Capítulo 26

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Emily Evil

-Eu não sei…eu não sei Perez! - Eu estava nervosa no telefone enquanto esperava notícias sobre Kurt na sala de espera no hospital. Lágrimas desciam do meu rosto descontroladamente, antes que eu raciocinava a primeira lágrima, já havia descido uma centena. Todos me ligavam,eu não sabia o que fazer,minhas mãos tremiam como se eu estivesse passando frio. Mordi tanto os meus lábios que agora eles estavam totalmente machucados e sangrando

No momento que Perez iria falar,um barulho de puxão soou da outra linha e um xingamento gritado pela voz feminina de Maddy e outro retruco com a voz embargada e grossa - Emily,que porra é essa!? - A voz bêbada e agressiva de Axl tomou conta da outra linha,dava para sentir o cheiro de uísque e vodca apenas por escutar a voz.

Mais lágrimas desceram,me deixando mais desesperada e nervosa. Eu não sabia responder,minha mandíbula tremia,eu lutava para conseguir segurar o telefone fixo no meu ouvido,minha mão tremia tanto que ela parecia querer sair do meu pulso. - Fala porra! Você estava com esse drogado de merda, não é!? Sua puta! - Ele rosnou como um leão na outra linha,meu coração estava em pedaços,agora eles foram triturados pelas palavras de Axl.

-Não Rose,eu não estava com ele! - Me forcei a responder com a voz firme, mas o gaguejo me traiu, fazendo a minha voz tremer e falhar.

-Pare de mentir,sua vadiazinha! Você estava com esse filha puta! - Retrucou com embriaguez e rispidez.

-Porra,Axl, já disse que não estava! Eu estava andando naquela calçada e encontrei ele em um beco! - Retruquei,mas agora com a voz mais firme,mesmo com rios de lágrimas descendo em meus olhos.

-Deveria ter deixado ele morrer! Não era isso que ele quer!? Hein,porra! - Falou com desprezo e veneno,a agressividade era uma névoa nessa história que eu não sabia se teria um final feliz.

Não aguentei aquelas duras palavras como pedras sujas jogadas em mim e desliguei o telefone. Olhei para os cantos do hospital sem saber o que fazer,minhas mãos foram até o meu rosto e desabei-me e afundei-me em mais no choro. Todos que estavam no hospital me olhavam curiosas espantadas,cochichavam fofocas,como; “Será que ela voltou com Kurt?” “Com certeza ela traiu Rose!” “Kurt merecia morrer,é isso que ele quer,por que ela o salvou,de novo?”

Eu queria gritar,gritar para os anjos,gritar para os demônios, gritar para os deuses,gritar para as almas suicidas,mas ninguém havia. Ninguém me ouvia ou via. Eu queria, amolar e esmurrar a faca cega, cega da paixão,e dar tiros a esmo e ferir o mesmo cego coração. A única frase que aparecia na minha cabeça era "eu fui embora e o meu amor chorou" Mas ele não apenas chorou, não, ele tentou morrer,ou ele vai morrer. Por minha causa,por minha rejeição e medo,por minha falta.

A culpa é toda minha,esse horror está acontecendo pelos meus feitos ignorantes e cegos. Cegos,cegos de angústia e tristeza,mas estava tão..claro.. parecia tão.. real. Era tão real a forma que eu acreditei que ele me traiu,era tão claro a forma que ele me xingou,era tão claro quando ele me abandonou..mas e eu? Eu dei-me a escolha  para eu escutá-lo? Não. Por que? Pela minha ignorância e ilusão. Courtney fez do jeito certo,cegou-me,ela sabia dos meus pontos fracos,a traição. Até isso ela simulou, traição. Ela não só cegou-me como cegou o Kurt também,com suas promessas alucinadas e venenosas, cheias de mentiras e ilusões.

[…]

Horas,mas pareciam dias,o doutor saiu da sala com uma expressão áspera e séria. Recompus-me,limpando as lágrimas e ajustando os cabelos e afundindo a tristeza para não me derrubar de novo e fiquei de pé na frente do doutor. - Você deve ser a Sra. Johnson,estou certo? - O médico de meia idade coçou a garganta sério e severo,com uma pasta na mão.

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