Marked-Tom Kaulitz

02

Estava a caminho do colégio quando percebi um automóvel preto.

O mesmo veículo de antes...

Ou não.

Não conseguiria distinguir com tantos automóveis idênticos nesta metrópole. Caramba, o que raios está acontecendo?

Aumentei a velocidade do meu Fusca, presente de minha avó nos meus dezesseis anos, porém o veículo era incrivelmente antigo e a máxima velocidade que podia atingir era de quarenta por hora.

Qualquer veículo me superaria nessa velocidade.

Os vidros do automóvel que me  seguia eram escurecidos, impossibilitando ver algo ou alguém no interior. Contornei a esquina e, para minha sorte, havia algumas pessoas, não que isso impedisse alguma coisa, mas ao menos me senti protegida.

Olhei para trás e já não avistava mais o carro, um suspiro de alívio escapou dos meus lábios.

Talvez ele nem estivesse me perseguindo, talvez seja apenas coincidência.

Aterrissei na escola no momento exato. Kayla estava na sua turma  rindo com o braço sobre o ombro de Heath, meu ex-quase-namorado. Eles estavam diante do colégio com nosso “grupo de amigos” ou melhor, de Kayla. Para ser honesta, nunca desejei fazer parte desses insensatos.

— Aí está você Zoey, estávamos falando de você agora apouco — Kayla se aproxima de mim e me empurra pelos ombros até que eu esteja no meio da roda.

— Qual o assunto sobre mim, posso saber?

— Não sobre você, mas sim sobre seu irmão. Fiquei sabendo que ele foi preso ontem por dirigir um carro roubado e se não fosse pela fiança paga pelo seu padrasto Piter não teria saído da cadeia — Heath diz enquanto olha em um pequeno espelho e ajeita sua sobrancelha esquerda.

Esse gesto é tão irritante.

Puxo Kayla pelo pulso e caminho com ela para longe do grupo. 

— Contou a eles que Piter foi preso?

— Qual é Zoey a escola inteira sabe disso —ela puxa seu pulso do meu aperto e massageia o local.

— Disse ou não? — pergunto em um tom sério.

— Disse, mas eles são nossos amigos e

— Não, Kayla, eles são seus amigos e não meus. Não gosto que fique espalhando as coisas que te conto.

— Aí pare de exagero, todo mundo sabe que seu irmão é um perdido — ela revira os olhos.

— Engraçado que ontem mesmo você o defendia.

— Mudei de ideia, o que foi? Não posso? Ou só você pode mudar de ideia aqui?

— Certo — Deixei Kayla onde estava e adentrei a escola.

Ao passar pelo corredor da escola, percebi olhares sobre mim e alguns cochichos, mas decidi ignorar. 

Parei diante meu armário e o abri para pegar alguns livros e cadernos para a aula de hoje.

Foi quando o vi…

Ele estava abrindo seu armário quando de repente parou e se virou para mim.  Agora estar com meus óculos e mais próxima dele me permite vê-lo melhor, vejo o quão branca e pálida sua pele é e o quanto ele é atraente, mesmo parecendo que não toma sol há anos.

— Está tudo bem? — Pergunto, mas não recebo resposta.

Ele apenas se vira novamente para o seu armário e tira alguma coisa de dentro e sai sem falar nada.