burning.

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— Tudo bem, né filho? tudo certo com as coisas? — a mulher perguntou se virando antes de sair de vez de dentro da casa.

— Pelo amor Candida! — Kelvin murmurou a empurrando levemente para fora — Ta tudo certo, tudo arrumadinho e resolvido, agora vai se não cê perde o voo

— Tá, tá bom. — A mulher se virou e agarrou o menino uma última vez, bem forte — Juízo Kelvin! — Bateu no ombro do filho, e foi embora, em direção ao Uber que a esperava na calçada da casa.

Kelvin era filho único e adotivo de Candida, desde que ele se conhece por gente, e ele reconhecia que a mãe solteira precisava de um tempo pra viver a vida. Por isso que agora lá estava ele cuidando da casa sozinho por uma semana inteira enquanto sua mãe aproveitava e se aventurava pelas ruas do Rio de Janeiro.

Já eram quase onze da noite, e Kelvin estava enterrado no tédio, já tinha assistido todos os filmes possíveis, terminando sua série pendente e quando pegou o celular pra pesquisar alguma indicação de filme a notificação caiu no momento certo.

Seu pacote havia sido entregue.
A algumas semanas Kelvin havia feito uma compra um tanto quanto inusitada, algo que ele nunca teve contato pra falar a verdade. Não o julguem! Ele pode ser um adulto com seus vinte e dois anos e mesmo assim nunca ter tido contato com brinquedos desse tipo.

Quero dizer, ele nunca precisou de um vibrador pra se satisfazer, ele facilmente tinha um companheiro e se não tivesse poderia usufruir de suas próprias mãos. Mas ele estava um tanto quanto intrigado em tentar algo novo, mesmo que sozinho.

Por um segundo, ao ler a notificação ele não percebeu, mas em seguida logo reparou que não pegou pacote nenhum, e a notificação confirmava exatamente que o pacote havia sido entregue.

Será que o largaram na porta da casa? Sem mais nem menos?

Se levantou do sofá e foi até a porta, a abrindo, olhou para baixo e para os lados. Nada.

Estranho.

Foi em direção ao quarto, em busca do seu computador na tentativa de enviar alguma mensagem a empresa, identificando algum erro ou algo do tipo.

Mas parou no meio do corredor quando ouviu a campainha. Franziu o cenho confuso.

Andou até a porta novamente, a abrindo sem nem se quer olhar pelo olho mágico.

A visão que ele teve foi a mais inimaginável possível.

Lá estava seu vizinho Ramiro, com seu pacote nas mãos. Com uma bermuda esportiva e uma camiseta debruçada nos ombros largos, o peitoral tinha algo brilhoso que ele julgava ser suor.

— Eu acho — Ramiro dizia trocando o peso do corpo das duas pernas para uma só — Acho que isso aqui é seu — Levantou a mão esquerda que carregava o pacote, com um sorriso de lado.

— Ah — Kelvin sentiu suas bochechas queimarem ao ponto de derreter. — É a-acho que s-sim. — Desesperado ele ergueu a mão pra pegar o pacote do maior, que desviou, o impedindo.

— Perai — Ele deitou a cabeça pro lado, fingindo uma confusão — Kévin kévin — Passou a lingua pelo lábio inferior — ocê ao menos sabe usa' isso?

— Que? — Kelvin arregalou os olhos — Cê nem sabe o que tem ai. — Soou mais como uma pergunta do que como uma afirmação.

— Não? — Ele estreitou os olhos — ocê ta me subestimando, e acho que eu também fiz isso com você — Ramiro desceu seus olhos por todo o corpo do menor. — Aparentemente.

— Entra. — Kelvin disse curto.

Mais uma vez, não o julguem. Ramiro não era um completo desconhecido, eles já se conheciam a no mínimo cinco anos, mesmo que durante todo esse tempo nada tivesse passado de uma tensão sexual palpável, mensagens ousadas e um único beijo roubado que mal podia ser lembrado com todos os detalhes já que partiu de dois corpos hipnotizados pelo álcool.

BURN | oneshot kelmiro Where stories live. Discover now