Pesadelo

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Copyrights © 2023 por Marcela Haddad

Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem o consentimento prévio do autor.

Ilustrações: Pexels, por Emanuel


Sumário

Pesadelo

A beira do fim

Morto



Sobre a autora


Marcela Haddad nasceu em Goiás onde se encontra até hoje desenvolvendo ainda mais amor pelas histórias. Estudou escrita criativa e sonha em cativar as pessoas com seus livros assim como eles a cativam.

Siga-me no Instagram: @marcela.h.autora.




À todas as coisas que nos atormentamos: Espero que um dia sejamos corajosos o suficiente para enfrentá-las.



Pesadelo

     Ele agarrou minhas mãos e as colocou atrás das costas me prensando no armário de forma que não conseguisse mexe-lás.
     Seus braços me deixavam estagnada sem a menor possibilidade de soltar os meus. Os pés estavam presos, porém ainda mantinham uma distância entre os tornozelos, de modo que ficavam na linha do quadril.
     Gritei esperando que alguém me escutasse mas a única coisa que recebo é um tapa, sentia meu rosto ardendo pelo golpe de sua palma em mim. Sua movimentação passou a ser mais frenética, pelo medo de terem nos escutado.
     — Se você gritar assim de novo vou espancar seu corpo puritano, sua putinha. — Cerro a maxilar com sua ameaça e pela vontade de lhe responder que uma puta não tem um corpo puro.
     Então após o silêncio escutei o som, o que mais temia que acontecesse. Primeiro nele, depois em mim, mal conseguiria me debater, preciso manter a calma. Respiro fundo. Ele está me agarrando tentando me fazer ficar quieta, com sua mão imunda na minha cara, com sua calça aberta. Solto um dos pés de sua fita barata e bato o joelho em sua virilha.
     Rapidamente ele vai de encontro ao chão, se debatendo incansavelmente. Chuto-o até ficar desacordado, tenho vontade de continuar, como vingança, por mim e pelas antes de mim. Meu pensamento é interrompido por outro que me lembra que tenho que ir logo. Pego o chaveiro do seu bolso e destranco a porta do quarto. Atravesso a sala correndo até a frente, sentindo de imediato o ar puro invadindo minhas narinas.
     Agarro Thomas com tanta força que quase tombamos no chão.
     — Astra o que aconteceu? — ele pergunta aflito pelo meu excesso de emoção ao vê-lo.
     — Ele… — É a única coisa que digo antes que comece a soluçar e tremer contra seus braços.
     Os olhos dele procuram desesperadamente os meus em busca de respostas. Tenho certeza que as encontra quando seu olhar desce até a mordida no pescoço.
     — Filho da puta!
     Corro a passos largos de volta pra casa atrás dele o implorando pra parar. Sua mão atingi a porta com tanta força que a madeira parecia se contrair para trás. Ele o vê com os olhos meramente abertos e parte pra cima dele. Seu punho o atingi na mandíbula e o corpo semi acordado se contorce embaixo dele. Ele não para, o sangue jorra de todos os lados. Berro e ele volta pra mim, me tirando daquele lugar horrendo.
     — Está tudo bem, estou aqui.
     Voltamos a sua casa e passamos direto até o banheiro, percebendo que meu corpo está respingado de sangue também.
     Ele liga a banheira e entramos assim que ela enche, me encolho contra seu corpo enquanto ele sussurra palavras desconexas no meu cabelo.
     Respiro e inspiro muitas vezes até finalmente apagar.

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