Olivia
Acordei incomodada com a luz do sol batendo no meu rosto, demorou alguns segundos até eu conseguir manter os meus olhos abertos. Olhei ao redor reconhecendo que estou dentro de um quarto de hospital, consigo sentir o cateter nasal encaixado no meu nariz me fornecendo oxigênio e ouvir o monitor de sinais vitais transmitindo as batidas rítmicas e calmas do meu coração.
Não faço ideia de como vim parar aqui ou porque estou aqui, ainda estou grogue do que quer que eles tenham me dado. Um gemido escapou da minha boca quando tentei me sentar, levei a minha mão até o local onde senti a dor ao me mover e percebi que por baixo da camisola do hospital que estou usando tem um curativo no lado direito do meu abdômen.
— Liv. — Uma voz desconhecida veio de algum lugar no quarto. Olhei ao redor a tempo de ver uma garota, de olhos e cabelos castanhos, saindo do sofá que tem no canto do cômodo e parando em pé ao lado da cama onde eu estou. — Ei bela adormecida, bem vinda de volta.
Me lançou um sorriso e segurou a minha mão esquerda, eu continuei em silêncio tentando descobrir quem ela é. A garota está vestida com roupas casuais e não jaleco ou uniforme, e também o jeito que falou comigo e segurou a minha mão indica que ela não deve trabalhar aqui.
— Quem é você? — Minha voz saiu mais rouca do que o normal, minha fala apresentando disartria como se eu estivesse bêbada. Ela riu.
— Muito engraçado, Olivia, mas você não bateu a cabeça, foi o seu apêndice que inflamou então eu não vou cair nessa.
— Meu apêndice... o que? — Seus olhos me analisaram por alguns segundos.
— Você não tá me zoando. Caramba, que drogas tinha nessa anestesia? Acho que eu também quero. — Sua risada voltou a preencher o quarto até que ela percebeu o olhar ainda sério e confuso no meu rosto. — Foi mal amiga. — Apertou a minha mão em sinal de conforto. — Meu nome é Iris, eu sou sua melhor amiga e colega de faculdade.
— O que exatamente aconteceu? — Engoli em seco após falar, minha voz ainda rouca e minha fala arrastada.
— Você começou a reclamar de náusea e dor no estômago durante a aula... — Iris iniciou a explicação, sua atenção agora na mesa de cabeceira ao lado da minha cama pegando a jarra que tem ali e colocando água em um copo. — Aqui. — Aceitei o copo tomando o líquido devagar com a sua ajuda. — Você estava passando mal a manhã inteira, mas se recusou a vir para o hospital até que na hora do almoço eu percebi que você estava com febre e praticamente te arrastei.
— Ok, nós estávamos na faculdade, eu passei mal e você me trouxe para o hospital. — Repassei tudo na minha cabeça tentando reativar as minhas memórias, mas nada aconteceu. Meu cérebro ainda está dopado em uma nuvem de anestésicos. — E?
— O médico disse que era apendicite e eles imediatamente te levarão para sala de cirurgia. Eu liguei para os seus pais e já os avisei sobre tudo, inclusive sobre ter ocorrido tudo bem na cirurgia e você já estar no quarto, falei com a sua mãe pela última vez não tem nem dez minutos. — Assenti e tomei mais um pouco da água, já lhe entregando o copo em seguida. — Você deveria voltar a dormir amiga, claramente ainda está sob o efeito de bastante anestésico, chegasse no quarto faz menos de quinze minutos então deve ser normal.
— Ok.
Relaxei novamente contra o colchão fechando os meus olhos. Eu me sinto como se tivesse tomado uma garrafa de tequila depois de ter passado o dia inteiro de estômago vazio, me sinto leve, como se estivesse flutuando, meu cérebro completamente dopado da anestesia.
Sabrina
Acho que o meu coração ainda não desacelerou desde que recebi a ligação da Iris falando sobre a Olivia ter entrado em cirurgia, mesmo sabendo que é só uma apendicectomia, algo que para maioria dos médicos é rotineiro, ainda fiquei preocupada. Só não saí mais cedo da faculdade para vir para o hospital assim que recebi a notícia porque tinha uma prova muito importante, apesar de que ter ficado não adiantou de muita coisa porque não consegui me concentrar direito no teste, respondendo as perguntas o mais rápido possível. Fui a sétima pessoa a sair da sala, tendo usado somente a metade do tempo estabelecido para fazermos a prova.
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It's like you're made of angel dust
RomanceO momento em que você se apaixona parece carregar séculos, gerações atrás de si, tudo isso se reorganizando para que essa interseção precisa e incomum possa acontecer. Em seu coração, em seus ossos, por mais bobo que saiba que é, você sente que tudo...