Capítulo Bônus

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"Laís Castro"

Maia e Su eram as piores e eu tinha como provar.

Como aquelas duas desmioladas inventaram um raio de amigo secreto em cima da hora?

Ainda por cima esperavam que eu tivesse tempo para comprar um presente para alguém que eu ainda não sabia quem era, pois uma delas sorteou por mim, e tentasse não parecer uma tia desnaturada para o meu sobrinho encontrando algo para ele também.

Alguém ali lembrava que eu era uma trancista com agenda esgotada e que por mais que tivesse ajudantes, nenhum de nós tinha uma vida para além das portas do estúdio no final do ano?

Aparentemente, não.

Irritada, com fome e sentindo como se meus pés fossem cair a qualquer momento, eu percorri aquele shopping inteiro em busca de algo para presentear o bebê Vitale, mas convenhamos: o que aquela criança não tinha?

Foi assim que me decidi por um cavaquinho minúsculo que produzia uma sonoridade bem distante da original. O moleque seria o primeiro italiano pagodeiro ou eu mudaria meu nome. Lorenzo que lute.

Agora havia o presente para o meu amigo secreto. Eu realmente detestava aquilo desde os tempos de escola, onde presenteava com algo bacana para receber "literalmente" uma lembrancinha em troca. Uma lembrancinha de que ninguém consegue presentear alguém de quem não é íntimo.

No auge do meu cansaço, descobri que empreender estava me tornando amarga. Eu definitivamente precisava de uma assistente ou algo assim.

Na última parada comprei um pequeno mimo para Elise. Ela começava a se soltar conosco e gostaria que se sentisse ainda mais acolhida. Enquanto equilibrava as sacolas tentando encontrar minha bolsa em meio a elas, percebi os olhares atentos das vendedoras.

Apenas quando as sacolas foram tiradas das minhas mãos que entendi. Conti ainda viraria pescoços mesmo quando estivesse nas vésperas de seu centenário. O coroa era ridiculamente gostoso e eu não me cansava de secá-lo. Tal como as meninas do caixa o faziam naquele momento totalmente descaradas.

Ciao, piccola — cumprimentou sério, sem tirar os óculos escuros.

Umedeci os lábios sem querer, deixando meus olhos caírem pelos ombros largos e o peitoral marcado pela camiseta cinza. Cinza era definitivamente sua cor.

— Oi — murmurei tardiamente. Então sorri para as atendentes ainda perdidas na situação. — É meu guarda costas. — Direcionei meu olhar a ele enquanto aproximava o cartão da máquina sobre a bancada de vidro e baixei o tom como se contasse um segredo: — Ele é italiano.

Percebi o repuxar no canto de seus lábios e mal prestei atenção no que as duas mulheres diziam.

Aquele sorriso, quase imperceptível, acabava comigo, porque era o sinal claro de sua rendição. Não que restassem dúvidas. O gringo era meu.

— Obrigada, meninas. Feliz Natal. — Acenei e saí deixando-o me seguir, sabendo que estava causando uma cena e tanto.

Senti o celular vibrando e esperei até estarmos na escada rolante para conferi-lo. Eu não reconheci o contato, mas ainda assim o atendi.

— Alô?

— Oi, Laís.

Fechei os olhos por breves segundos, respirando fundo. Tentando me convencer de que estava tudo bem, de que era só um telefonema normal de uma mãe e que não havia nada a temer. Não mais.

— Oi, mãe.

Eu podia sentir o olhar atento de Conti sobre mim, assim como o ritmo de sua respiração denunciava a vontade de arrancar o celular de minhas mãos e me impedir de falar com ela.

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⏰ Última atualização: Dec 08, 2023 ⏰

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