Mais um final de semana normal no bairro de Elite em Belo Horizonte, no clube onde os adolescentes passam para se divertir e tomar um pouco de champanhe. Meus olhos vão direto ao relógio, são 14:49 da tarde, meu dedos dos pés não se mexem pelo aperto da sapatilha pequena, eu me olho por uma última vez no grande espelho do camarim revelando meu corpo desenhado no maiô branco com detalhes de flores em tons de verde e rosa, Hilda, minha amiga está ao meu lado, a garota está com grandes bobes em seu cabelo, ela estende a mão em um sinal para que eu a ajudasse, vou até sua cadeira retirando todos os acessórios do cabelo de furacão, seu cabelo ficou ondulado e ela abre um grande sorriso para mim. Hilda Furacão é a mulher mais bonita que eu já vi, confesso que as vezes me pego a invejando, invejando seus olhos azuis, seu pequeno e delicado nariz, suas sobrancelhas grossas. A garota usa um maiô como o meu mas com flores esculpidas em lugar de seus seios com uma forte cor de dourado, ela se destacava em multidões, mas a onde ela iria, as multidões iriam com ela.
Todos do clube estavam no salão, ele era grande como uma casa de campo, entrávamos em um palco circular em fila, com as mãos para trás eu entro, minhas sapatilhas se aconchegam em meus pés, os deixando livres para finalmente se mexerem, atrás de mim Hilda, ela sussura algo para mim não podendo ser ouvido pelo jazz que é tocado ao lado, nós paramos e então viramos nossa postura, olhos azuis me seguem, era um homem extremamente bonito, seu paletó em tom marrom acizentando e seu sorriso radiante vem até meu olhar, o homem então joga um beijo para mim, eu pisco para ele e então volto a minha atenção para a plateia.
Nós voltamos para o camarim para nos vestirmos para a premiação. Hilda está enfrente ao espelho com seu vestido rodado, ela se deslumbra com a visão de si mesma.
Eu observo minha amiga de longe mas mudo minha visão quando vejo o homem da plateia na porta com uma rosa em sua mão, ele vem em minha direção e se curva beijando minha mão
─ Sabe que não pode estar aqui não é?
─ Sim mas eu não me aguentei, precisava te ver.
─ E qual seria seu nome?
─ Aramel.
─ Prazer Aramel, sou Maria Abraão.
─ Quem não conhece Maria Abraão, não? ─ Ele diz nervoso soltando uma risada nasal.
─ Bom agora é minha hora de ir.
─ Tudo bem, você vai me chamar para dançar, Aramel?
─ Estarei a sua espera. ─ Ele se ajoelha beijando minha mão novamente e sai, eu rio de felicidade, amo quando homens me cortejam, todos me trazem flores, chocolates, as vezes até terras, mas poucos podem me ter, muito poucos.
Assim como no primeiro desfile, saímos enfileiradas mas agora comigo na frente de todas, eu sorrio muito feliz mas o nome que sai da boca do juiz tira meu sorriso.
A garota do maiô dourado, Hilda Maia. Ela sorri e sua mão vai de encontro com sua boca em surpresa, ela realmente era linda, não sei como tinha chances, todos na plateia gritavam, incluindo eu, eu a aplaudia de pé. Ao final do concurso, nós vamos a pista de dança festejar e logo aquele belo homem vem em minha direção.
─ Você quer dançar? ─ E logo mais três homens aparecem perguntando o mesmo para mim.
─ Eu só dançarei com aquele que trouxer algo dourado para mim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐌𝐄𝐍𝐈𝐍𝐀 𝐕𝐄𝐍𝐄𝐍𝐎 | Frei Malthus
RomanceMaria de Abraão, filha de um pastor viúvo de grande influência na igreja católica, nascida em bairro nobre sempre teve tudo que quis. Aos dezoito anos a pobre menina rica recebe a herança de sua mãe, uma mulher de muitos luxos a deixa alguns bens v...