14.Safety Car

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Depois de longos dias no mesmo quarto olhando para as mesma paredes brancas e tendiantes Nat se viu a ponto de enlouquecer. Mas ele finalmente teve permissão para deixar o hospital. Mesmo que o Ômega estivesse a maior parte do tempo letárgico ainda sim aquele lugar parecia como uma prisão no inferno. Então quando Nat teve a chance ele não pensou duas vezes e foi imediatamente para o aconchego da sua família. Verdade seja dita ele ainda só não se sentia preparado para enfrentar o "seu Alfa", talvez ele nunca estivesse pronto para tal coisa. Mas por agora bastava ele estava muito fraco e deprimido para mais dramas. O Ômega não estava fugindo ele estava apenas se protegendo. Era isso que ele repetia em sua cabeça.

Ele pediu licença pelo resto da temporada e sua equipe entendeu perfeitamente o porquê. Todos estavam à par da dramática novela mexicana que tinha se tornado o relacionamento de Max e Nat (ou a falta dele). De qualquer forma, faltavam apenas duas corridas e não era como se a Alfha Romeo estivesse em uma luta sanguinária por um título ou algo parecido. E com Max como campeão invicto até o momento, Nat não ia fazer falta de qualquer forma, toda a equipe devia preferir assim o Ômega longe para que Max se concentrasse e ocasionalmente todo mundo também.

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Nat tinha acabado de fechar a porta da sua casa quando sentiu a vibração em seu bolso. Ele pegou o telefone e olhou para a tela descontente. Essa já deveria ser a centésima vez. Ele já havia perdido as contas então apenas fez o que já tinha feito com as anteriores.

Ele recusou.

O Alfa não tinha entendido ainda (depois de números indefinidos de ligações recusadas) que Nat não queria falar com ele depois das dezenas de ligações recusadas? O Ômega já estava considerando trocar de número, mas isso poderia ser mais irritante ainda. Era muita audácia de Max ligar para ele depois de tudo o que tinha acontecido. Ele pensava o quê? Que Nat iria voltar correndo como um cachorrinho em busca de carinho? Que Max fosse para o inferno com todas as desculpas e arrependimentos.

Nat não ficou incrivelmente bem esses dias em sua cidade natal como ele imaginou. Ele estava apenas... sobrevivendo dia após dia, o colo aconchegante da sua mãe o ajudou mas não o curou totalmente. O Ômega já estava começando a aceitar que estava doente e ia permanecer assim, mas tudo e qualquer coisa seria aceitável para não estar ao lado do cruel Max.

Alguns segundos depois, seu telefone tocou novamente. Nat revirou os olhos irritado. Desta vez Max mandou uma mensagem.

Sinto muito, Nat. Podemos conversar, por favor? Eu quero compensar isso.

Nat balançou a cabeça e desligou o telefone de vez. Ele não precisava da pena de Max agora ou qualquer coisa que ele estivesse a oferecer. Ele estava farto do Alfa. Max teve muitas chances, Nat estava esperando por ele, aguardando o dia em que o Alfa o olhasse com outra olhar que não fosse ódio ou aborrecimento como se Nat fosse um insetinho nojento que o incomadava, mas foi uma espera em vão. Talvez ele devesse arranjar outra pessoa.

-Não! Não preciso de ninguém! Posso facilmente viver sozinho!

Nat se convenceu e foi para a cozinha. Ele estava com fome.

Era da sua natureza sempre ter alguém  ao seu lado, mesmo que esse alguém não significasse nada ainda sim era preferível a solidão, o Ômega era carente demais e ele não gostava de ser assim, mas era difícil resistir quando se é uma pilha de sentimentos controverso e autodestrutivos. Algumas vezes Nat simplesmente não tinha escolhas lutar contra sim mesmo é levantar a bandeira branca antes da batalha começar.

{•••}

-Ele realmente foi para casa?

Max tinha acabado de participar de uma corrida que ele vencerá e agora estava no paddock, esperando o momento de falar com os repórteres, ele já se sentia tão cansado só ao pensar nisso.

-Sim.

James confirmou e Max tirou a balaclava e enxugou o rosto sujo de suor.

-Isso é tudo culpa minha. Tudo culpa minha. Eu fui um idiota!

Max lamentou.

-Você está certo, não vou passar a mão em sua cabeça, mas ele não era especialmente melhor que você. A culpa é bilateral aqui.

James sorriu levemente quando Max fez uma careta para ele, e sentou-se ao lado do piloto.

-Sua cabeção ainda dói.

O Beta perguntou com preocupação.

-Está sempre doendo James.

James lançou um olhar triste para o Alfa que parecia perdido em pensamentos.

-Você precisa consertar isso, Max. Vocês dois precisam um do outro.

O Beta passou os braços sobre os ombros do Alfa. Max estava sofrendo o que já era uma grande coisa, ele nunca havia demonstrado tristeza ou que tivesse qualquer tipo de sentimento além de raiva. E o seu sofrimento não era centrado em sim mesmo, mas no Ômega a quilômetros de distância que ainda estava doente por sua causa.

-Eu sei...

-Vá ate Chiang Mai quando a temporada terminar e fale com ele. Mas se o estado dele piorar nos próximos dias, você precisará voltar imediatamente. Não é bom forçá-lo a nada no momento. Ele está sendo acompanhado pelo médico diariamente, mas o médico disse que não sabe por quanto tempo eles o manterão em pé. Vocês sabem o que aconteceu com vocês dois na última vez que estiveram nesse estado de negação. Não permita que isso tenha um fim trágico, mas também não se imponha e acelere qualquer vínculo.

James sugeriu e Max assentiu mas perdido do que antes, como ele ia conseguir um vínculo com Nat sem forçá-lo a aceitar, o Ômega nem atendia as suas ligações.

Ele sabia o que iria acontecer e para ser sincero já pensou em pedir licença nas duas últimas corridas para seguir Nat, mas tão rápido quanto isso surgiu em sua mente, acabou. Ele não podia decepcionar a sua equipe, e ainda tinha cláusulas contratuais a cumprir sob pena de expulsão. E além do mais ele não poderia decepcionar seu pai. Ainda não, quando tinha um campeonato para vencer!

Quando a temporada terminasse, ele iria até Nat e o imploraria se fosse necessário.

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