Morga - A Maga do Vento

8. Heimfra e o Código Sagrado - Terceira Parte.

Ouviram-se passos do outro lado dos arbustos.

— Onde estão vocês? — A voz baixa da Bramante soou como música aos ouvidos da jovem Imperfeita.

— Estamos aqui, Eremia! — Morga mostrou-se por entre os arbustos.

A velhíssima Fhar cobrira a cabeça calva com uma touca feita com o pelo alvo dos perigosíssimos Cramos, e estava envolvida numa capa prateada. Usava a Kaplá, mas seus olhos brilharam como estrelas quando viram a garotinha.

Os Dakis a saudaram inclinando a cabeça em sinal de respeito, ao passo que Morga correu ao seu encontro para abraçá-la.

— Senti tanta saudade de você. Tenho medo por você e por meu pai. O vírus poderia atingi-los também.

A Maga do Vento permaneceu com o rosto apoiado na capa e sentiu o perfume de especiarias e ervas alquímicas. O cheiro da Casa da Bramante e das essências do Panacedarium era inconfundível. Eremia tinha o aroma daquele concentrado de magia que Morga conhecia desde sua infância.

— Não é o momento nem o lugar apropriado para falar dessas coisas. As Sentinelas estão próximas — respondeu a Fhar, com muita pressa.

Constrangida pelo afeto que Morga demonstrava ter por ela, a xamã desvencilhou-se da garotinha e enrijeceu ao ver os Dakis, que haviam ficado imóveis assistindo à cena insólita. Fhar algum jamais lhes dera tanta confiança.

Drima retraiu-se, fechando bem a gola do macacão térmico, Horp virou-se para chegar os Piróssios e Yhari baixou a vista fazendo uma careta de dor.

— Você está passando mal? — preocupou-se Eremia.

Yhari mostrou o rasgão do macacão, e a Bramante gemeu:
— Dentro em pouco estaremos num local aquecido e encontraremos um jeito de consertar o macacão. Mas posso saber que caminho vocês fizeram para chegar até aqui? E por que há somente dois Piróssios? — Aquelas perguntas mereciam resposta imediata.

— Encontramos o mapa das Conduturas Cobríficas numa lojinha de Karash e passamos pelos subterrâneos — explicou a jovem maga.

Fim da Terceira Parte.