendo algum tipo de pegadinha.

- O que? Por favor, fala menos rápido, porque não entendi uma sequer palavra - Esbraveja a mesma. Respiro fundo tentando arrancar coragem para propor essa loucura que estou prestes a cometer.

- Preciso que finja ser minha namorada, para minha mãe - ela me olha assustada e ao mesmo tempo me repreendendo com olhar. Ok, isso não foi tão ruim quando imaginei, droga - Contei uma mentira para não ir passar o feriado na casa dela, acabei dizendo que minha namorada estava grávida e não poderia viajar. – Cocei a nuca em total sinal de nervosismo, apenas querendo que um buraco se formasse em minha frente para eu me jogar dentro e nunca mais surgir em sua frente.

- Sua namorada está grávida? Você tem namorada? - diz confusa, após alguns minutos em silêncio.

No mesmo momento, ela desfaz a cara de confusa e abafa o riso com a mão.

- Rafa - sussurro impaciente, meu rosto deve estar mais vermelho do que a camiseta que ela está usando no momento.

Nunca havia visto ela rir tanto, na real nunca vi ou ouvi seu riso, mas realmente é um som gostoso de ouvir. Saio de meus profundos e confusos pensamentos com a voz da minha mãe no celular.

- Por favor, te faço qualquer coisa! - imploro com o meu melhor olhar pidão.

- Tudo bem, eu faço, não precisa me prometer nada - Rafaella pega o celular da minha mão e ativa o viva-voz.

- Gizelly Bicalho, não me ignore assim, ou irei ter que ir ai, dar-lhe várias palmadas, até que tenha que implorar para parar.

Rafaella segura o riso e em sequência diz:

- Oi! Dona Marcia! - Me surpreendo com a voz de Rafaella ao falar docilmente com minha mãe, por sorte ela não percebe o meu estado, e continua ao celular.

- Você é minha nora? Ah meu Senhor Amado! Não acredito que vivi para ver isso – Fala animadamente.

- Sim, é o que penso! - respondo, revirando os olhos.

- Qual o seu nome, minha querida? – pergunta mamãe me ignorando.

- Rafaella Kalimann, senhora! – Rafaella responde enquanto me lança um olhar tranquilizante, o que me faz perceber que ela notou meu nervosismo.

- Minha querida, tenho tantas perguntas para você. Seu nome é tão lindo, e por favor, me chame apenas de Marcia, sem o Dona. – Mamãe responde gentilmente, confesso que essa conversa entre as duas me trouxe uma sensação boa, saio de meus devaneios com a fala de minha mãe, que me faz paralisar no mesmo segundo. - Querida, conversa com sua mulher e venham passar o Natal comigo?

Agora ferrou de vez! Estava indo tudo bem para ser verdade, como vou sair dessa furada? Rafaella estava com a respiração alterada e visivelmente frustrada.

Percebo que Rafaella ficou sem resposta e resolvo tomar a frente.

- Mãe, já lhe disse que não podemos, Rafaella precisa de calma e repouso! - Digo torcendo para minha resposta ter um resultado positivo.

- Querida, você está com quantos meses? - pergunta minha mãe, me ignorando mais uma vez.

- 5 meses, do... Marcia! – Rafa responde enquanto me olha implorando por ajuda.

- Então... Eu irei! - Exclama Dona Marcia.

- Para onde? – Rafa pergunta assustada enquanto acena desesperadamente quando percebe que fiquei sem saber o que fazer.

- Passar o Natal, com vocês, oras!

- Mãe, a senhora sabe que não é possível, meu apartamento é pequeno! - tento convence-la.

- Filha, quero conhecer a mãe do meu neto antes dele nascer. E e eu não vou estar aqui para sempre. - Argumenta ela.

- Quanto drama! – reviro os olhos para a fala de minha mãe.

- Marcia, nós iremos passar o Natal com vocês. – Rafaella responde enquanto passa as mãos pelos cabelos em total demonstração de nervosismo. Como ela pôde fazer isso?

Minha mãe deu mais um grito do outro lado do celular, e eu juro que se eu escutar mais uma vez, eu realmente terei problemas auditivos.

- Ah, meu Deus! Você não sabe como fez essa velha feliz. – Suspiro me jogando no sofá enquanto levo minhas mãos até meu rosto, reprovando a atitude da mulher.

- Então agora vou desligar! Vou preparar tudo para ser o melhor natal de todos.
Espero vocês aqui, obrigada Rafinha
. - Ela desliga sem ao menos esperar uma resposta. E eu? Entro em total desespero, porque tudo já estava muito complicado, antes de Rafaella Kalimann piorar.

Namorada de aluguel - (Girafa Version)Onde histórias criam vida. Descubra agora