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Capítulo não revisadoWesteros 129 D.c.
Enquanto caía, não havia som.
Não o rugido do vento, nem o grito de sua carne rasgada pelos dentes da fera ancestral se fechando sobre ele — e a carne se rompeu, e os ossos gritaram. Mas ele não ouviu. Era como se os deuses tivessem virado os rostos, entregando-o ao fim com a delicadeza cruel de quem embala um bebê no berço da morte.
Seu corpo sangrava, mutilado, metade homem, metade lembrança. Mas sua alma... sua alma pairava sobre o mundo inteiro silenciado, como se contivesse o fôlego para testemunhar sua descida — não como um garoto caindo, mas como uma folha dourada no outono de sua vida.
Metade de seu corpo estava destruída. E ainda assim, não sentia dor. Só o frio. Um frio estranho, piedoso. Anestésico.
Era como ser embalado pelo próprio fim. E ele agradecia.O tempo esticava-se como seda ao vento. E em meio à lentidão.
Ele não chorava.
Não gritava.
Só caía.E pensava.
Pensava na mãe, com seus olhos cansados de vigília.
Em Jacaerys, rindo com os cabelos ao vento.
Em Baela, talvez. Em Rhaena.
No pai, mesmo que de longe.
Nos olhos do pequeno Joffy quando corresse pelas escadas, perguntando por ele.
Pensava em sua família como quem segura memórias delicadas entre dedos trêmulos — e no que restaria deles quando soubessem. Pensava, sobretudo, na criança que fora. No menino que desejava apenas ser suficiente. Ser digno. Ser amado.E então pensou nele.
Aemond.O tio que lhe arrancara a vida — e que agora estendia a mão, tentando salvá-la.
Luke viu.
Viu Aemond gritar em desespero.
Viu o horror em seu único olho, arregalado, em choque. Viu quando sua mão se estendeu, desesperado, como quem quer puxar o tempo de volta com os dedos.
Viu os lábios gritarem um nome que nunca fora dito com carinho.
E viu a lágrima.
Uma.
Rara.
Verdadeira. Tardia.Não houve raiva.
Não houve rancor.
Oh... não.
Sentiu pena.
Sentiu amor.
Apenas uma ternura doída.
Oh, como ele quis tocá-lo...
E desejou, com toda a alma que lhe restava, poder tocá-lo.
Acariciar seu rosto como faria com um irmão que se perdeu da luz.
Dizer que o perdoava.
Dizer que entendia.
Que, no fim, eram só dois meninos perdidos em meio à guerra dos homens.Mas já era tarde.
Luke sentiu Arrax morrer dentro de si.
E chorou — não com os olhos, mas com o espírito.
A dor que o tomava não vinha da carne, mas do coração — E Luke sentia — cada osso, cada asa, cada dor.
O vínculo entre cavaleiro e dragão era mais antigo que palavras, mais profundo que sangue.
Quando Vhagar os partiu, ela não separou apenas carne — rasgou uma alma em dois.O grito final de Arrax não saiu da garganta — saiu do coração de Luke, em silêncio, em ondas.
Morreram juntos. Como haviam vivido. Como haviam nascido, talvez, no mesmo instante, separados por espécie, unidos por destino.E então, o mar.
O impacto foi brutal, mas belo.
As águas se abriram como braços antigos, cansados de esperar, e enfim o abraçaram.
Naquele instante, Luke compreendeu o nome da Baía dos Naufrágios.
Não era apenas por navios. Era por vidas. Por histórias interrompidas. Por garotos como ele.O mar o chamou como se fosse mãe.
O recebeu como lar.
E quando seu corpo o tocou, não foi destruição — foi retorno.Na morte, foi Velaryon.
Não por sangue.
Mas pelo sal que o tomou, pela espuma que o beijou, pelo oceano que o abraçou.

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The One Chosen By The Divines
FanfictionLucerys Morreu Morreu em uma Tempestade pelo seu sangue Baratheon, nos céus com uma Águia Arryn, em um Dragão como Targaryen, e ainda portando a aparência Strong ele foi recebido no Mar como um Velaryon E era tão Caloroso está naqueles braços que el...