A Parada LGBTQIAP+ de Madureira foi incrível. Apesar do clima frio e do arrastão (ou empurra-empurra) no fim do evento, tudo fluiu muito bem, principalmente para os reis da festa, que estavam para lá de soltos perto um do outro. Algumas mãos bobas encontraram seus caminhos nos rostos e corpos um do outro, bem despretensiosamente, em diversos momentos durante o trajeto pelas ruas. Depois do selinho em público, as ações ficaram mais naturais e sem vergonha de encontrar os olhos de terceiros.
Amaury, que já havia buscado Diego na porta de casa antes do evento, também dividiu o Uber na volta. Os risos soltos provocados pela bebida e o rádio do carro eram o som da viagem.
AMAURY POV
A viagem para casa parece demorar um século, mas não pelo tédio e sim pelo álcool na minha mente e faz tudo virar um grande cenário de sonho. Tudo hoje fluiu como um sonho — e confesso que estou com medo de acordar dele. O Uber pára muito rápido no semáforo, quase jogando eu e o Diego para frente e quando olhei para o lado, vi um stand de papelão da Tatá Werneck. Não pude evitar em pegar o celular e gravar um story para brincar com ela.
— Tatá, olha você ali na black friday, Tatá! Te amo! - quando voltei um pouco para trás com o corpo no carro, Diego me interrompe.
— Trabalhando em pleno domingo, Tatá! - filmei o rosto dele, visivelmente cansado e com os olhos um pouco vermelhos por causa do álcool. Me perdi naquele olhar por um breve segundo, talvez a bebida tenha me afetado mais do que eu imaginava.
— É... - respondi com a voz mais suave do que o normal. Sério, que patético!
— Olha... - disse ele virando o rosto para o stand na porta da loja, me fazendo lembrar de filmar o motivo principal do story. Foco, Amaury, foco!
— Olha, sinceramente... - foquei o celular fora da janela, tentando não olhar para o meu lado no carro. Porém, ele falou mais alguma coisa que já não prestei mais atenção.
— Tatá, a gente te ama e você tá milionária! Olha a Black Friday, domingo, tem uma loja aberta só pra Tatá Werneck! - fui me aproximar mais da janela e quase me debrucei no colo do Diego, que já estava perigosamente próximo do meu rosto. Todos os alarmes do meu cérebro estavam apitando e eu decidi ignorar todos.
O carro começou a andar e o ruivo ao meu lado continuou falando.
— Só pra vender co- colchões da Tatá! - mais uma vez ele me encarou pela lente do celular e percebi que a maquiagem dele estava borrada e ele já não tinha mais o gloss nos lábios. O maldito delineado, que sempre me hipnotiza naquele olhar, estava intacto. Minha Nossa Senhora de Fátima não me preparou pra isso. Mesmo cansado e um pouco bêbado, ele era a coisa mais linda que eu já tinha visto na vida.
— Colchão da Tatá! - respondi 100% no automático, repetindo igual um papagaio. — Uma loja de colchões só pra... é... - o curto-circuito mental era real. — Beijo, manda um beijo pra Tatá... - falei enquanto ainda o filmava acenando e mandando beijo. O riso solto dele ascendeu no rosto e só consegui mandar um "te amo" pra nossa amiga e postar o vídeo.
Fiquei inquieto pelo resto do caminho, rindo e não querendo ir embora pra casa. Por mim, essa corrida duraria horas.
O Uber parou na porta do meu condomínio e meu peito afundou um pouco na hora de dizer tchau para o Diego. — Obrigado por hoje, viu?! Foi lindo demais viver isso com você. Não esquece de me avisar quando chegar! - me aproximei para abraçá-lo no espaço apertado do banco de trás, quando senti as mãos pequenas dele segurarem minha barba e depois os lábios dele encostando no canto dos meus muito rapidamente. Fiquei travado. Não acredito que senti esse sacana sorrir enquanto fazia isso!

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Te(n)são
FanfictionAmaury Lorenzo e Diego Martins são os Reis da Parada LGBTQIAP+ de Madureira. Após passarem o dia inteiro dançando, discursando, atendendo fãs e flertando, eles merecem relaxar a tensão. Ou seria ceder ao tesão? ESSA É UMA OBRA DE FICÇÃO E NÃO CONDIZ...