🦋Capítulo 10🦋

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Sofia narrando

  Um turbilhão de pensamentos me deixavam zonza, emoções que eu nem sabia o que significavam, mas que eram boas, inebriantes. Dove falava sem parar sobre tudo que sabia sobre mim, coisas que nem eu mesma lembrava, era fofo de certa forma.

Enquanto devorava meu sanduíche, ouvia uma palestra sobre mim, era estranho pensar que alguém tirou um tempo para saber mais sobre minha pessoa, que conseguiu entender as ligações das músicas dos meus álbuns, alguém que realmente notou o que eu queria dizer de verdade.

Ela falava de uma forma tão animada que me fez sentir uma certa culpa por não ter lembrado de imediato que eu já a conhecia, alguém tão adorável, mas que por trás do sorriso doce havia um certo mistério, talvez uma melancolia disfarçada, ou até mesmo uma tristeza reprimida.

(...)

— Então, a sua música nova, parece bem pessoal, você não quer esquecer alguém? — Seus olhos ganharam um tom verde mais escuro enquanto se moviam lentamente analisando cada centímetro do meu rosto.

— Nem tudo que escrevo é sobre mim... — Respirei fundo. — Mas de certa forma... acho que eu gostei de uma pessoa e a sensação de "e se?" me corrói um pouco. Sei que parece confuso, é só que eu não sei o que pensar. — Dei um sorriso desanimado.

— É o tal Nicholas? — Dove me encarou mas logo desviou, levantou da cama e foi até a penteadeira, vi ela levar a mão aos olhos rapidamente, ela estava chorando?

— Você está bem? — Fui até ela preocupada. — Seus olhos estão marejados.

— Não, eu só, acho que entendo a sua música, mas por motivos diferentes. — Sua voz saiu um pouco falha.

— Dove. — Levei meu polegar até sua bochecha e enxuguei uma lágrima que havia caído. — Eu não estou entendendo. — Suspirei.

— Acho que somos duas então. — Riu sem jeito. — Mas então, o garoto, não quer esquecer ele?

— Não, sim, não, espera. — Ri confusa. — Eu e o Nicholas não temos nada, somos melhores amigos de infância que o tempo e a distância afastaram. — Falei sentindo uma leve pontada no peito.

— Já está tarde, acho que é melhor eu te levar para casa. — Sorriu um pouco sem jeito.

— Está me expulsando? Que coisa feia. — Ri pegando minha mochila e indo até a porta do quarto. — Mas não se preocupe, eu chamo um táxi.

— Eu disse a sua mãe que te levaria, então não ouse recusar.

  A loira me puxou pela mão e fomos até a cozinha, me despedi da mãe dela e da Claire, que ainda parecia chateada.

  Miguel e ela me lavaram até minha casa, quando chegamos saí do carro sentindo uma certa angústia, como se faltasse fazer algo.

— A gente se vê amanhã, tchau. — Dove disse dentro do carro.

— Pode sair? — Sorri.

  Ela acenou com a cabeça e saiu do carro com uma mão no cotovelo, me olhou um pouco confusa e eu a puxei para um abraço.

Respirei fundo e senti o cheiro de morango vir do cabelo dela também, após alguns segundos me afastei um pouco sem jeito e sorri como forma de despedida.

Fui até a porta de casa e esperei o carro se afastar, em seguida entrei e minha família já estava jantando.

— Finalmente mocinha, como foi lá? — Meu pai perguntou animado.

— Foi bom, mas depois eu dou mais detalhes, vou tomar banho primeiro! — Falei e fui correndo para o quarto.

  Sentei na cama e fiquei alguns segundos pensando sobre o dia de hoje, sobre não ter lembrado de Dove, sobre não querer esquecer o Nicholas, uma leve dor de cabeça me fez ir para o banho e dormir enrolada na toalha mesmo.

(...)

"Luzes coloridas piscavam no ambiente, não havia muitas coisas ou pessoas, era como uma imensidão colorida, algo vazio, quase angustiante se eu não tivesse escutado uma voz.

Era ele, Nicholas, estava se aproximando com o mesmo sorriso doce de sempre, o cabelo sempre arrumado e o perfume que ele tanto amava usar.

Seus olhos estavam com um brilho especial, se aproximando aos poucos ele pegou minha mão esquerda e me fez dar uma voltinha.

— Você ainda gosta de mim? — Sua voz ecoou como uma canção conhecida, antiga e tão nostálgica.

— Eu sinto sua falta.

Foi tudo que consegui dizer antes de ver o rosto dele se aproximar do meu, seus lábios estavam cada vez mais próximos, fechei meus olhos e e os meus lábios se abriram.

Suas mãos foram parar em minha cintura e o beijo apesar de doce me trouxe confusão, como se não fosse certo estar ali.

Mas em fração de segundos tudo começou a girar, meus olhos ainda fechados pareciam marejar.

Foi como se tudo mudasse de lugar, e já não havia mãos em minha cintura e sim em minha nuca, eu já não estava mais de pé, estava sentada em algum lugar macio, sentindo meus lábios formigarem de tanto desejo, como se precisassem do beijo para respirar.

Me permiti sentir a emoção, quando finalmente abri meus olhos Nicholas não estava mais lá, e sim..."

— DOVE? — Acordei assustada e com uma sensação estranha percorrendo meu corpo. — O que foi isso. — Resmunguei e cobri o rosto com o travesseiro.

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Até o próximo 🦋💖🦋

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