Fast

10. Grid

Já era noite quando Max passou por Nat no corredor do hotel, os dois não se olharam em nenhum momento mas os seus respectivos cheiros fizeram suas narinas se dilatarem. Nat se sentiu levemente desnorteado por um momento entrando na névoa terrosa do odor do Alfa, mas não deixou a máscara de indiferença cair e se recuperou rapidamente. Já Max era apenas prepotente demais para se dá ao disparate de ter qualquer reação.

Por um segundo, Max pensou em no mínimo cumprimentar Nat, mas se conteve, não era seu dever seguir a regra da boa vizinhança, se Nat estava chateado a culpa era do próprio que era todo cheio de não me toques, e aliás isso não ajudaria em nada sua inexistente boa relação com o Ômega, que com certeza iria ignorá-lo por pura infantilidade. A ideia era estúpida de qualquer maneira. Max nem olhou para ele quando estavam no paddock. Por que ele falaria com Nat agora?

Nat o fraco que era parou por um segundo depois que Max passou por ele. Sentiu-se levemente mal por um tempo ao ponto de cair. O Ômega quis se virar para falar com o Alfa, apesar de mal saber ao certo sobre o quê queria conversar. Ele já ansiava pela a atenção do Alfa, por míseros segundos que fosse. Algo dentro dele estava ardendo por isso, Nat já estava começando a desconfiar que tinha desenvolvido alguma espécie de dependência emocional pelo Alfa. Mas ele não se virou. Ele apenas balançou a cabeça rapidamente se sentindo muito tonto derepente, Nat abriu a porta do seu quarto e cambaleou para dentro, algo estava muito errado com ele, seus olhos não conseguia focar em nada e seus músculos se tornaram massa antes mesmo de chegar a cama. Ele caiu no meio do quarto desacordado.

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A dor de cabeça estava de volta. Assim que Max fechou a porta do seu quarto, ela voltou, e ainda mais forte. Ele gemeu de aborrecimento, deveria ter comprado alguns analgésicos antes de voltar para o hotel. Agora ele só podia torcer para que a dor idiota passasse já que no outro dia ele tinha uma corrida para vencer.

Ele se deitou na cama e fechou os olhos, tentando desesperadamente relaxar. Sem surpresa alguma seus irritantes pensamentos foram para Nat. Seu peito deu uma pontada dolorida, Max levou a mão sobre ele e gemeu insatisfeito, ele odiava seu corpo defeituoso. A situação com Nat já era tão difícil e a sua constituição física ainda tinha que fazer estardalhaço quando o rosto daquele piralho aparecia de dez em dez minutos em sua mente.

Quando Max conheceu o Ômega ele o odiou. No kart, na Fórmula 1, tudo que já praticaram... Ele nunca teve simpatia por ele, porque Nat tinha feito questão de ignorá-lo sempre que tinha a chance. E vergonhosamente Max já se sentia caído pelo garoto pequeno e fofo, mas ele fez o Alfa se sentir fraco e sem importância ele machucou Max no seu tornozelo de Aquiles. O ego. Max já era um campeão naquela época, mas Nat o tratava como se ele não fosse absolutamente nada. Max detestou toda a soberba daquele moleque que mal tinha saído das fraldas e nunca jamais deixou de pensar nele, nem mesmo quando entrou em um fracassado relacionamento com Yim.

Agora ele queria estar perto dele em todas as ocasiões possíveis. Ele já se sentia necessitado quando o Ômega estava a um metro longe dele. A dualidade infernal dos seus bagunçados sentimentos estava tornando a sua vida impossível.

Seus instintos lhe gritavam para cuidar de Nat, protegê-lo e estar ao seu lado, como um bom Alfa deveria fazer.

Não se tratava de sexo casual e sem importância. Não, isso era algo sério, Max sentiu assim que presenciou o corpo de Nat tremendo embaixo do seu, era algo muito mais maior e intenso do que ele já tinha sentido, e Max estava com medo disso.

Ele não se sentia pronto para um relacionamento permanente, muito menos para um companheiro para a vida toda.

Nat era tão jovem... e Max Precisava se concentrar em sua carreira. Pelo menos foi isso que seu pai lhe disse. Não havia tempo nem lugar para se apegar a alguém. E especialmente se esse alguém fosse Nat Uareksit.

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Max já estava sentado no carro, pronto para partir. Ele estava largando na pole position como sempre, já se preparava para o sinal, quando seu engenheiro o chamou de repente pelo rádio transmissor.

-Máx está me ouvindo?

A Voz do engenheiro saiu com o chiado característico.

-Sim.

-Uareksit não correrá hoje?

-O que?

-Acabamos de saber. Ele não está se sentindo bem. É tão ruim que James não quer arriscar nada. Yim vai começar atrás de você. Concentre-se na sua corrida, Max.

-OK!

Max estava confuso. Desde quando Nat estava mal? Ele estava totalmente bem quando o viu ontem. O que tinha acontecido nessas poucas horas? Porque ninguém tinha o avisado com antecedência? Max estava entrando em um labirinto de pensamentos viciosos. O rosto de Nat pintando de decepção não saía da sua cabeça.

A corrida começou e Max foi imediatamente ultrapassado por Yim. Não foi nenhuma surpresa Max estava com o poder de concentração de uma criancinha de três anos. Ele não estava na pista com seus pensamentos. Eles estavam com Nat, temendo por sua saúde, e fazendo várias especulações, e nenhuma era tranquilizadora. Ele queria saber o que havia de errado com o pequeno antes que batesse o seu carro em algo ou alguém, mas não havia tanto temor assim por sua própria segurança. Havia apenas Nat.

Seu coração queria cuidar dele.

Algo que sua cabeça não queria.

Max balançou a cabeça, tentando afastar Nat de seus pensamentos. Ele tinha essa corrida para vencer e já tinha caído para o P4.

Ele não podia se permitir terminar a corrida daquele jeito! Se ele estava na pista tinha que vencer. Sempre.

Ele não podia pensar em Nat agora. Ele poderia fazer isso mais tarde, se houvesse um mais tarde.