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Eu não respirava, e não me mexia, estava tudo congelado, eu estava congelada percebi por fim. Eu ainda lembrava da sensação, aquela que parecia precionar meu peito até ficar sem ar nos pulmões e com um nó na garganta. Me lembrava de ter sido tirada da cama no meio da madrugada e de terem vendado meus olhos e colocado uma mordaça em minha boca.

O desespero que certa vez senti voltou para me e de novo eu me encontrei sem poder fazer nada, somente assistir, era essa a minha tortura.

Quando fui cuspida no chão e o freérico de cabelos ruivos se aproximou....

A respiração ofegante, cobertores no chão e a garganta seca os olhos ardiam e o estômago se revirando " eu estou salva, eles estão mortos "  falei para me mesma em minha mente.

Eu me levantei indo direto para o banheiro, onde liguei a torneira peguei um pouco de água gelada e joguei no rosto na esperança do choque com a água me despertar, a respiração se normalizando. Eu me encostei contra a porta do banheiro e deslizei até estar sentada no chão, percebei por fim que precisava de um banho, tinha acordado muito atordoada e com o corpo suado a roupa com qual dormi parecia grudar em minha pele.

Saindo do banheiro notei que os primeiros raios de sol ainda estavam surgindo, então levei bastante tempo no banho. Fiquei ali apenas me concentrando em respirar e tentando esquecer o pesadelo da noite, aquilo seria difícil a algum tempo não tinha um pesadelo tão vivido. Algo em me se agitou como se estivesse tentando me confortar, respirei fundo contendo aquilo tudo.

Quando sai do banheiro os raios de sol estavam mais quentes apesar da neve, me sequei e coloquei a primeira roupa que encontrei, um vestido verde simples e...ali em cima da penteadeira estava ele o colar que ele dera a ela de presente na noite passada. Ontem ela estava tão cansada que quando chegou no quarto depois de ser recusada por ele apenas derramou lágrimas silenciosas sobre o colchão e as cobertas e se deixou levar pelo sono ela era um erro, ele dissera isso e desaparecera.

Eu encarei o colar me perguntando o que exatamente eu deveria sentir, frustração? Raiva? Tristeza? Ela não achava que tinha o direito de sentir algo, afinal ela apenas entendeu tudo errado. Aquilo nunca aconteceria novamente.

Eu por fim decidi colocar o colar de volta na pilha dele, pensei se deveria colocar um bilhete escrito que não poderia aceitar aquilo, mas desisti. Fui direto para a cozinha, hoje é dia de preparar comida para ressaca, coisas leves que não faria ninguém querer vomitar ela riu com o pensamento de Cassian e Feyre vomitando.

-  Do que está rindo a essa hora da manhã?-  perguntou Nuala entrando e me assustando.

- Apenas pensando em todos eles de ressaca - sorri novamente

- Definitivamente não é uma imagem bonita- Nuala respondeu

- Onde está Cedrridwen ? - perguntei percebendo que ela não tinha aparecido junto com Nuala.

- Uma ressaca muito cruel- não contive o sorriso.

- Muito divertimento ontem? - perguntei erguendo as sobrancelhas

- Bastante - ela respondeu erguendo um lado dos lábios

- Acho que farei biscoitos de leite e bastante café, leve para ela depois ok?

Nuala deu um aceno com a cabeça.

- Hoje é bem provável que ninguém passe o dia em casa - Nuala falou comendo alguma coisa que encontrou.

- Se não passarem podem levar e comer em outro canto - falei batendo a massa dos biscoitos e adicionando mais leite.

- Você deveria sair hoje também, vê as ruas de Velaris e a paz que se tem na cidade depois do solstício, parece que todos estão cansados demais para fazer alguma coisa - dei de ombros, aquela manhã estava mesmo mais silenciosa

- Talvez eu vá - respondi pensado que sair de casa seria um pouco bom. Se isso ajudasse a esquecer o que aconteceu seria bem melhor.

ℭ𝔬𝔯𝔱𝔢 𝔡𝔢 𝔢𝔰𝔭𝔩𝔢𝔫𝔡𝔬𝔯 Onde histórias criam vida. Descubra agora