Capítulo 44

226 40 34
                                    

Matteo.

Eu não aguento mais esse país, essa cidade e principalmente esse bairro, ou melhor, essa comunidade, contudo me calo. Tolero só para ver minha morena, minha maravilhosa esposa feliz, se é que ela está feliz.

Minha esposa!

Sim, nós nos casamos há dois meses somente no cartório sem qualquer pompa. Rebeca, assim como eu, não gosta de redes sociais, badalações ou qualquer coisa que a exponha. Claro que eu pretendo viajar com ela em uma lua de mel assim que nós voltarmos para a Itália e eu ajeitar as coisas que estão pendentes.

Deus! Há tanta coisa pendente.

Para começar, nós ficamos de voltarmos para a Itália assim que a avó de Rebeca morresse, o que demorou mais de três meses. A senhorinha prolongou a vida até não poder mais, isso tendo uma festa de despedida quase todas as sextas e sábados com o que eles chamavam de roda de samba.

E eu descobri que a alegria prolonga a vida. A velha não morria.

Meu irmão me infernizava à vida perguntando quando eu voltaria e eu garanti que assim que ela morresse, o que não deveria demorar muito dado o estado avançado do câncer, eu voltaria.

Ledo engano...

A criatura demorou a morrer, e quando até que enfim ela descansa, o que já passou um mês, Rebeca me pediu uns dias para ajudar nas coisas da mãe e de quebra, do tio.

Só que essa desgraça que Rebeca chama de mãe é a pessoa mais fria e desalmada que já conheci na vida, e olha que de gente ruim eu conheço e até me colocaria no rol dos piores.

Patrícia é a pessoa mais egoísta, narcisista, fria e nojenta que eu já conheci na vida. Ela é uma cópia pobra de Graziella, por isso é pior. Ela é incapaz de ter algum sentimento bom por outra pessoa. Nem o irmão cafajeste dela é tão seco e desprovido de compaixão quanto ela. E tiro isso quando vi a mãe dela passando mal e Rebeca sair de casa por diversas vezes para atender um chamado do tio que não sabia o que fazer para ajudar a mãe, e Patrícia ignorar completamente o socorro.

Patrícia não apareceu no casamento da única filha.

Patrícia não é capaz de dar um beijo no neto quando vem aqui em casa tomar café da manhã quase na hora do almoço, e almoçar quando Rebeca já está preparando o jantar.

Patrícia só pensa em dinheiro, só pensa em como tirar proveito de uma situação. Claro que eu continuo sendo um ex-segurança cuja grana está contada. Rebeca também pediu que até irmos embora, era melhor continuarmos com esse papel, tanto que tirou a aliança e guardou, preferindo comprar uma de aço inox.

Aço inox! Fingir eu até acho certo não mostrar quem eu sou na verdade, mas não precisava chegar a tanto.

Inferno.

E nós não vamos embora porque minha esposa, que parece que é carente de afeto materno, se submeteu a ajudar essa peste que se morresse, não faria falta a ninguém. E quando eu digo a ninguém, é ninguém mesmo. Nas várias festas que fizeram para Donana, forma carinhosa de chamar a avó de Rebeca, ela era ignorada pela maioria ou somente atendida para agradar a senhora. O Jamil ainda chega e é benquisto por todos como Gilvan me falou, mas essa coisa... não.

— Não conseguiu dormir? — Rebeca me tira dos meus pensamentos ao aparecer na sala vestida com o conjunto de baby doll simples, mas sexy pra caralho que eu tirei dela antes de ir pra cama ontem.

Puxo-a pela cintura, colocando-a no meu colo.

Como posso ser tão louco por uma mulher tão bobinha, tão carente?

Completamente, Seu (Livro 2 - Traídos)Onde histórias criam vida. Descubra agora