Destinados ao que parece ser um eterno desencontro, Samantha Wilson e Matthew Grant são duas almas que vagam pelo mundo na ininterrupta busca de sempre voltarem um para o outro - mesmo que eles não tenham consciência disso. Ainda.
Condenados a conv...
Dias escuros Eu não reconheço mais você Black Out Days - Phantogram
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SAMANTHA WILSON
MANHATTAN, NY NEW YORK CITY DEPARTMENT 11:40PM 26.12.2022
Não consigo respirar.
As luzes da delegacia cegam os meus olhos e o soluço que irrompe de mim me impede de conseguir falar qualquer coisa que possa me defender.
É mentira, tento dizer, mas minha voz não sai.
É tudo mentira. Por que você não acredita em mim? Você deveria acreditar em mim.
A delegada balança a cabeça em negação e a minha mãe me olha com desgosto. Soluço mais uma vez, chorando copiosamente como se tudo ao meu redor estivesse desabando. E realmente estava.
Isso não podia estar acontecendo.
Mas, estava. Realmente estava.
O momento pelo qual eu mais temi durante todos os últimos anos estava diante dos meus olhos e não havia nada que eu pudesse fazer pra reverter toda essa merda.
A delegada grita e eu apenas me encolho mais na cadeira.
Só podia ser um pesadelo.
Definitivamente era um pesadelo.
Por favor, tento implorar. Isso está errado.
— Acabou! — a delegada exclama — Essa discussão acabou. — a mulher me encara, por fim — Você tem algum lugar para ficar enquanto analisamos o seu caso? Alguém que possa te abrigar daqui pra frente?
Não. Eu não tinha.
Não tinha mais a minha casa e muito menos alguém que me considerava ser família agora.
Eu não tinha mais ninguém.
Afinal, Lincoln não podia mais me proteger das minha próprias merdas e eu fiz um bom trabalho em afastar todas as pessoas com quem já pude contar um dia.
Ainda assim, assinto hesitante. Estava desesperada e precisava começar a consertar o meu próprio caos.
Não sabia se meu irmão me aceitaria em sua vida, muito menos em sua casa. Fazia dias que não tínhamos contato um com o outro.
Mas... mas, se eu explicasse... Flynn entenderia, certo? Éramos próximos... antes de toda aquela merda acontecer.
Ele precisava entender.
— Meu irmão... — minha voz quase não sai — Ele... ele mora em Los Angeles. Eu acho que se eu pedir a ele... ele pode...
— Conseguiremos uma passagem. — o detetive Watson diz — Consegue organizar tudo em duas semanas?
— Eu consigo, senhor... — respondo por fim, ainda com a cabeça baixa.
Ouço minha mãe dizer algo ao meu lado, mas eu não tenho coragem de olhar em seu rosto. Não tenho coragem de me virar para enxergar todo o desgosto em sua expressão.
— Sendo assim, estão liberadas. Manteremos contato até que consigamos analisar todo o caso.
E é isso.
Eu me mantenho parada na cadeira, sem me mover, enquanto todos deixam a sala e sinto aquele sentimento ruim tomar conta de mim.
Sufoco o soluço na minha garganta e recuso qualquer lágrima que suplica para cair naquele momento.
Não derramaria mais nenhuma lágrima.
Eu não tinha tempo para isso.
Não tinha tempo para me dar ao luxo de sentir qualquer coisa naquele momento.
Se eu fosse bem sincera comigo mesma, admitiria que nunca tive tempo para isso de qualquer forma. Sempre joguei todo e qualquer sentimento em um poço que parecia só me afundar aquela altura.
Suspiro frustrada, cheia de desesperança e encaro as luzes forte daquela sala.
Sequer sabia onde passaria a noite.
— Podemos arranjar um lugar para você ficar durante essa semana, Samantha. — a delegada sussurra depois de um tempo como se pudesse ler os meus pensamentos — Está dentro dos seus direitos. Também posso entrar em contato com seu irmão e explicar a situação.
— Vai... vai contar a ele... tudo o que aconteceu? — minha voz sai hesitante.
Vai contar a Flynn?
O caos em que eu me meti?
— Posso dizer a ele que você precisa de um lugar para ficar. Não vou dizer nada que não queira que eu diga.
— Está bem... — digo ao encara-la.
Em outras circunstâncias, eu não aceitaria.
Não aceitaria ajuda.
Mas, eu também não tinha outra opção.
Estava tão... perdida que não saberia dizer quando essa situação teria um fim. Não sabia o que pensar, o que fazer e muito menos o que sentir.
Já não me restava outra alternativa e eu sabia exatamente o que isso queria dizer.
Sabia que dali em diante... todos os meus dias já estavam contados.
Continua... _____________ Nota da autora
Oi, amigos leitores.
Eu nem ia fazer prólogo, mas resolvi fazer um bem curtinho.
Espero que tenham gostado!
É apenas com uma sementinha da grande merda que está por vir e ser revelada.
