— Se você não estiver dormindo, o Papai Noel não vem, querida. — É o que a mãe da pequena Somin, de apenas seis aninhos, ouve ao ser colocada em sua cama.
Ela sabe, na verdade, porque é a mesma história que ouve desde o seu nascimento. Contudo, ela nunca deixou de receber presentes de natal ao se manter acordada e atenta e, ainda assim, nunca teve a chance de conhecer o Papai Noel – seu maior sonho.
Perto da meia-noite, ela seguia com os olhinhos cansados, porém bem abertos. Prestava atenção em cada movimento que pudesse existir, observava tudo ao redor como se pudesse encontrar a resposta para tantas dúvidas que fervilhavam em sua mente.
Um pequeno som, que lembra uma risada baixinha, é o que a desperta totalmente e a faz levantar na ponta dos pés. Ela calça suas pantufas amarelinhas e desce as escadas bem devagarzinho, temendo fazer qualquer som que espante quem quer que esteja dentro de sua casa.
Seus olhos se arregalam quando se depara com dois homens parados ao lado da grande árvore, e um deles segura a cartinha escrita por Somin com um largo sorriso na boca e olhos tão sorridentes quanto. Ele se parece com um anjo aos olhos da pequena criança, que sorri maravilhada mesmo que esteja assustada com a presença repentina em seu lar.
— Ela merece tudo o que pediu, Goo. — Ouve o mais baixo entre os dois homens dizer. — "Eu amo você, Sr. Noel". Viu só? Ela me ama!
— Você é o Papai Noel? — Somin arregala os olhos, tal como os homens parados ao lado de sua árvore de natal. — Mas... e a barba? E o gorro? Você não é gordinho, nem parece idoso. Você não é o Papai Noel.
Os dois homens se entreolham, e o Papai Noel sorri largamente com a fala dela. Óbvio que ela o imaginaria de tal forma, afinal os humanos criam histórias para que as crianças tenham com o que sonhar, tenham no que acreditar e aprendam sobre fé e prosperidade por meio disso.
— Sente-se aqui, querida. — É o que o mais alto diz a ela, materializando uma pequena cadeira para que ela possa se sentar.
A pequena aceita, mesmo desconfiada, e então se aconchega no pequeno estofado criado apenas para ela. Somin observa os dois com atenção e uma pitada de julgamento, um certo nervosismo a invade e ela entende que está na presença de dois estranhos que, aparentemente, possuem poderes mágicos.
— Você se chama Somin, certo? Eu sou o Jimin, mas você me conhece como "Papai Noel". — Jimin diz, sorrindo pequeno para ela. — E acho que você estava esperando por uma imagem que se tornou mundialmente conhecida, mas a história que você conhece foi feita justamente para os pequenos seres desse mundo. O verdadeiro herói dessa história, não sou eu, mas este moço aqui.
— E quem é ele?
O mais alto se aproxima e se ajoelha de frente para Somin, assim como Jimin.
— Me chamo Jungkook, mas as divindades dizem que sou o Espírito Natalino, um ser eterno feito de tudo que o natal representa para os humanos: nascimento, prosperidade, amor, união, dentre tantos outros sentimentos. — Explica, também sorrindo. — E a senhorita deveria estar na cama, pequena Somin.
— Mas eu queria ver o Papai Noel. — Ela choraminga.
— Nesse caso, acho que podemos contar a você a nossa história. O que você acha?
— Por favor, por favor!
Jimin e Jungkook direcionam sorrisos um para o outro, e ambos pensam a mesma coisa, mesmo que não coloquem para fora: se pudessem ter um filho um dia, gostariam que a criança fosse doce, gentil e educada como Somin era.
Os dois se sentam de vez no tapete de frente para a criança e cada um pega uma das mãos pequenas dela, sorrindo por sentir a pureza dentro de seu coração e o quão genuína ela é.
— Muito, muito, muito tempo atrás, eu morava em uma aldeia. — Jimin começa a contar. — Eu trabalhava como curandeiro, cuidava das pessoas e tratava qualquer machucado que pudessem ter ou qualquer doença que aparecesse, mesmo com poucos estudos ou recursos para a época.
— Você é muito velho? — Ela pergunta, encantada.
— Mais do que você pode imaginar, mas até que está inteirinho. — Jungkook brinca, apenas porque quer ouvir mais da risada que parece renovar sua energia.
— Eu não sabia quais doenças eram contagiosas, nem quais machucados poderiam ferir a mim também. Eu tinha em minha mente que precisava salvar a todos e assim eu fazia, todos os dias. — Jimin diz, sorrindo. — Mas houve um dia em que eu também fiquei doente, e junto a isso toda a aldeia pareceu adoecer, sem um curandeiro tão experiente quanto eu.
— Eles morreram? — ela pergunta triste, apertando mais a mão de Jimin.
— Quase, ficaram muito debilitados, mas um ser de luz chegou em mim, segurou a minha mão e salvou a minha vida. — Jimin olha para o lado, encarando Jungkook. — Eu não acreditava em magia, mas vi o quão real ela era quando ele salvou não apenas a mim, mas a todos que estavam doentes.
— Eles também são Papai Noel?
— Não, eles são como elfos do Papai Noel. — Ele sorri. — Eles me ajudam o ano inteiro a garantir um natal mágico para as crianças. — Jimin completa.
E volta a olhar para Jungkook, que também sorri para ele, completamente encantado.
— Você é casado com a Mamãe Noel? — Somin questiona, então.
E Jimin sorri ainda mais, especialmente quando se dá conta do pensamento absurdo que passa por sua mente de que, de algum modo, a tal Mamãe Noel é o homem ao seu lado, que sorri em sua direção feito um bobo apaixonado.
— Não, eu sou casado com alguém muito especial, que está me encarando feito um bobão agora. — Jimin ri, e a garota repete seu gesto. — Depois de tantos séculos, Jungkookie? Você ainda me olha assim.
— Você fica adorável com as bochechas vermelhas, o que eu posso fazer? — Ele se defende. — Você acredita nisso, So? O Papai Noel tem alguns séculos de idade e ainda fica vermelho quando eu olho para ele.
— Vocês se amam igual meu papai e a minha mamãe. — Somin diz, e um bocejo quase interrompe sua fala. — Eu amo você ainda mais agora, Papai Noel.
Jimin sorri sem saber o que dizer, e em seguida se oferece para fazer a pequena Somin dormir, porque já é tarde. Ele sobe as escadas com ela e a ajuda a subir na cama grande, logo a cobrindo as cobertas grossas. Jungkook para do outro lado e também se senta na cama, logo fazendo um grande floco de neve se despedaçar e cair em pequenos floquinhos por cima da criança.
A risada dela é o melhor som do mundo para pessoas que amam crianças como os dois babões ao seu lado. Eles contam um pouco mais de sua história e fazem cafuné nela até que ela pegue no sono.
Ao ver a pequena adormecida, Jungkook estica sua mão para Jimin e entrelaça seus dedos aos dele, deixando um beijo casto em sua têmpora antes de sumir dali. Abaixo da neve, no lado de fora da casa, eles se encaram sorridentes.
— Você quer patinar comigo quando entregarmos todos os presentes? — Jungkook convida, acariciando de leve os fios de seu amado. — Você precisa de um descanso, meu amor.
— Por sorte eu tenho um marido incrível para cuidar de mim e renovar minhas energias. — Jimin sorri para ele. — Mas eu quero patinar com você e relembrar os velhos tempos. Como aquela vez, logo que nos conhecemos, que você caiu em cima de mim de propósito.
— Eu precisava de algo romântico para o nosso primeiro beijo, ora. — Jungkook murmura.
— Você é muito bobo, Sr. Espírito Natalino. — Jimin o dá um tapa fraco no ombro. — Mesmo assim, eu amo muito você, Goo.
— E eu amo muito você, Ji.
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Plot vindo da CherryMoviie, presentinho todo dela de natal (muito atrasado, infelizmente) <3 Espero ter suprido suas expectativas, mo :( espero ter feito você sorrir ao menos um pouquinho <3
Beijinhos e até logo <3
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Espírito Natalino | jjk + pjm
Fanfiction[One-Shot] As famílias costumavam acreditar e passavam aos seus filhos o ensinamento de que o Papai Noel é casado com a Mamãe Noel. A lenda passava de geração em geração, todos tinham essa crença. A pequena Somin, acordada até o auge da madrugada pa...