fim? não, apenas o começo.

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Klaus

Eu me lembro da sensação que tive, o arrepio instantâneo e o frio na barriga, mas tudo passou quando você soltou aquela risada — meio contida—, e aquele olhar. Eu permaneci em silêncio ouvindo você falar, rir e gesticular sobre aquelas histórias malucas que aconteceram com você. Eu prestava atenção em cada detalhe, lhe contava sobre meus hobbies e sobre meus amigos e familiares. Você permanecia com aquele olhar curioso, sobre cada fato, cada estrutura e cada momento.

(6 de novembro, 2018)

— Então você pinta? — Ele perguntou com tanta curiosidade, que quase foi impossível revirar os olhos. Eu estava falando a 15 minutos sobre aquarela, Stiles. você acha que eu faço o que?

— Desculpa, foi uma pergunta idiota. — Ele deu um sorriso de canto, vendo a imbecilidade da pergunta. — É que eu não estou acostumado a sair com alguém tão bonito, ou que pelo menos não seja um velho de 70 anos.

— Então você me acha bonito? — Exclamei botando minha mão sobre a mesa. Estávamos em um restaurante chique em algum lugar de Nova Orleans, aproveitando um bom vinho e um pudim murcho, que acabava com o gosto delicado do vinho.

— Acho! — Respondeu com sinceridade, bebericando o vinho. — Rico também, mas é só uma dedução minha.

— Por que essa dedução?

—  Você me leva para um restaurante caro, sentamos em uma mesa afastada e ao lado da janela, você está usando um terno caro e ainda um relógio caro, dado o quão brilhante ele é. Se você não é rico, eu sou pobre demais. — Ele se apoiou sobre um braço, usando o outro para segurar a taça de vinho.

Dou uma risada, botando minha mão sobre a sua. Até que esse encontro não estava indo tão ruim, geralmente eu teria inventado uma desculpa, ou compelido alguém para sair mais cedo, ou teria ficado só pelo sexo, mas esse homem em minha frente valia mais que isso. Rebeka se gabaria mais tarde, "eu disse." Essa seria sua fala, já que ela me obrigou a vir aqui. 

— Acertou, pequeno Sherlock Homes. — Ele corou com o apelido. Tomei mais um pouco de vinho. — Tem mais algo a deduzir sobre mim?

— Se eu fosse o Sherlock, isso faria de você o Dr Watson? — Ele riu, mais uma vez. — Além do mais como vai a sua filha?

Tusso com a pergunta. Em nenhum momento do encontro eu citei Hope, ou algo que remetesse a ela.
—Como sabe disso? — Franzi a sombrancelhas.

— Presumi que você tivesse por causa da pequena mancha de tinta colorida em baixo do seu pulso, que aliás não é aquarela e você disse que nunca pinta com outra cor a não ser aquarela. — Olhei desacreditado. — E no banco de trás do seu carro tinha um caderno infantil da Hello Kitty escrito: "diário de classe", então você tem filha, ou apenas está em uma escola primária.

Dou um longo suspiro:
— Realmente, temos um Sherlock Homes aqui! Sim, eu tenho uma filha... — Digo vendo seu olhar olhar de curiosidade. — Hope, minha filha de oito anos e três meses.

Hope e eu não temos a melhor relação, nunca sei o que dizer, ou como agir em sua presença. Ela é tímida, mas ao mesmo tempo é muito dócil, as vezes eu me sinto como um estranho.

, tudo bem? — ele perguntou. Sua feição era de compaixão, definidas por lindos olhos ambares. — Não vai me dizer que tem problemas com a filha?

— Exatamente!

Stiles não tocou mais no assunto, mas sempre demonstrava atenção total. Ele era interessante, um pouco falante e hiperativo, mas interessante.

( 12 de dezembro, 2022)

Autor

O enterro foi vazio, ninguém havia comparecido, nem seu pai. A única família viva que lhe restava nem sequer compareceu quando seu corpo foi enterrado. arcou com tudo, caixão, flores e até o local onde ele seria enterrado.
— Somos só eu e você agora amigão. — disse mais para si, do que para o velho cão, adentrando no velho jipe, inundado de fitas. 
Bunty parecia notar a falta de seu dono, pois mantinha o rabo abaixado e não latiu nenhuma vez desde que chegou no enterro.

O jipe tinha o cheiro amadeirado de seu perfume. Era óbvio que teria, era aqui aonde ele passava a maior parte do tempo. Uma raiva inundou seu peito, fazendo que sua mão atingisse o painel com força. A força vampiresca foi tanta que o porta luvas se abriu, e dele caiu dois envelopes, um amarelado e um branco.
A atenção de Klaus foi para a que estava manchada de tinta, mas ainda assim era possível notar a caligrafia horrível de Stiles, que estava escrito "k" em maiúsculo. Ele pegou com cuidado vendo que não tinha remetente ou endereço, apenas o nome de Stiles alí.

Com cuidado ele abriu, vendo um amontoado de pequenos papéis alí, com datas e nomes. Klaus notou que em meio ao amontoado, o seu se destacava. Ele retirou o seu papel, desfazendo as dobras para ler.

| Klaus. 03/12/2022|

Oi Klaus, é o Stiles.
Sei que você está lendo essa carta e deve estar pensando, "que porra é essa Stiles" e eu poderia te responder, eu não sei merda, eu morri. Mas, eu não posso, eu não sei o que é isso ou o que eu estou fazendo. Sabe aquele momento em que você se arrepende das decisões que tomou? Acho que isso tá acontecendo comigo, meio irônico, visto que eu vou morrer daqui a algumas semanas.

Klaus, eu me arrependo de não poder dizer o quanto eu te amo, ou poder abraçar você quando estiver em crise, mas eu não me arrependo da vida que eu tive, não dá que eu tive ao seu lado. Eu te amo, mais que tudo. Óbvio que vou sentir saudade de tudo, principalmente do sexo matinal... Brincadeira, vou sentir saudade de você e de seu humor (que é ridículo admita! Parece um velho tentando se encaixar no meio dos adolescentes, até acho fofo, mas você é exceção.)

Eu não vim aqui pedir para você se apaixonar por outra pessoa, nada disso. ( e se você fizer isso eu te mato, corto seu pinto e jogo fora)  Eu quero vingança.
Em toda a minha vida eu deixei que os outros mandassem em mim, eu não tive voz e fiz coisas que não queria fazer e fizeram coisas a mim que não deveriam acontecer, por isso eu quero vingança. Eu fiz uma lista de nomes e provas, todas na grande pasta amarela, também fiz cartas de despedidas que estão no branco.
Eu quero que eles sintam o que eu senti, o que eu vive e o que eu passei, tudo da pior forma possível. 

Essa é a última carta que eu escrevo, e rezo para que você ache.

Não se preocupe eu estou bem... Bem morto, mas vale a pena, vampirão.

Adeus, Klaus.

.........

Fim.

(Eu sei que esse cap foi ruim, mas prometo que vai melhorar. bjs)

Sweet RevengeOnde histórias criam vida. Descubra agora