𝗖𝗼𝗺𝗼 𝗦𝗼𝗯𝗿𝗲𝘃𝗶𝘃𝗲𝗿 𝓐 𝓤𝓶 𝕽𝖔𝖒𝖆𝖓𝖈𝖊 𝕯𝖆𝖗𝖐

Limites Saudáveis

Em primeiro lugar, verifiquei todos os papéis da propriedade.

Caramba, quanta roubalheira!

Agora entendi o imperador estar tão desesperado para casar Cedrick, mesmo eu reprovando uma criança de 10 anos casar com uma adulta de 20.

O Grão-Ducado quase chegou a falência.

Os parentes de Cedrick eram uns chacais na herança da família, deram uma boa dilapidada. Mesmo recuperando uma boa parte depois que eles foram presos, não deu para recuperar tudo.

Sinceramente, é impressionante como algumas pessoas deveriam ser castradas antes de formar uma família, como alguém pode correr para despojar uma criança de seus bens? Isso me deixa indignada.

É, o jeito é arregaçar as mangas e ir para o trabalho para recuperar essas terras aos poucos.

–Onde está o Grão-Duque?

–Na sala de recepcionar convidados.

–Agradeço.

Vejo Cedrick e meu coração não para de doer por esse menino, que já é órfão, maltratado e roubado com meros 10 anos e agora é meu marido. E só de pensar no que aconteceu com ele na história original, fico horrorizada. Não é por nada que o título é "O Trágico Cedrick".

Sério, até relacionar a palavra "marido" com a imagem dele é estranho.

–Olá, Grão-Duque. Bom dia.

Ele franze a testa.

–Você vai ficar me chamando de Grão-Duque?

–Ah, é que eu não sei se você quer que eu te chame pelo nome. O que você prefere?

Ele pensa por um segundo.

–Cedrick está bem.

Eu sorrio gentilmente e concordo.

Aos poucos vou mostrar para ele que suas vontades e sentimentos devem ser respeitados.

–Ótimo. Então, Cedrick, quero te ensinar a analisar os papéis da sua propriedade. Assim quando você conpletar a maioridade já vai estar treinado como o líder do Grão-Ducado de Heathcliff.

Eu o levo até o escritório e o ensino um pouco sobre matemática e administração.

Ele fica desanimado quando consegue raciocinar o resultado.

–Minha família me roubou muito!

Desse jeito vou virar uma maria-mole de tanto que meu coração se entristece pela situação desse menino.

Eu seguro seu rosto.

–Olhe, eu sei que a situação está difícil, mas eu estou aqui para te ajudar, okay? Você não está sozinho.

Ele me olha, com olhos cheios de tristeza e esperança.

–Você jura?

–Juro sim! -eu digo -Estou do seu lado para te ajudar no que precisar. Eu fiz uma promessa, não fiz?

–Promessa?

–Quando nos uniram em matrimônio. Eu jurei te auxiliar, respeitar e honrar. Então aqui estou eu.

Bagunço carinhosamente o cabelo dele, notando que ele não é contra esse tipo de toque por parte de mim. Isso é um bom sinal.

–Cedrick, existe uma coisa chamada limites saudáveis, e você tem todo o direito de estabelecê-los. Se você não gosta, fale. Nunca deixe ninguém te forçar a algo que não quer. Seja no modo de agir, no modo de pensar, ou o que for. Se você não gosta de algo que estou fazendo, seja claro e fale. Nunca deixe de fazer isso, tudo bem?

Espero que essas palavras fiquem firmes na mente dele.

–Se você não gosta do que estou fazendo ou do jeito que estou administrando as coisas, explique o porquê. Nunca tenha medo de dizer não.

Ele faz um sinal positivo com a cabeça.

Oh dó, ele é tão fofinho.

Mas quando ele crescer, o que eu vou fazer da minha vida?

Quando ele completar a maioridade, eu vou abrir o caminho para ele e a princesa imperial Katherine, isto é óbvio, mas se eu sair daqui para onde eu vou?

A casa Earnshaw, do visconde? De jeito nenhum!

Eu pensei um pouco e lembrei que esse mundo tem uma religião semelhante ao catolicismo apostólico romano, então... Tem freiras?

Oh sim, essa opção é bem segura! E é até uma maneira de compensar o passado da Lisavetta!

Repassando o plano...

Crio Cedrick até a maioridade, depois anulo nosso casamento alegando que não houve consumação, então vou para o convento e assim não preciso voltar para a casa daquele visconde desgraçado. É um bom plano. Cedrick fica livre para viver seu amor saudável e saio da sua vida sem deixar marcas. Deve funcionar. Sim, é o melhor. Com certeza pode funcionar.

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