Capítulo 2

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            Enquanto estava apreensivo e ainda intrigado com toda aquela história, Adam estava comigo no quarto me ajudando com a mala e me explicando algumas coisas que eu ainda precisava entender, muito provavelmente, para evitar mais questionamentos. Ele me conhecia bem e sabia como eu tinha um apego por reclamar e questionar tudo. Talvez isso tenha feito eu demorar um pouco mais para terminar de arrumar uma mochila de roupas com o que eu precisava para passar os próximos meses nesse tal Refúgio.

          Pelo que eu entendi da explicação de Adam, era crucial que quando um adolescente descobrisse ser um semideus, ele ficasse durante um tempo treinando coisas básicas que todo meio-sangue precisava saber. Na maioria das vezes, esse tempo era três meses todo dia, sem muito descanso e sem muito contato com o mundo humano, para não gerar problemas entre o mundo humano e o mitológico, pelo que entendi. Isso me deixava cada vez mais relutante, ficar longe da minha mãe durante todo esse tempo ia ser a coisa mais difícil para mim. Éramos só nós dois desde que eu nasci, nunca a deixei por tanto tempo.

...

          Você pode estar se perguntando, o porquê dessa ser a minha maior preocupação e não os monstros que teria que enfrentar daqui pra frente, ou porquê minha maior preocupação não era descobrir que era um semideus e que os deuses poderiam querer me matar. Mas não vou ser hipócrita de dizer que eu não gostei da ideia de ser um meio-sangue, não sou como aqueles personagens de filmes e desenhos que descobrem que tem superpoderes e ficam paranoicos, assustados, surtando desesperadamente e tudo mais. Até parece que você ficaria diferente de mim se descobrisse tudo aquilo que eu descobri, afinal não é a pior coisa ser filho de um deus do Olimpo e descobrir que tem superpoderes, admitam. Pelo menos não é a pior coisa por enquanto.

...

           Após terminar de organizar minha mala, eu e Adam saímos do quarto e esperamos minha mãe. Segundo ele, ela nos levaria até o cais no centro da cidade, onde pegaríamos um barco que tinha o único objetivo de atender as necessidades do tal Refúgio para semideuses.

         É... Acreditem se quiser, mas esse lugar para semideuses era em uma parte quase intocada da ilha mais conhecida da minha cidade, a Ilha Grande. Isso era bom? Claro... Ilha, praia, gosto dessas coisas, mesmo que Adam tivesse cortado meu barato ao ver minha animação quando estávamos indo em direção ao centro da cidade para pegar o barco.

         – Não vai se animando muito não, isso não vai ser como férias na praia. Vai ser um pouco mais complicado que isso, mesmo que o lugar seja incrível e à primeira vista dê para aproveitar bastante para relaxar lá, isso é a única coisa que a gente não faz por lá.

           Eu olho para ele do banco do carona e dou de ombros pensando que se fosse fácil demais como queria que fosse, não seria minha vida. Aliás mesmo com tudo que relatei, pareceu que minha vida era bem fácil e nenhum pouco complicada, mas já passei por coisas que vocês nem mesmo acreditariam. Apesar de Zeus, aparentemente, querer me dar uma vida normal me distanciando de quem eu realmente era, eu tive muitos altos e baixos durante esses dezesseis anos de vida.

           Assim que Adam termina de falar, minha mãe olha para mim de lado sem tirar os olhos da pista e diz algo que me deixa um tanto quanto confuso e irritado.

         – Isaac... Preciso te contar mais uma coisa que eu também deixei de contar durante todo esse tempo. Espero que não fique chateado por isso, até porque eu também não tive muita opção. Na verdade, ainda me pergunto porque eu fui me relacionar com Apolo. Isso só me causou problemas.

         Eu a olho ainda sério, mas com cara de confuso, sem entender muito o porquê ela estava falando aquilo. Entretanto esperei até que ela começasse a explicar para poder falar algo.

A Origem de um Legado - Vol IOnde histórias criam vida. Descubra agora