18º Capítulo {Livro Quatro}

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Anoiteceu...

Eu sei disso, porque eu nada vejo, além do puro breu.

Parece que os criados se esqueceram de acender todo e qualquer lampião. Todo e qualquer candelabro. Todo e qualquer castiçal.

Quando estendo as mãos ao lado do corpo, procurando algo em que me amparar, sinto que as pontas de meus dedos resvalam em paredes frias.

São rústicas demais para pertencerem ao patamar superior, ásperas demais.

Devo estar nos calabouços do castelo e não lembro como cheguei aqui. Por mais que force a mente, eu não me lembro.

Ouço um gotejar constante que fica mais alto a cada passo vacilante de meus pés descalços.

Ao ser tocada por uma brisa repentina, a camisola de tecido leve, dança num ritmo único, acariciando minha pele.

Mesmo sem ter ideia de onde estou e como cheguei aqui, decido prosseguir até encontrar uma saída.

Apalpando sem cessar, avanço alguns passos e subitamente, meus olhos encontram a luz.

Contemplando o corredor, que agora posso ver melhor, percebo que estou rodeada por tochas acesas, presas em seus suportes.

Ainda as observo intrigada quando ouço um sussurro, vindo da escuridão à frente, dizer-me:

"Por aqui"

No mesmo instante, desvio a atenção para o final do corredor e deparo-me com uma imensa porta.

De repente, suas frestas permitem a passagem de feixes de luz, como se o sol houvesse nascido do outro lado da madeira.

Assim, dou um passo adiante, mas a luz vai aumentando de intensidade até se tornar insuportável. Por isso, paro meus avanços e com os olhos irritados pela claridade, ergo as mãos para minha proteção.

Por entre meus dedos, vislumbro que a força do calor faz com que a porta derreta e quanto esse mesmo calor me atinge são os meus dedos que começam a derreter.

— Já acordou? — indaga Desiderata assim que abro os olhos. — Que ótimo!

Sobressaltada por ouvir sua voz, ergo-me nos cotovelos e encaro a dama que se encontra de braços cruzados ao lado de uma das colunas do meu dossel.

Por um momento, sinto-me retesar amedrontada, porém, logo me recordo da conversa que tivemos ontem e relaxo a minha postura.

— Ainda está aqui — comento, coçando meus cabelos bagunçados.

— E vós também — ela acrescenta com um sorriso cheio de significados.

Então, decidida a ignorá-la, me espreguiço com um bocejo e lanço as cobertas ao lado, para assim, poder abandonar o leito. Ajeito minha camisola, que se enrolou até os joelhos, coço a cabeça mais um pouco e com as vistas levemente anuviadas, caminho até minha vasilha.

À Espera da Coroa - LIVRO 4 - CIR.Onde histórias criam vida. Descubra agora