𝓘𝓶𝓪𝓰𝓲𝓷𝓮 𝓖𝓱𝓸𝓼𝓽 - 𝓢𝓲𝓶𝓸𝓷 𝓡𝓲𝓵𝓮𝔂

Mais do que você imagina

Sento-me frustrada na sala de treinamento. Meu coração palpitava devido a intensidade do meu treino. 

Eu estava furiosa. Simon havia chegado de sua missão há uma semana, mas mal conversávamos ou passávamos um tempo juntos. Ele não estava nem mesmo dormindo comigo. Que merda de namoro é esse?

Simon sempre chegava um pouco calado das missões e eu sempre respeitei seu tempo e seu silêncio. Entretanto, uma semana era tempo demais. Eu sentia falta do meu namorado.

Termino meu treino e vou para meu quarto tomar um banho. A água fria acalma meu corpo e meus pensamentos. SImon ainda rodava minha mente, ele nunca passou tanto tempo assim. Eu sabia que muitas coisas aconteciam na missão e ele, como tenente, estava sob constante pressão.

Após o término, coloco meu uniforme de rotina e sigo para o refeitório para jantar com os demais. 

Quando chego, não estava tão cheio. Sento-me com Soap e aos poucos os soldados vão chegando e ocupando as mesas. Simon também chega e se senta ao meu lado. 

- Como tem sido seu dia? - Ele pergunta me olhando. Sua balaclava cobria seu rosto, mas eu percebia seu olhar tranquilo.

Eu deveria respondê-lo como de costume, mas depois de uma semana praticamente sem falar comigo, ele não pode só chegar como se nada tivesse acontecido.

- Normal. - Respondo desinteressada e ele de imediato percebe que tem algo errado, mas não fala mais nada.

O jantar segue normalmente, mas não conversamos. Soap falava algo com os soldados que também estavam sentados consco, mas eu não estava prestando atenção.

Termino de comer e me levanto. Coloco minha bandeja com as demais e saio de lá. Simon faz o mesmo e me segue em silêncio. Quando estamos perto do meu quarto, viro-me para ele irritada.

- Por que está me seguindo?

- Você parece estressada, apenas queria conversar com você. - Ele diz simplista.

- Agora você quer conversar? - Digo sarcástica enquanto entro no meu quarto e ele entra em seguida, fechando a porta. - Você passou praticamente a semana toda sem falar comigo e agora vem com essa que quer conversar porque eu pareço estressada? - Falo irritada.

Simon parece tenso a medida que escuta minhas palavras e parece estar começando a ficar irritado.

- Eu sei que semana não conversamos muito, mas isso não quer dizer que não me preocupo com você, você sabe disso. Eu só estava com muita coisa na cabeça. Não queria te magoar.

- Essa semana nós não conversamos, não dormimos, não nos tocamos, não fizemos nada juntos! Nem mesmo parece que namoramos, porra! - Minha voz saia mais alta a cada palavra. - Você fez um excelente trabalho em não querer me magoar!

- Eu tive uma semana difícil. Minha semana foi uma droga, me desculpe se não consegui me dedicar 100% a você. - Ele diz irritado e um pouco irônico no final.

Minha raiva só aumenta com sua fala.

- Não quero que você se dedique 24h por dia, seu idiota. Eu só quero que você me trate como a porra da sua namorada! - Grito enfurecida. 

- Mas para fazer isso, eu preciso cuidar de mim antes! Você sabe que as missões são complicadas, minha cabeça fica um turbilhão. Eu queria dar toda a atenção que você merece, mas eu preciso lidar comigo mesmo antes. Eu estou exausto, estou cansado. Se eu estiver com você nessa situação, só vou te desgastar e não vou conseguir te tratar como deveria. - Ele de fato parecia mais cansado que o normal. Sua voz parecia desgastada e seus ombos estavam tensos.

- Você está exausto ao ponto de não conseguir nem falar comigo direito? Que merda, Simon. Você acha que só você teve uma semana difícil? Eu sei que suas missões são complicadas e nem imagino o que você passa, mas isso não anula o que eu passo aqui. Eu fico preocupada, eu sinto sua falta. Eu só quero você chegue, que você volte para mim. Mas você volta e nem mesmo me abraça direito. Você não pensa em como eu me sinto com isso?

- (S/n)... Não estou tentando anular nada do que você sente, Mas de fato, você não pode nem imaginar o que passo. Porra. Eu... Eu pensei que sempre estaria preparado para enfrentar tudo, que por mais assustador que fosse, eu iria aceitar qualquer coisa que acontecesse comigo. Mas desde que nós começamos a nos relacionar, tudo mudou. Você acha que eu não me preocupo? Que eu deixo você aqui e fico bem? Não, (S/n). 

Ele respira fundo como se as palavras estivessem presas em sua garganta.

- Eu só penso em você, em como quero chegar e ver seu sorriso, saber que você está bem. Eu... eu tenho medo do que possa acontecer, de não voltar, de nunca mais te ver. Cada vez que nos despedimos, eu tenho medo de que seja a última vez que vou te beijar, te tocar. Eu não quero deixar você, não quero ficar em outro lugar que não seja ao seu lado.

Ele puxa sua balaclava, mostrando seu rosto. Ele se senta em minha cama e olha para o chão. Seu olhar perdido, chateado.

- Eu sei que não tenho sido um bom namorado. Eu deveria chegar das missões e te encher de beijos, abraços. Matar essa saudade absurda que sinto no meu peito. Mas ainda é tão complicado para mim fazer isso. Eu quero, mas a missão mexe tanto com a minha cabeça que acabo me isolando de você. Eu me sinto sujo, cada vez com mais sangue em minhas mãos, mais desastres, mais perdas. Eu ainda não sei lidar com tudo isso, por mais tempo que passe. Eu sei que você também tem seus problemas, seu sentimentos e eu devo estar do seu lado. Eu tento, eu realmente tento. Mas essa semana, exclusivamente, não estou no meu melhor estado.

Sento-me ao seu lado e passo a mão em suas costas. Eu nunca pensei que Simon sentisse tudo isso, Ele sempre foi tão impassível, nunca demonstrou muito. Sinto uma enorme vontade de chorar, mas me mantenho firme.

- Me desculpe, meu amor. Eu fui um babaca com você essa semana e vou tentar mudar isso. 

- Não, Simon. Você não precisa mudar. Eu que fui infantil. Você tem seus limites e precisa do seu espaço. 

Era difícil pensar em tudo que Simon passava, tudo que ele via e fazia duante suas missões. As decisões que poderiam afetar a vida de todos. A perda, a matança. E mais um adicional: Eu. O mesmo medo que eu sentia de perdê-lo, ele também sentia. A formava com que lidava com esses sentimentos, era ficando sozinho. Era tirando um tempo para si. Era óbvio que eu queria que ele compartilhasse isso comigo, mas era difícil para alguém que nunca teve ninguém, se abrir de uma hora para outra. Mudanças requerem paciência... E muito amor.

- Mas eu deveria encaixar você nisso. Você é meu porto seguro, meu ponto de paz. Eu só tenho medo de afetar você com meus problemas. Você é a pessoa mais importante da minha vida. Não quero te sujar. São tantas coisas ao mesmo tempo. 

Seguro sua mão e nos encaramos. Seu olhar triste, pesado e arrependido.

- Meu amor, eu entendo a forma que você acha melhor de lidar com a sua dor. Eu devo respeitar isso. Mas é claro que um dia, eu espero que você se sinta confortável para compartilhar comigo, porque eu quero te ajudar a carregar isso. Você não vai me sujar. Você não está sujo para mim. Eu quero te apoiar em tudo, quero rir com você, quero chorar, quero xingar. Eu quero viver tudo com você.

Ele aperta minha mão e sorri.

- Eu te amo. Mais do que você imagina. - Sorrio com suas palavras.

- Eu te amo. 

Notas autora

Quis testar uma escrita um pouco diferente voltada nos sentimentos dos personagens. Espero que gostem. Perdão pelos erros ortográficos. Esse capítulo ainda não foi revisado. Não se esqueçam de votar e mandar suas sugestões.